Eu lembraria que, antes de ser um método ou uma filosofia de que partilhassem, o que congregava os teóricos referidos em um "grupo" era "um inimigo comum". Poder-se-ia dizer que se tratava de uma reação a um estímulo externo vindo de seus opositores.Podemos ter uma certa medida desta oposição com o ensaio de Colin Campbell, The Tyranny of the Yale Critics [A Tirania dos Críticos de Yale], de 9 de fevereiro de 1986, publicado no suplemento literário do New York Times. Nesse, por assim dizer, retumbante ensaio, Campbell apresenta uma mudança no cenário da Universidade de Yale com a chegada da Máfia da Hermenêutica e ainda colhe depoimentos de alguns dos representantes deste grupo: Harold Bloom, GeofIrey Hartman, Hillis-Miller e Jacques Derrida. Para Wolfteys (1998: 10), o ensaio colabora para criar a idéia de que existia, de fato, uma escola com limites bem definidos, mas, paradoxalmente, para um grupo bem diverso. É com esse paradoxo, que Wolfteys deixa entrever e do qual me aproveito, que Campbell acaba tendo de lidar no seu ensaio, o que revela um movimento duplo que desejo explorar no comentário que segue.Na cena de abertura do artigo, descreve o ambiente do departamento de inglês em Yale, cuja paisagem é tipicamente inglesa: uma grande construção com vários pavilhões e salas, cujo acesso se dava por passagens bem cuidadas e amplas. Tudo estava em ordem (são palavras de Campbell, que traduzo nesta cena doméstica) e [...] o departamento de inglês era, de muitas maneiras, invejado no mundo dos falantes de língua inglesa. Mas algo, como acontece na abertura do poema de Shelley, The Triumph of Life, vem quebrar a aparente ordem do dia e de luz. E eu cito Campbell:
Este trabalho objetiva precipuamente apresentar os principais “desvios” de escrita verificados em textos de alunos, categorizá-los de acordo com as peculiaridades do sistema ortográfico, tomando como referencial basilar os estudos de Cagliari (1989); Carraher (1990); Zorzi (1997, 1998) e da teoria dos processos fonológicos de Stampe (1973 apud Othero, 2005), assim como sugerir uma abordagem reflexiva para o ensino de ortografia, através de propostas de atividades nas quais o educando é estimulado a pensar, a raciocinar, para, dessa forma, se apropriar da norma ortográfica, cometendo, assim, menos “desvios” na escrita.
Com base nas reflexões de Jacques Derrida sobre a tradução (1998, 1999, 2001, 2006), analisamos duas traduções para o português brasileiro, assinadas por Cecília Meireles (1963) e Marcus Mota (2000), da obra dramática Yerma, de Federico García Lorca. Buscamos fazer uma análise comparativa dessas traduções, problematizando as possíveis semelhanças e/ou diferenças entre elas, com ênfase nas escolhas tradutórias no âmbito do nível de linguagem e seus impactos no tom dramático e poético do texto, tais como: supressão ou acréscimo textual e seus efeitos; nomes e designações dos personagens; e as escolhas tradutórias relativas à seleção vocabular de estruturas gramaticais e sintático-semânticas e seus efeitos. Com a análise comparativa, comprovamos que as escolhas tradutórias feitas por Meireles (1963) e por Mota (2000) evidenciam transformações nos textos traduzidos e constroem imagens diferentes da obra de Lorca.
RESUMO Propomos refletir sobre o processo tradutório do testemunho de Graciliano Ramos, Memórias do Cárcere (1954), ressaltando as marcas do contato com essa escrita “penosa” que a tradução de Antoine Seel e Jorge Coli, Mémoires de Prison (1988), põe em relevo O testemunho original relata a prisão arbitrária sofrida pelo autor durante a ditadura Vargas e a experiência traumática do cárcere. A narração dessas memórias sinaliza para o seu conturbado processo de escrita de situações limites, encenando a aporia que, segundo Jacques Derrida (2000b), comanda o processo tradutório: a necessidade dominante de traduzir e, ao mesmo tempo, as limitações da tarefa. Essa aporia atravessa as leituras do filósofo acerca do gesto testemunhal. Como afirma, ao apresentar-se como único sujeito a presenciar uma verdade, a testemunha recusa a traduzibilidade e a possibilidade de ser substituída (DERRIDA, 2000a), numa performance do que lemos nos últimos versos de Ashenglorie, por Paul Celan: ninguém testemunha pela testemunha. Contudo, Derrida (2000a) argumenta que o testemunho só tem valor quando é traduzível e, assim, comunicável. Considerando que a necessidade tradutória coexiste com a impossibilidade de sofrer e sobreviver no lugar da testemunha, enxergamos o primeiro obstáculo para os tradutores. Como repetir o testemunho de Graciliano, traduzindo suas feridas, diante da impossibilidade de testemunhar em seu lugar? Numa reflexão sobre tradução e testemunho, Marc Crépon (2006) sugere que, diante do desafio tradutório impossível, deve-se testemunhar o encontro com a escrita original e fazer da tradução o documento desse encontro. Ou seja, em vez de testemunhar pela testemunha, deve-se testemunhar, na tradução, as impressões do contato com o corpo textual ferido do original. Argumentamos que a escrita tradutória das Memórias se revela um processo de recriação em que seus tradutores foram tocados pelo peso da escrita do cárcere, forjando na tradução o testemunho das impressões diante do original.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.