Focaliza-se o romance moçambicano como terreno propício para a representação do insílio, isto é, o exílio interno no âmbito da língua portuguesa, e paralelamente, dos processos de identificação cultural, a partir da representação máxima da personagem Imani, tradutora do português na comunidade local. Com base na leitura da obra O monolinguismo do outro ou a prótese de origem, de Derrida procura-se analisar a língua do colonizador enquanto instância surgida no intervalo do jogo entre a presença e a ausência, problematizando-a como o fora, isto é, “a língua que não é minha”, mas advinda do outro. À medida que escapa da total apreensão, esta língua traz consigo a promessa de transbordamento. Nessa linha de raciocínio, reafirma-se, de igual modo, a impossibilidade de uma identidade plena, pronta e acabada, demonstrando-se a configuração de identidades em constante deslocamento.
Unimontes. Originalmente concebida após ter participado da "Oficina Surtos de Inverno", ministrada por Gilberto Noll, em 2007, na cidade de Diamantina, a obra foi retocada "por olhos dos mais variados tamanhos, cores e formas", resultando no encadeamento de 26 contos que colocam a vida humana em suspensão (CAMARGO, 2014, p. 07). Em seus textos, Camargo (2014) adota a estética literária contemporânea, caracterizada pela ruptura ao conto moderno, através da qual introduz a retórica pessimista de oposição aos modelos totalizadores empregados. Demarcados por seu caráter fragmentário, tais contos refazem uma crítica à modernidade ao desentalhar as formas e os conteúdos das narrativas mestras, inserindo-se no quadro teórico do conto pós-moderno. A representação da realidade amalgama-se de tal modo ao jogo de ilusões, que chega a desencadear no leitor chaves interpretativas próximas do inverossímil e improvável, prescindindo, algumas vezes, do pacto de leitura estabelecido. Apesar disso, os contos estão 1 Mestranda em Letras: Linguagens e Representações/UESC. Bolsista Capes. Pesquisadora do grupo de pesquisa "África/Brasil: literaturas em portuguêssaberes e sentidos de resistência cultural" coordenado pela Profa. Dra.
Resumo: Analisam-se as identidades difratadas que se refletem sobre a multiplicidade das fronteiras sociais e culturais em jogo nas obras O alegre canto da perdiz (2008), de Paulina Chiziane, e Ponciá Vicêncio (2003), de Conceição Evaristo. A pesquisa, de base eminentemente bibliográfica, segue a metodologia comparativa prospectiva de Abdala Júnior (2015). Dada a atualidade de um mundo atravessado por fronteiras múltiplas, esse comparativismo proporciona a abertura ao diálogo crítico, envolvendo questões políticas e práticas culturais de Moçambique e do Brasil, afirmando-se a convergência solidária na escritura das autoras em destaque. Palavras-chave: identidade, literatura afro-brasileira, literatura moçambicana, romance Abstract: The aim of this article is a analyse of diffracted identities which are reflected on the many social and cultural borders at stake in the works O alegre canto da perdiz (2015). Given the actuality of a world traversed by multiple borders, this comparativism provides the opening to the critical dialogue, involving matters of political and cultural practices of Mozambique and Brazil, asserting itself solidary convergence in scripture of the authors featured.
RESUMO:Analisa-se a condição da mulher negra moçambicana, no contexto da literatura pós-colonial, a partir da obra Niketche: uma história de poligamia (2004), enfocando-se as figuras de alteridade presentes na narrativa. O ponto fulcral da análise reside no estudo da poética do outro, afirmando-se a importância de se narrar a si mesmo ao suplantar o não-dizer do feminino negro. Graças à proeminência dos estudos pós-coloniais, esse Outro permanece em suspenso, ocupando um espaço intervalar, e passa a questionar a história única narrada sobre si. A personagem Rami, velha imagem outrizada, se desconstrói na medida em que uma nova imagem de mulher, parcialmente autorizada, é (re)construída. Trata-se de uma investigação de cunho bibliográfico, fundamentada nos estudos culturais e pós-coloniais. PALAVRAS-CHAVE:Mulher Negra. Alteridade. Pós-colonial. ABSTRACT:The condition of the black woman in the context of Mozambican postcolonial literature, from the work "Niketche: a story of polygamy" (2004), focusing on the figures of otherness present in the narrative. The focal point of the analysis lies in the study of the poetics of the other, the importance of narrating oneself to overcome the silencing of the black woman. Due to the prominence of postcolonial studies, this Other remains on hold, occupying an "inbetween" space, and starts to question the telling of a single story. Rami, the character that represents the old othered image, deconstructs herself to the extent that a new image of woman, partially empowered, is (re)built. It is an investigation of bibliographical nature, based on cultural and postcolonial studies.
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