A Internet exerce um crescente fascínio sobre as culturas humanas. A academia e a indústria do entretenimento a descobriram há mais de uma década, em uma época na qual os militares já a utilizavam para preparar guerras. Enquanto cientistas de todo o mundo se maravilhavam com os novos recursos de pesquisa e comunicação acadêmica introduzidos pela rede mundial de computadores, Atari, Sony e outras empresas japonesas utilizavam-se dela para entreter um público jovem que permaneceria em casa à frente da tela jogando seus RPGs (Role-playing Games) prediletos, só que agora seus inimigos eram outros seres humanos em localidades distantes. Ironicamente, o general Norman Schwarzkopf, líder das forças aliadas na guerra do Iraque, anunciava para o mundo: "This is not a Nintendo game".As grandes corporações do capitalismo internacional demoraram um pouco mais para atinar aos efeitos benéficos da Internet nas suas atividades de comércio. Enquanto elas estudavam maneiras de tornar suas transações financeiras seguras no novo ambiente eletrônico de comunicação, pequenos empreendores arriscaram e tornaram-se os pioneiros do e-commerce. Hoje, as ações de empresas como a Yahoo! e a 491Revista Dados DADOS -Revista de Ciências Sociais,
Medo não, perdi a vontade de ter coragem", dizia Riobaldo. Não é fácil admitir que há tanto ironia quanto verdade nesta frase do personagem de Guimarães Rosa. Estamos habituados a pensar no medo como uma daquelas paixões amarradas ao vício, ou pelo menos à fraqueza de caráter. Ser medroso, afinal, nunca foi uma virtude. Somos escravos dos nossos temores, e perdemos a liberdade quando agimos por medo, não é assim? Riobaldo, no entanto, quando reescreve o sentido do medo, recusa a servilidade desta paixão. Seu medo é perda da vontade de ter coragem. Seu espírito livre se coloca diante de duas escolhas igualmente aceitáveis -ter medo ou ter coragem -e ele escolhe, candidamente, ter medo. 1 Neste artigo, gostaria de sugerir que na frase aparentemente apenas retórica de Riobaldo, como que justificando ad hoc os seus temores, reside uma compreensão bem mais sofisticada desta paixão misteriosa e de suas conotações profundamente políticas. Ela sintetiza, como mostrarei, uma compreensão sofisticada e surpreendentemente republicana do político que também ocupou diversos pensadores políticos da modernidade, ainda que muitos de seus intérpretes póstumos insistam em demonizá-la. Na política, a coragem de ter medo que está implícita na frase irreverente de Riobaldo é elemento central para a constituição de um sentido verdadeiramente republicano do político. Em particular, ela ajuda a esclarecer importantes aspectos dos atos de legitimar uma autoridade política através do consentimento, de obedecê-la e até mesmo das formas de resistir a ela.
RESUMO: O constitucionalismo contemporâneo, a partir da última década, apresenta uma nova preocupação sobre a atividade institucional. As provocações relativas à existência de dificuldades na ordem institucional vêm conduzindo à alteração do paradigma das teorias constitucionais. Os problemas institucionais centrais enfrentados pelo constitucionalismo contemporâneo são (I) a proliferação de institutos do Direito dentro da atual transição do judicial review; (II) a polarização encontrada no interior das Cortes; (III) a crítica sobre as capacidades institucionais, sobretudo do Judiciário; (IV) os efeitos sistêmicos imprevistos provocados pela deliberação institucional. Sobre estes e outros problemas relativos ao atual constitucionalismo, é possível enunciar alguns postulados a partir de uma análise das chamadas teorias dialógicas. Em verdade, deve-se verificar em que medida estão aptas a construir um pensamento constitucional atento a este paradigma. O fato de decorrerem da constatação de problemas institucionais não os faz, de plano, a própria solução. Por isso, o principal motivo da apresentação de tais problemas e algumas das propostas oferecidas é destacar a presente exigência de se conceber uma teoria institucional que organize os parâmetros fundamentais da atividade das instituições, ressaltando-se a necessidade de que sua estruturação siga um projeto cooperativo de harmonização institucional.
Há inúmeras maneiras de interpretar este resultado, e muitas delas provavelmente atribuiriam o baixo nível de confiança interpessoal dos brasileiros a um conjunto de características de nossa cultura cívica e política. Inglehart (1999) sugere que o grau de confiança interpessoal de uma determinada sociedade está diretamente relacionado à estabilidade democrática e às tradições culturais-religiosas sedimentadas. De acordo com esse autor, democracias estáveis e protestantismo produzem um alto grau de confiança interpessoal. Instabilidade democrá-tica e catolicismo, por sua vez, produzem pessoas desconfiadas.Neste artigo, pretendemos mostrar que as interpretações dos resultados obtidos nesses surveys são muitas vezes imprecisas ou equivocadas, visto que ignoram importantes diferenças entre as sociedades pesquisadas no âmbito de suas culturas cívica e política. Argumentamos que parte desse equívoco se deve à fragilidade analítica com a qual o
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