Pesquisas sobre a dispersão e a fragmentação urbana consideram indicadores não-espaciais como a densidade demográfica e a centralidade econômica em suas análises. De forma alternativa, o propósito do artigo é apresentar uma metodologia baseada em métricas da distribuição espacial da população em uma grade estatística regular, potencializando o uso de dados demográficos. Em um Sistema de Informação Geográfica, foram calculados indicadores com dados do Censo Demográfico de 2010 para os 23 municípios da Aglomeração Urbana de Piracicaba (AUP), estado de São Paulo, de tal modo a avaliar a forma urbana, a extensão e a fragmentação da mancha urbana em cada município. Os resultados mostram que os municípios apresentam características como fragmentação e espraiamento em intensidades diferentes, e que a distribuição espacial observada na AUP se orienta conforme vetores de ocupação territorial, como as rodovias. Detectaram-se correlações positivas e fortes entre volume da população, dimensões e formas da mancha urbana. O caso da AUP indica que a metodologia é propícia para a leitura espacial dos fenômenos considerados e para estudos comparativos. Com dados de fácil acesso, a técnica oferece boa resolução espacial, podendo ser replicada para outros recortes. Os resultados permitem dialogar com a produção bibliográfica sobre a dispersão urbana, seja pela explicitação do seu componente espacial, seja pela possibilidade de interação com outros indicadores não-espaciais.
A atuação do mercado imobiliário nas cidades brasileiras tende a ditar o ritmo de urbanização do território e, consequentemente, tem papel ativo na determinação da ocupação e do uso do solo urbano. O Estado assume uma posição contraditória nesse processo, pois ao mesmo tempo que é o responsável pelo planejamento do território que deveria ser justo para toda a sociedade atua, paralelamente, viabilizando a reprodução do capital pelos agentes imobiliários. O objetivo deste trabalho é a avaliação da relação entre o zoneamento urbano, como instrumento urbanístico de uso e ocupação de solo e o surgimento de novos loteamentos na cidade de Piracicaba - São Paulo. Os resultados da análise apontaram que cerca de 40% dos loteamentos aprovados no período de 2006 a 2016 o foram em áreas de ocupação controlada devido às especificidades físicas de fragilidade ambiental. Em contrapartida, zonas de adensamento prioritário permanecem com vazios urbanos, áreas dotadas de infraestruturas e equipamentos sociais, isto é, preparadas para absorver os loteamentos aprovados no período.
RESUMOAs cidades brasileiras enfrentam sérios problemas de mobilidade urbana causados, principalmente, pelo padrão de desenvolvimento urbano (disperso, segregado e dependente do modal rodoviário). O aumento dos congestionamentos e acidentes, a precariedade do transporte coletivo público, o aumento das distâncias percorridas no cotidiano e a falta de infraestruturas necessárias tem se tornando, cada vez mais, problemas estruturais nas cidades. Este artigo propõe um diagnóstico da mobilidade urbana em Piracicaba, interior do estado de São Paulo, através do sistema cicloviário como alternativa para o panorama atual de mobilidade na cidade. Como metodologia, realizou-se levantamento bibliográfico, de dados e documental; trabalhos em campo e mapeamento temático. Os resultados desta pesquisa apontam para sérios problemas da mobilidade urbana apresentados na cidade, tais como o aumento na frota de automóveis (67%) e motocicletas (150%) entre os anos de 2002 e 2015 além de um sistema cicloviário deficitário, com trechos que não interligam as principais áreas das cidades, possuindo um caráter de lazer ao invés de funcional para as atividades do cotidiano da população.Palavras-chaves: Mobilidade Urbana; Sistema cicloviário; Piracicaba – São Paulo. ABSTRACTBrazilian cities have been facing serious urban mobility problems caused mainly by the pattern of urban development (dispersed, segregated and road modal dependent). The increases in traffic jams and accidents, the precarious public transport, the increase in daily life distances and the lack of necessary infrastructure are increasingly becoming structural problems in cities. This article proposes a diagnosis of urban mobility in the Piracicaba, in São Paulo state interior, through the bicycle system as an alternative to the current panorama of mobility in the city. As methodology, a bibliographical and data survey was carried out, also field work and thematic mapping. The results show serious urban mobility problems in the city, such as the increase in the car fleet (67%) and motorcycles (150%) from 2002 to 2015 and a deficient bicycle system, with non-interconnected paths to the city’s main areas and having a leisure character rather than functional for the population daily activities.Keywords: Urban Mobility; Bicycle path system; Piracicaba - São Paulo.
A pobreza possui um caráter multidimensional, não estando restrito a dimensão econômica da insuficiência de renda. Com base nisso, este artigo traz uma reflexão sobre as famílias que fazem parte do Programa, suas características individuais e, principalmente, as condições de moradia dessa população, com foco em um estudo de caso em Piracicaba – São Paulo. Partiu-se da concepção de multidimensionalidade da pobreza para entender as dimensões sociais e espaciais dessa população, utilizando uma metodologia de levantamento de dados secundários e discussão teórica sobre o banco de dados do Cadastro Único, do Programa Bolsa Famílias e seus beneficiários. Os resultados apontaram fragilidades nas condições de vida dessa população, com moradias precárias, baixo nível de escolaridade e trabalho, o que reforça a concepção que a transferência de renda deve vir acompanhada de outras políticas públicas para a população em estado de pobreza e extrema pobreza no Brasil.
Com base no paradigma das mobilidades (The new mobilities paradigm) o artigo discorre sobre as formas de mobilidades brasileira destacando as suas dimensões espaciais. Foi realizado um levantamento bibliográfico dos principais autores que discutem a temática a partir do referido paradigma, buscando destacar a dimensão espacial das práticas de mobilidades. Tal reflexão é articulada aos dados dos Censos Demográficos de 2000 e 2010 e de outras fontes, explicitando padrões e formas de mobilidades existentes no país. Os resultados apontam um aumento nas formas de mobilidades entre 2000 e 2010 e um conjunto de fixos territoriais que viabilizam as mobilidades virtual e imaginária, conectando lugares e pessoas espacialmente distantes, o que torna possível estabelecer comparações do caso brasileiro com outros contextos socioespaciais. Ao trazer à luz o paradigma das mobilidades, ainda pouco explorado no Brasil, destacamos a sua potencialidade de diálogo com campos e disciplinas que exploram o binômio mobilidade-espaço, tais como a Geografia e a Demografia, de forma que seja possível o estabelecimento de nexos interdisciplinares com as ciências sociais.
Partindo da atuação dos diferentes agentes que produzem o espaço urbano, o propósito do artigo é analisar a aplicação dos instrumentos de gestão urbana no município de São Paulo, especificamente, o Parcelamento, Edificação ou Utilização Compulsórios (PEUC) e o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) progressivo no período de 2014 e 2019. Para a realização do objetivo, foi elaborado um mapeamento da distribuição das notificações de imóveis considerados ociosos pela prefeitura, bem como uma revisão bibliográfica sobre o processo de especulação recente no município, visando subsidiar os resultados encontrados no mapeamento temático. Foram encontradas 1.425 notificações realizadas pelo poder público municipal à proprietários de lotes que no entender do poder público não cumpriam a função social da propriedade. Os territórios administrativos das prefeituras regionais da Sé, Mooca e Ipiranga, respectivamente, foram os que concentraram maior número de notificações. A hipótese resultante deste estudo é a de que, no período analisado, a aplicação dos instrumentos de ordenamento territorial no município contribuiu para o cumprimento da função social da propriedade e da cidade e, contraditoriamente, tendeu a estimular a atuação do capital imobiliário em áreas de recente atratividade de capital. Este artigo contribui para as discussões acerca das relações entre o poder público municipal e o capital imobiliário, principalmente, no que tange aos nexos territoriais que conectam e expressam as intencionalidades dos agentes produtores do espaço urbano.
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