Com o propósito de efetuar uma crítica ao modelo biomédico, mecanicista, hegemônico na doutrina e prática que informa a medicina na atualidade, o texto parte de uma síntese histórico-evolutiva que contempla a apresentaçao das idéias e personagens chave que caracterizariam os quatro paradigmas ou modelos que, ao longo do tempo, precederam o modelo sob estudo. Em seguida discorre, efetuando uma análise crítica, sobre o fenômeno da medicalizaçao, consequência e estímulo ao mesmo tempo para a hegemonia do modelo biomédico, contextualizando-a, brevemente, na sociedade de consumo, sob o império da lógica de mercado, tomando a questao dos medicamentos como exemplo das distorçoes advindas do incremento da medicalização e dos fatores a ela subjacentes. Ao final, comenta-se a respeito das limitações no alcance da desejada interferência positiva da medicina, uma vez feita a opção pelo modelo biomédico.
OBJETIVOS: identificar os determinantes associados ao perfil da automedicação na população de idosos de 60 anos e mais, no município de Salgueiro/Pernambuco/Brasil. MÉTODO: Estudo de corte transversal realizado na zona urbana no município de Salgueiro - PE. Entre 01/05 a 10/06/2004, foram aplicados questionários em uma amostra de 355 indivíduos da população de 60 anos e mais. Os dados foram processados e analisados no EPIINFO 6.04 após digitação em dupla entrada e validação. RESULTADOS: 44,9% dos entrevistados encontravam-se na faixa etária de 60-70 anos, 247 (69,8%) eram do sexo feminino, 188 (53,1%) eram analfabetos e 145 (40,7%) tinham o primeiro grau incompleto, sendo 276 (77,7%) aposentados. Entre os que faziam uso de medicamentos sem receita médica houve predomínio de analgésicos (30%) e antipiréticos (29%). Entre os motivos mais freqüentes apresentados, e que levavam os indivíduos a tomar remédios por conta própria, a dor tem o maior índice (38,3%), seguida de febre (24,4%), diarréia (8,0%), pressão alta (8,0%) e tosse (5,2%). Houve associação entre a ausência de atividade física e automedicação (x² =14,44, p=0,001). CONCLUSÃO: existe grande prevalência da automedicação neste grupo, sendo os analgésicos e os antipiréticos os mais utilizados; a dor é o sintoma que mais leva à automedicação; os idosos sedentários se automedicam mais que os praticantes de atividade física.
Uso de medicamentos armazenados em domicílio em uma população atendida pelo Programa Saúde da FamíliaThe use of medicines storaged in the household in a population assisted by Family Health Program
RESUMO: Dentro do processo de ampliação crescente do âmbito de intervenção da Medicina (a chamada "medicalização"), o uso abusivo de medicamentos industrializados assume papel de destaque. Entre as diversas práticas mercadológicas de que a Indústria Farmacêutica se vale para incrementar os seus lucros -via estímulo ao consumo -sobressai-se a propaganda, particularmente junto ao médico. A despeito da automedicação, dependente, por sua vez, em grande parte, da influência inclusive "legitimadora" do médico, é sobre esse profissional que recai, direta ou indiretamente, através da prescrição medicamentosa, a responsibilidade por ação significativa do consumo. Propõe-se, com base em diversos estudos já realizados, a análise crítica do papel da propaganda, com ênfase no papel do propagandista de laboratório e na sua eficácia como instrumento preferencial de que lançam mão os produtores de medicamentos para influenciar os hábitos de prescrição dos médicos, dirigindo-os prioritariamente à satisfação dos interesses dos produtores, em detrimento daqueles dos consumidores.
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