Resumo Novos desafios estão postos à Política Nacional de Saúde Mental no Brasil com o processo de regionalização da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Trata-se da ampliação do acesso e melhora da qualidade de atenção em saúde mental em todos os níveis e pontos de atenção no âmbito do SUS. Objetiva-se analisar a organização da RAPS a partir da constituição das regiões e Redes de Atenção à Saúde no Brasil, apresentando o mapeamento dos serviços e sua distribuição na rede de serviços. Realizou-se um estudo de corte transversal a partir dos dados recuperados das plataformas CNES, DataSUS e Coordenação Nacional de Saúde Mental. Os resultados indicam o aprofundamento do processo de expansão e regionalização da rede de serviços ao longo desses quinze anos de aprovação da Lei da Reforma Psiquiátrica Brasileira (Lei nº 10.216/2001), apesar dos “vazios assistenciais” em diversos pontos de atenção, o que gera fragilidade na cobertura da rede de serviços.
Este artigo põe em análise o percurso profissional dos psicólogos na saúde pública nesses 50 anos de profissão no Brasil. Para tanto, destacam-se os estudos que versam sobre a formação, a inserção e a atuação dos psicólogos no SUS e os questionamentos surgidos em torno dos (des)encontros entre nossa ação profissional e as diretrizes/modos de trabalho preconizados na saúde coletiva. Entretanto, apresentamse algumas experiências em curso que têm conseguido provocar mudanças importantes na formação graduada e pós-graduada em saúde: residências multiprofissionais (RMS), Programas de Educação pelo Trabalho para a Saúde (PET-Saúde/MS-MEC) e programas de estágio profissionalizante em saúde coletiva em cursos de Psicologia. Conclui-se que a Atenção Primária e a atenção psicossocial que orientam o campo da saúde mental têm conformado uma conjuntura privilegiada para o desenvolvimento de experiências transformadoras, de novas competências e habilidades psicossociais, trazendo inovações para a formação e a requalificação dos modos de atuação do psicólogo no setor.
Social (SUAS) provocou a expansão e a interiorização da profissão de psicólogo em todo o país. Objetiva-se com este estudo mapear a presença desse profissional no SUAS, identificando quantos somos e onde estamos atuando nesta política. Realizou-se um estudo descritivo-exploratório, de natureza quantitativa, tendo como fonte para a coleta, organização e sistematização dos dados o Cadastro Nacional do SUAS (CadSUAS). Entre os resultados, identificou-se que o Brasil conta com 7.607 CRAS e 2.155 CREAS, distribuídos nos 5.565 municípios. Ao todo, são 8.079 os psicólogos que atuam no SUAS (6.022 em CRAS e 2.057 em CREAS). O Nordeste destaca-se como o que conta com o maior número de psicólogos em CRAS (2.252), e o Sudeste, em CREAS (706). Ademais, 92,9% dos psicólogos do SUAS atuam em municípios interioranos. Neste contexto, entende-se o SUAS como um importante dispositivo de capilarização da atuação do psicólogo brasileiro para as cidades de médio e pequeno porte do país. Palavras-chave: Centro de referência da assistência social/CRAS; Centro de Referência Especializado da Assistência Social/CREAS; interiorização da atuação dos psicólogos.
No cenário acadêmico há uma enorme escassez de investigações voltadas ao estudo das condições de vida e saúde mental das populações rurais. A maior parte dos estudos que tomam essas populações como foco se limita à discussão acerca da produtividade, sustentabilidade, agricultura familiar, violência no campo, conflitos agrários e fundiários. Em relação à saúde do trabalhador rural predominam pesquisas voltadas às morbidades associadas à aplicação múltipla e intermitente de agrotóxicos, dentre as quais estão as psiquiátricas e as tentativas de suicídio, bem como decorrentes da alteração tecnológica no campo e acidentes resultantes do processo de trabalho. Quando se trata de moradores de assentamentos de reforma agrária a desinformação é ainda mais evidente. Entretanto, esse grupo populacional apresenta vulnerabilidade considerável na medida em que tem uma trajetória de vida marcada pela precária condição de reprodução social e grande dificuldade de acesso às políticas e programas de saúde, educação, segurança, transporte, habitação, organização da produção, a despeito das ações governamentais desenvolvidas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA) para dar sustentação ao desenvolvimento dos assentamentos.
Esse artigo objetiva discutir o processo de expansão da categoria dos psicólogos observado nas últimas décadas nas cidades de pequeno e médio porte do País. Esse processo tem apontado uma interiorização da profissão por meio do deslocamento de um contingente expressivo de profissionais e de uma redefinição da Psicologia como área típica dos grandes centros urbanos e capitais nacionais, tal como foi historicamente caracterizada. Pretende-se destacar que tal processo se relaciona com a reestruturação urbana em curso no Brasil, através do novo dinamismo socioespacial das cidades brasileiras devido à reformulação de suas relações financeiras e comunicacionais, da consolidação das políticas de bem-estar social, através da implantação de inúmeros programas, projetos e serviços na área da saúde, saúde mental e assistência social, e da expansão dos cursos de graduação no interior do País, seja através dos programas e demais dispositivos de reforma e expansão das universidades públicas brasileiras, seja através da própria corrida das instituições privadas de ensino superior na busca de novos mercados. Por fim, busca-se problematizar tais movimentos e maquinações da categoria nos jogos de poder na atualidade.
Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, Brasil RESUMO: Este trabalho se propõe discutir concepções e práticas de cuidado de psicólogos que atuam no campo das políticas sociais, especificamente no âmbito da Saúde (SUS) e Assistência Social (SUAS) e suas interfaces com os modos de governo e gestão da vida produzidos no contexto biopolítico contemporâneo. O estudo foi realizado em 05 localidades que contam simultaneamente em seu território com Unidades Básicas de Saúde/UBS e Centros de Referência da assistência Social/CRaS. acompanhamos o cotidiano e a rotina dos psicólogos que atuam nesses serviços a partir da observação participante e realização de entrevistas. Identificamos que os modos de cuidado produzidos nesses campos pelos profissionais da psicologia indicam tanto uma adesão a um ideal de produzir sujeitos autônomos, produtivos, saudáveis e conscientes dos seus direitos, logo se configurando como práticas normativas, quanto expressam tentativas de ruptura com o estabelecido. PALAVRAS-CHAVE:psicologia; políticas sociais; biopolítica; produção de subjetividade. PSYCHOlOGY aNd PROdUCtION OF CaRE IN tHE aREa OF SOCIal WElFaREABSTRACT: the purpose of this study is to discuss the care conceptions and practices of psychologists that work in the area of social policy, specifically in health (Unified Health System) and in social assistance (Unified Social assistance System), and its interfaces with the modes of government and life management produced in the contemporary bio-political context. The study was accomplished in five localities that have in their territories Basic Health Units and Referral Centers for Social assistance. Using participant observation and interviews, we accompanied the daily routine of the psychologists that work in these services. We identified that these professionals produced modes of care that indicate an adherence to the ideal production of subjects that are autonomous, productive and healthful, and that are aware of their rights, thereby constituting normative practices that express attempts at rupturing with the establishment. KEYWORDS: psychology; social policies; biopolicy; production of subjectivity. Introduçãoa questão do cuidado e da qualidade da atenção prestada nos serviços e/ou programas de contextos comunitários é hoje um ponto central de problematizações e debates desenvolvidos no campo da saúde pública. Por se tratar de uma dimensão não apenas técnica, mas acima de tudo ético-política, pode tanto provocar interferências nas práticas e formas organizativas no trabalho das equipes, dos serviços e da gestão em saúde quanto operar processos de mudança, seja na formação teórico-prática, seja na produção subjetiva desses trabalhadores. Esses são os principais pontos observados nas recentes discussões e proposições em torno das práticas que têm como foco a humanização, o acolhimento e a responsabilização para com o usuário. além disso, estudos recentes têm indicado a necessidade do desenvolvimento de experiências e projetos na produção de autonomia no cuidado e produçã...
ResumoEsse artigo objetiva discutir casos de comorbidade de transtornos mentais comuns e uso abusivo de álcool e suas determinações entre moradores de assentamentos de reforma agrária. Trata-se de um estudo de delineamento combinado quantitativo-qualitativo, com amostra inicial de 2.012 moradores, resultando, após aplicação de questionário sociodemográfico e ferramentas de rastreamento (SRQ-20 e AUDIT) na identificação de 39 casos de comorbidade, aos quais foi aplicada entrevista semiestruturada. Para análise descritiva dos dados quantitativos utilizou-se o software SPSS for Windows, versão 20 e a construção de mapas dialógicos para os qualitativos. Aspectos envolvendo educação e trabalho, ambientes de interação/coesão social (redes e apoio social), mobilidade e transporte, acesso a equipamentos e serviços, falta de espaços de lazer, são fatores que interferem na saúde mental. Considera-se, dessa forma, a interdependência entre condições socioeconômicas, características dos territórios, padrões culturais, histórias de vida dos indivíduos e os agravos em saúde e morbidades psiquiátricas, em particular. Palavras-chave: saúde mental, condições de vida, contextos rurais, vulnerabilidade Social Inequality and Mental Health in Rural Areas AbstractThe vulnerable psychosocial conditions found within poverty are made worse when dealing with populations from rural areas. These groups suffer the most from a lack of basic infrastructure and the problems that arise from the lack of social development. These people are hit the hardest, but remain less visible and far out of reach of public policies, especially in the case of mental health. For this discussion, we analyze cases of comorbidity of common mental disorders and alcohol abuse and its determinations among residents of land reform settlements. It is a combined quantitative-qualitative delineated study, with an initial sample of 2,012 residents. After the administration of a sociodemographic questionnaire and screening tools (SRQ-20 e Audit), 39 cases of comorbidity were identified, to which semi-structured interviews were administered. For descriptive analysis of the quantitative data, we used SPSS for Windows version 20, and the construction of dialogic maps for qualitative data. We observed the interdependence between socioeconomic conditions, the characteristics of territories, cultural patterns, individual life stories and mental diseases in particular.
RESUMO O contexto rural brasileiro revela um cenário preocupante e desafiador para a psicologia em termos de formação profissional e do seu arsenal teórico-metodológico. Este artigo objetiva discutir as estratégias metodológicas adotadas em uma pesquisa em assentamentos rurais do Rio Grande do Norte e Piauí, além de compartilhar as dificuldades vividas na tomada de decisões e os desafios enfrentados quando se refere às investigações realizadas nesses contextos. Pretende-se contribuir para fomentar produções que, além de denunciar as condições de vulnerabilidade dessas populações, possam gerar conhecimento que amplie o acesso às políticas públicas e subsidie ações profissionais condizentes com as necessidades e características dos territórios, como também qualificar as discussões para que as populações rurais não sejam investigadas apenas sob a ótica de uma psicologia urbano-centrada.
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