O objetivo deste artigo é refletir sobre alguns usos do laboratório didático de análise do comportamento no ensino de graduação em psicologia. Para tanto, serão estabelecidos diálogos com o ensino de ciências, área que já possui uma forte discussão sobre o ensino experimental em laboratórios. Observando-se as usuais justificativas para a utilização do laboratório de análise do comportamento como recurso didático, pode-se verificar que, da forma como geralmente se apresenta, possibilita o surgimento de questões delicadas sobre suas qualidades e atual pertinência no currículo mínimo de psicologia. Dentre essas questões, uma das que mais se destaca é relacionada à ética em experimentação com animais, visto que discussões políticas em torno da experimentação animal colocam em risco a existência do laboratório didático de análise do comportamento. Neste sentido, verifica-se a necessidade de reflexões sobre os usos e implicações do laboratório de análise do comportamento no ensino de psicologia.
Estudos recentes têm, cada vez mais, se debruçado sobre políticas e os processos de gestão que se orientam a partir de perspectivas de gênero, como a Saúde do Homem. Com o objetivo de compreender como os gestores de Unidades Básica de Saúde de Belo Horizonte - MG se colocam frente à Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH), foram entrevistados nove gestores distribuídos por cada distrito sanitário da cidade. Os discursos foram analisados na perspectiva da Análise de Conteúdo. Percebeu-se que a implantação da PNAISH se constitui como um desafio. Os gestores reconhecem que devem participar da construção da Política, mas apontam para a necessidade de que sejam oferecidos suportes para sua implementação. Atividades pontuais como os mutirões em Saúde do Homem estão sendo desenvolvidas para facilitar a adesão desse público à Atenção Básica. É de vital importância a mudança de postura da gestão no sentido de utilizar a PNAISH como recurso estratégico para alcance da integralidade, equidade e universalidade no acesso aos serviços do Sistema Único de Saúde.
RESUMO -Este trabalho visa confrontar o corpo instituído pela PNAISH com os corpos performatizados pelos usuários dessa política na Atenção Primária à Saúde (APS) de Belo Horizonte. Através da Análise do Discurso e da teoria da performatividade de gênero, analisou-se o corpus proveniente de entrevistas com 09 homens que utilizam os serviços da APS. Os resultados evidenciam, tanto performances de gênero que, consonantes com a PNAISH, se pautam no corpo genitalizado como forma de resistência ao cuidado; quanto performances de gênero que transgridem as perspectivas desta Política. Procurou-se fomentar as discussões sobre as dificuldades de integração de homens às políticas de saúde. PALAVRAS-CHAVE: gênero, homens, análise do discurso, Sistema Único de Saúde Gender and health discourses: Debating PNAISH with usersABSTRACT -The objective of this study was to confront man's body as conceptualized by PNAISH with man's body performatized by male users of this policy in Basic Health Care (BHC) in Belo Horizonte. Using speech analysis and the theory of gender perfomativity, the corpus derived of the interviews with 9 men who use the BHC services was analyzed. The results highlighted gender performance which, consistent with PNAISH, is based on a genitalized body as a way of care resistance, as well as gender performance that transgress the perspectives of this policy. This study sought to encourage discussions about difficulties of men´s integration to health policies.
Resumo Ao longo das décadas de convivência com o feminismo, a psicanálise sofreu pertinentes críticas com relação à suposição da figura paterna como eixo central de sua teoria de constituição subjetiva. O maternalismo, por outro lado, destaca-se como a corrente pós-freudiana que toma o cuidado materno como modelo teórico e prático por excelência. No entanto, endossando uma perspectiva feminista, a centralização da maternidade não deixa de apresentar sérios riscos, pois se conecta diretamente a relações de poder e dominação que contribuem para a circunscrição das mulheres ao âmbito doméstico. Donald W. Winnicott, importante psicanalista britânico e expoente do maternalismo, estabelece a quase exclusividade do cuidado de crianças exercido por mulheres. Embora haja um aumento da discussão sobre o tema nos últimos anos, ainda é escasso o questionamento crítico do papel da paternidade em Winnicott. Este trabalho problematiza a ênfase dada à maternidade por Winnicott, de modo a tensionar sua exclusão da paternidade como possibilidade de cuidados de bebês. A partir do método psicanalítico proposto por Jean Laplanche articulado à função normativa dos discursos de gênero, como formulado por Judith Butler, analisamos dois argumentos winnicottianos sobre a maternidade. Foi possível evidenciar a reafirmação da hierarquia dos gêneros no cuidado com bebês realizada através de recursos essencializantes e apontar alternativas teóricas para a compreensão da evitação do rearranjo dos lugares de cuidado. O desamparo gerado na situação de cuidado destacou-se como um dos sustentáculos da exclusão de homens dessa posição.
Resumo O propósito deste trabalho é discutir os problemas da idealização da maternidade em teorias psicanalíticas. Adotamos o livro The Reproduction of Mothering como objeto para análise em função de sua repercussão histórica na psicanálise e no feminismo, bem como pela fundamentação teórica utilizada também em recentes estudos psicanalíticos sobre a maternidade. O estudo permitiu evidenciar que, mesmo partindo de uma perspectiva feminista, o livro analisado reproduz a idealização da maternidade, não considerando as ambivalências presentes no cuidado de crianças, nem a possibilidade de mulheres não terem desejo de maternar. A hipótese trabalhada é a de que a perspectiva psicanalítica que dá base para as formulações da autora facilita a prescrição sobre quem pode ou não exercer o cuidado e a reduzir a importância do universo social e desejante de quem cuida. A psicanálise de Jean Laplanche é apresentada como alternativa potencialmente mais aberta para a diversidade presente no cuidado de crianças. Pretendemos com este trabalho evidenciar a necessidade do contínuo debate entre psicanálise e perspectivas de crítica social, como o feminismo, bem como instigar a problematização dos pressupostos das teorias psicanalíticas que se propõe atualmente a discutir os temas da maternidade e do cuidado de crianças.
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