las estão com a bola toda". Isto é o que assegura o título da principal reportagem da revista Veja São Paulo, publicada em 11 de maio de 2011. "Elas" não são, todavia, profissionais liberais bem-sucedidas, políticas em cargo de alto escalão ou acadêmicas altamente conceituadas nos quadros da produção científica nacional. Sendo assim, não se dirigem, em seu cotidiano, para espaços sociais como escritó-rios, reuniões políticas ou congressos científicos. Na verdade, seu local de trabalho se dá, em muitos dos casos, nas residências de pessoas que costumam se dedicar a ocupações semelhantes àquelas. "Elas" são as empregadas domésticas.O título da reportagem pode parecer, em princípio, despretensioso, ou até cômico. Longe disso. Ele sumariza uma interpretação cada vez mais difundida na cidade de São Paulo no que concerne às atuais dinâ-micas do emprego doméstico que ali se configuram 1 . Conseguiu-se, para os fins da reportagem, captar a ideia sustentáculo dessa interpretação a partir de um comentário feito por uma empregada doméstica entrevistada: "Não tenho medo de ser demitida. Se quiser, arranjo ou-
199* Agradeço à pesquisadora Flávia Rios pelas sugestões feitas a partir da leitura de uma versão preliminar deste texto. Agradeço igualmente aos pareceristas anônimos de Dados, cujos apontamentos ajudaram a enriquecer a versão final deste artigo.
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