“…Quando a distância social entre patroas e empregadas domésticas é amplificada e traduzida em atos, as situações de humilhação passam a prevalecer no cotidiano, mas a humilhação pode também estar associada ao conteúdo do emprego doméstico em si, como uma característica intrínseca, uma vez que ele é composto por tarefas de natureza degradante. Além das tarefas, pode haver também rituais de imposição de poder nas relações de emprego doméstico que configuram humilhação e discriminação, afetando a autoestima dessas trabalhadoras (Freitas, 2014). A microssociologia do trabalho doméstico remunerado remete, então, a interações entre empregadora e empregada que refletem hierarquias sociais de raça/etnia, cidadania e classe, com relações desiguais em que haveria um "maternalismo" por parte das patroas e um "ressentimento" por parte das empregadas, em uma relação desigual, por definição, e marcada por subserviência (Milkman et al, 1998).…”