ResumoEste texto, inserido nos estudos de gênero e nos estudos culturais que dialogam com a teorização foucaultiana, utiliza pesquisa documental e análise cultural para escrutinar os modos pelos quais o trabalho intersetorial é definido, descrito e regulado em documentos normativos e materiais didáticos do Programa Saúde na Escola (PSE), a fim de discutir como o gênero atravessa e dimensiona um de seus princípios organizadores -a intersetorialidade. Destaca o que é dito, o que é silenciado, o como se diz e em quais circunstâncias e relações de poder-saber determinadas coisas podem ser enunciadas. Argumenta que, no PSE, noções como "somar esforços", "unir-se" e "articular-se" são mobilizadas para propor modos de fazer educação e(m) saúde que demandam adaptabilidade, multifuncionalidade, flexibilidade e disposição para assumir trabalho a mais, sem remuneração adicional. Discute que esse processo, nomeado "generificação da intersetorialidade", é descolado de corpos biológicos sexuados, mas segue (re)constituindo, reiterando e legitimando exercícios profissionais que naturalizam ações, lugares e arranjos institucionais que tomam atributos femininos como recurso funcional às necessidades da intersetorialidade proposta na política estudada.Palavras-chave: gênero; intersetorialidade; políticas públicas; Programa Saúde na Escola.
Propomos refletir sobre práticas de cuidado e de gestão em saúde, entendendo-as como práticas sociais bem datadas. Situando-nos no cruzamento entre as áreas da educação e saúde e, nelas, dos estudos sobre corpo, apontamos práticas de saúde como pedagogias culturais, a partir das quais são prescritos determinados sentidos e condutas, mas, também, por meio das quais são construídos sentidos e fazeres inéditos que deslocam, bifurcam, fazem questionar tais prescrições. Dito de outro modo, entendemos aqui o campo da saúde como um território de ensino (formatações pedagógico-corporais), mas, também, de aprendizagens (experimentação de formas singulares nos fazeres e dizeres em saúde), e o cuidado e a gestão em saúde como uma montagem (corporal) conflituosa entre formas de sujeição e forças de experimentação, a partir das quais as práticas em saúde se tecem.
O artigo resulta de pesquisa realizada em parceria com as Secretarias de Saúde, Educação e Assistência Social de um município da Grande Porto Alegre, Rio Grande do Sul, responsáveis pela implementação de programas de ‘inclusão social’. Apoia-se na educação permanente em saúde em articulação com teorizações pós-estruturalistas e a análise cultural. O trabalho de campo envolveu a realização de um curso de formação com técnicos (as) e gestores (as), e também grupos focais. Esta análise explora dimensões de duas questões que direcionaram a pesquisa: que aprendizagens podem ser construídas em processos educativos participativos desta natureza? E quem aprende o que, com quem, sobre o quê? Discutiram-se ‘cenas’ que colocaram a intersetorialidade em foco, permitindo o reposicionamento de técnicos (as) e da equipe de pesquisa em relação aos aprendizados esperados. Destaca-se, especialmente, o que foi identificado como entraves e desafios para a implementação e a efetivação da intersetorialidade.
RESUMO: Este texto se tece agenciado ao filme “Itão Kuêgü: as hiper mulheres”. Com e a partir de imagens em movimento, criou-se um percurso que extrapolou a tela, sendo possível analisar pedagogias corporais denvolvidas na produção de cenários educacionais contemporâneos. Ensaiamos uma escrita que compõe imagens obscenas tomadas aqui como hiper mulheres, a desfocar nossos corpos de hipo mulheres: corpos generificados produzidos pelas decentes e boas pedagogias, corpos vestidos e educados por muitos ensinamentos, corpos em conformidade a um ser de determinado gênero. Objetivamos problematizar alguns modos em que aprendizagens de gênero ocorrem incessantemente nos currículos, mostrando-nos como homens e mulheres devem ser e se relacionar consigo e com os outros. Nesse movimento,operamos em favor da obscenidade da educação, no sentido do que é deixado fora de cena nos espaços educacionais, recompondo neles outros corpos em desaprendizagens, corpos hiper. Argumentamos, portanto, que é preciso desconstruir e desaprender os ensinamentos hipo para experimentarmos tantas outras subjetividades hiper mulheres. Currículos poderiam acolher a novidade obscena da vida?
Resumo: Este artigo parte de um enunciado de um docente da disciplina de Física, colhido em pesquisa de campo, que denota a naturalização das relações de gênero, para problematizar as práticas sexistas correntes nas relações sociais e escolares. Esse enunciado possibilita refletir sobre alguns dos aspectos dessa naturalização, tais como: sexismo e uso da linguagem sexista, violência de gênero e exclusão das mulheres em carreiras masculinizadas, cuja crítica é importante para promover uma educação para a equidade de gênero. Argumenta-se que quando um/a professor/a desconsidera questões de gênero presentes na escola, perde-se a oportunidade de combater a reprodução da desigualdade de gênero e as violências sofridas por mulheres e homens cotidianamente. Nesse contexto, destacam-se os preconceitos e estereótipos que afastam as alunas das ciências exatas e naturais, que persistem como um dos campos mais masculinizados e excludentes para as mulheres.Palavras-chave: Sexismo. Relações de Gênero. Violência de Gênero. Gendramento das Carreiras.“I DON´T USE TO WAST MY TIME WITH THIS ISSUE”: reflections on daily sexism based on a male teacher’s statementAbstract: The starting point of this paper is a statement by a male Physics teacher, collected in empirical research, which conveys the naturalization of gender relations, in order to problematize current sexist practices in social and school relations. Such a statement allows reflection on some aspects of that naturalization, such as: sexism and use of sexist language, gender violence, and the exclusion of women from masculine careers, whose critique is important to promote education for gender equity. The paper argues that when a teacher neglects gender issues that are present in school life, an important opportunity is missed to address the reproduction of gender inequality and the daily violence suffered by women and men. In this context, it stresses the prejudices and stereotypes that keep female students away from the natural and exact sciences, a field that remains as one the most masculine and exclusionary for women.Keywords: Sexism. Gender relations. Gender violence. Gendering of careers."NO SUELO PERDER MI TIEMPO CON ESE TEMA": reflexiones sobre el sexismo cotidiano en el habla de un maestro Resumen: Este articulo parte de un enunciado de un docente de la asignatura de Física, recogido en una investigación de campo, que denota la naturalización de las relaciones de género, para problematizar las prácticas sexistas corrientes en las relaciones sociales y escolares. Esa afirmación posibilita reflexionar sobre algunos de los aspectos de esa naturalización, tales como: el sexismo y el uso del lenguaje sexista, la violencia de género y la exclusión de las mujeres en careras masculinizadas, cuya crítica es importante para promocionar una educación para la equidad de género. Se argumenta que cuando uno/a profesor/a desconsidera cuestiones de género presentes en la escuela, se pierde la oportunidad de combatir la reproducción de la desigualdad de género y las violencias sufridas por mujeres y hombres cotidianamente. En ese contexto, se sobresalen los prejuicios y estereotipos que alejan las alumnas de las ciencias exactas y naturales, que persisten como uno de los campos más masculinizados y excluyentes para las mujeres.Palabras claves: Sexismo. Relaciones de Género. Violencia de Género. Generización de las Carreras.
RESUMO: Este artigo é o desdobramento de uma pesquisa ancorada nos estudos de gênero e culturais, realizada com um grupo específico de jovens: os que vivem com HIV/aids. Foram feitas entrevistas narrativas on-line com 16 jovens+, moradores/as de diferentes regiões do país, interpretadas na perspectiva da análise cultural. De maneira pontual, são explorados alguns sentidos que eles atribuem ao tempo e é desenvolvida uma reflexão sobre os modos pelos quais o HIV/aids ressignifica e atravessa suas vivências, escolhas acadêmicas, profissionais e afetivas, operando principalmente com os conceitos de tempo e projetos de vida. A análise contribui tanto para pensar o tema dos projetos de vida com esses jovens (uma vez que a formação docente contempla pouco essa especificidade), quanto para o trabalho com juventudes, no plural, considerando suas perspectivas e modos de olhar o mundo, rompendo as fronteiras da idealização e do adultocentrismo, usualmente acionados quando se discutem projetos de vida.
Este artigo busca contribuir com o debate sobre gênero e sexualidade nas escolas, além de refletir sobre as implicações que a discussão ou sua ausência se expressam no ambiente escolar e na formação dos/as estudantes. Para tanto, nos debruçamos sobre o processo político de disputa entre grupos conservadores atuantes no legislativo federal, Câmara dos Deputados e Senado Federal, que visam interferir no currículo escolar. Como percurso metodológico realizamos pesquisa documental on-line dos projetos de lei (PLs) entre os anos de 2006-2016, sendo identificados e analisados 06 PLs do Senado e 09 PLs da Câmara. Os dados revelam PLs que atentam contra a discussão necessária sobre gênero e sexualidade nas escolas, mas também identifica projetos que buscam trabalhar pedagogicamente esta temática para transformação social. Cada proposição de PLs tem suas particularidades, no entanto, de maneira articulada podem promover ou silenciar o debate sobre questões de gênero na escola, haja visto que há projetos que interferem na atuação de professores/as, em componentes curriculares, nos conteúdos dos materiais didáticos e no fazer pedagógico das escolas.Palavras-chave: Escola. Gênero e Sexualidade. Projetos de Lei What do they want to teach about our sex? The influence of the National Congress on gender and sexuality at schoolsABSTRACTThis article seeks to contribute to the gender and sexuality debate at schools, and also to reflect on the implications that the discussion or its absence is expressed on the school environment and the students’ education. To do so, we focus on the political process of dispute between conservatives groups operating in the federal legislature, Chamber of Deputies and Federal Senate, that aim to interfere in the school curriculum. To conduct the research was used a online documentary research of bills (projects of laws - PLs) between the years 2006-2016, identifying and analyzing 06 PLs of the Senate and 9 PLs of the Chamber of Deputies. The data reveal bills acts against a necessary discussion about gender and sexuality at schools, at the same time were found bills acts that seek to work this issue for social transformation. Each project has its own particularities; however, in an articulated way they can promote or avoid the debate about gender issues at schools, since there are projects that interfere in curricular components, in the content of courseware and in the pedagogical know-how of schools and teachers.Keywords: School. Gender and Sexuality. Project of Law (Bill) ¿Qué quieren enseñar sobre nuestro sexo? La influencia Del Congreso Nacional sobre género y sexualidad en las escuelasRESUMENEste artículo busca contribuir con el debate sobre la temática gênero y sexualidad en las escuelas, además de reflexionar sobre los impactos que la discusión o su ausencia se expresan en el ambiente escolar y en la formación de los/las estudiantes. Por lo tanto, investigamos El proceso político de disputa entre grupos conservadores actuantes en el legislativo federal, Cámara de Diputados y en el Senado Federal que pretenden interferir en el plan de estudios. Nuestra apuesta metodológica fue la realización de una investigación documental em línea de los proyectos de ley (PLs) entre los años de 2006-2016, en los que identifi camos y analizamos 6 PLs del Senado y 9 PLs dela Cámara.Losdatos revelan PLs que atentan contra la discusión necesaria sobre género y sexualidad en las escuelas, pero también identifi can proyectos que buscan trabajar pedagógicamente esta temática para la transformación social. Cada proposición de PLs tiene SUS particularidades, pero, de manera articulada promueven o silencian El debate sobre la temática de género en la escuela, ya que hay proyectos que interfi eren en la actuación de profesores/as, en componentes curriculares, en los contenidos de los materiales didácticos y en El quehacer pedagógico de las escuelas.Palabras clave: Escuela. Género y Sexualidad. Proyectos de Ley
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.