Considerando a dimensão afetiva como constitutiva do agir e do pensar humano, e reconhecendo que sua presença é uma constante no Rap, este artigo busca investigar como a afetividade é expressa nas músicas de quatro grupos de Rap nacional. A partir da análise das músicas, pode-se considerar que estas expressam as vivências advindas de uma ordem social baseada na inclusão social perversa. Há instantes em que a tônica está no sentimento da vergonha, culpa, humilhação, tristeza, revolta e medo que assola os moradores da periferia. Em contrapartida, há propostas de enfrentamento desta condição, expressando a importância da união, irmandade, humildade, esperança, amor, alegria e solidariedade. Assim, nestas canções, a afetividade expressa tanto a denúncia do sofrimento ético-político, como a possibilidade de aumentar a potência de ação do sujeito para a superação da condição de padecimento humano, indicando a música, especialmente o Rap, como temática importante na compreensão psicossocial do sujeito em contextos de exclusão social.
RESUMO. Esta pesquisa teve por objetivo investigar se há e como se processa a relação estética entre sujeitos ouvintes e a música Rap, no processo de apropriação musical. Partimos da perspectiva sócio-histórica, segundo a qual nas reflexões metodológicas propostas por Vigotski estiveram tecidas as ideias de Bakhtin, como também as contribuições de Sartre, em um movimento dialógico com alguns leitores que se fazem interlocutores destes autores. Realizamos entrevistas individuais e abertas com cinco jovens moradores de periferia da região de Blumenau-SC. As análises indicaram a apropriação musical dos sujeitos investigados como um complexo processo que envolve aspectos referentes às propriedades físico-perceptuais do objeto estético Rap e a biografia de cada sujeito/ouvinte. A apropriação musical se mostrou como um complexo processo de conversão do coletivo em singular, fenômeno que exige um lugar cocriador do sujeito-ouvinte que se apropria dos significados expressos nas músicas e produz, a partir destes, novas zonas de sentido.
Este artigo realiza uma análise dos movimentos históricos dos fazeres musicais do reggae e do rap com o intuito de compreender a dimensão psicossocial presente no processo de criação artístico destes gêneros musicais, identificando sua(s) trajetória(s) e problematizando suas interfaces. A partir deste estudo, considerou-se que o reggae e o rap possuem a mesma matriz histórica – a cultura africana, apresentando como característica central a expressão da arte como manifestação política, conservando a rua como referência não apenas de expressão, mas de produção artística.
Este artigo apresenta a experiência de um projeto de extensão universitária que realiza ações na interface entre teatro e saúde mental. O objetivo é discutir as potencialidades do teatro para o fortalecimento do processo de reabilitação psicossocial de pessoas em situação de sofrimento psíquico que integram uma associação de usuários do serviço de Saúde Mental. Metodologicamente, as ações foram propostas a partir das contribuições do Teatro do Oprimido, da Luta Antimanicomial e da Economia Solidária. Como resultados, foram realizadas 28 oficinas que proporcionaram a produção de três peças e sete apresentações teatrais relacionadas às temáticas de opressão, isolamento social, sofrimento psíquico e festividade natalina, entrelaçadas à ideia da solidariedade e emancipação. É importante reconhecer a pluralidade de espaços e atores sociais contemplados pelas ações do grupo teatral, envolvendo usuários e profissionais da saúde mental, integrantes da Economia Solidária, estudantes e professores universitários, artistas locais e integrantes da comunidade local. Dessa maneira, pudemos reconhecer que as experiências relatadas afetaram positivamente seus integrantes, o contexto universitário e a comunidade local de Blumenau, possibilitando a ampliação de experiências culturais, maior visibilidade para a associação, acesso gratuito a bens culturais, fortalecimento da extensão universitária e transformação do imaginário social referente à loucura.
Neste artigo problematizamos ações de reabilitação psicossocial realizadas a partir da interface entre arte e saúde mental, considerando suas potencialidades e fragilidades. A partir da metodologia construtivo-interpretativa, analisamos 78 materiais adquiridos mediante consulta à Biblioteca Virtual em Saúde, ao Portal de Periódicos Capes e à Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações, considerando o período de 2008 a 2018. Identificamos uma pluralidade de ações envolvendo diversas linguagens artísticas, compostas por diferentes atores sociais e em parceria com instituições e movimentos sociais. As potencialidades destas experiências revelam benefícios que extrapolam os limites terapêuticos e vislumbram o fortalecimento do protagonismo dos sujeitos, promovendo tecnologias transformadoras relacionadas ao cuidado, ao trabalho e à organização social. Estes benefícios também afetam os serviços de saúde mental e seus trabalhadores, bem como geram transformações no imaginário social referente a loucura. Entretanto, observamos algumas fragilidades relacionadas, especialmente, à lógica terapêutica e institucionalizada de algumas ações analisadas.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.