Os anos que se seguiram à segunda metade do século XX, sob a ótica literária, contribuíram de forma significativa para o surgimento de narrativas ficcionais de autoria feminina, cujas temáticas desvencilharam-se, em maior ou menor grau, de temas até então recorrentes nesse tipo de produção literária, num processo em que o retrato da realidade doméstica passou a dar espaço a debates acerca de aspectos políticos e sociais. É sob essa perspectiva que o presente estudo visa analisar os reflexos da Segunda Guerra Mundial na obra intitulada O menino que comeu uma biblioteca (2018), da escritora sul-rio-grandense Leticia Wierzchowski. Sua construção ficcional possui, como uma de suas principais características, a representação da imigração polonesa, bem como suas memórias e traumas de guerra. Dessa forma, atentamos, neste estudo, para o modo como a autora aborda as questões políticas e sociais do período em sua ficção, rompendo, ao menos em partes, com as características e limitações impostas às narrativas literárias de conteúdo ligado ao feminino.
O elemento musical está presente ao longo de praticamente todas as narrativas do escritor sul-rio-grandense Luiz Antonio de Assis Brasil, tanto no aspecto narrativo com enredos que tomam a música como seu elemento central, quanto estruturante, com obras que se assemelham a formas musicais, ou então que utilizam recursos narrativos oriundos desse universo. No presente trabalho, de um modo especial, atentamos para o diálogo entre música e literatura no aspecto estruturante da ficção assisiana. Para tanto, os estudos acerca da intermidialidade nos permitem interpretar essas aproximações feitas pelo autor.
A literatura se manifesta, ao longo do tempo, como uma das formas artísticas mais expressivas da humanidade. O poder da escrita aliado ao talento individual autoral são características que engrandeceram essa arte humana de, por meio da justaposição de palavras, compor não somente a vida de personagens criados no âmbito da ficcionalidade, mas a existência do próprio homem, mostrando ora seus feitos e grandezas, ora seus infortúnios e mazelas. Este artigo, nesse sentido, tem o objetivo de verificar, por meio de pesquisa qualitativa de caráter bibliográfico, como algumas características inerentes à literariedade se manifestam em dois textos pertencentes ao gênero crônica. O primeiro deles é o que se intitula “No crepúsculo do outono”. Já o segundo é “Sherazade espantada”. Tais escritos fazem parte da obra Cala a boca e me beija, livro de crônicas escrito por Alcione Araújo, publicado pela editora Record no ano de 2010.
Este artigo reflete sobre a recriação textual como apropriação e/ou (re)construção de formas e temas de outras obras para a composição de outro texto na relação texto-base (primitivo) e texto parodiado ou parafraseado (derivados) e nisso a demarcação das fronteiras entre o imaginário e o simbólico. Segue-se a linha da literatura comparada onde o texto pode ser produzido a partir do diálogo, do hibridismo, de trocas e de retomadas em que a máscara investe na duplicidade no plano do conteúdo e na percepção e significação no plano da interlocução do discurso. Igualmente, serve-se da Semiótica no sentido de que no signo o antecedente-expressão mostra-se no corpo-objeto ou no corpo-sujeito no ato do destruir para (re)construir, de reler para reescrever ao usar o duplo na linguagem e no sentido nas teses da máscara em Josef; dos espelhos em Eco; do “empoderamento” em Foucault, da desconstrução em Culler, da carnavalização em Kristeva e da recriação intertextual em Sant´Anna, Dixon e Weschefelder. E isso aplicado nos contos de Ovídio (A beleza de Narciso) como texto primitivo para a paródia de Machado de Assis (O espelho) e este em diálogo parafrásico com O espelho, de Guimarães Rosa.
PALAVRAS-CHAVE: Recriação intertextual; Literatura comparada; Semiótica.
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