Neste artigo apresentamos comentários e reflexões referentes à tradução do conto “Passing”, presente na obra The Ways of White Folks (1934), de Langston Hughes (1902-1967). Serão analisadas características e definições do gênero epistolar (ALVES, 2015; KOHLRAUSCH, 2015; ROCHA, 2011; TIN, 2005) em relação à maneira como Hughes se apropria ou subverte esta estrutura tradicional em sua narrativa literária; consideramos também conceitos como Letra, a poeticidade do texto literário e as redes significantes (BERMAN, 2013; CHKLOVSKY, 1978 [1917]; PAGANINE, 2013); e, por fim, serão tecidos comentários com análises acerca da representação da oralidade no texto literário na relação linguagem falada e linguagem escrita (BAGNO, 2007; LUCCHESI, 2009).
Este trabalho apresenta algumas reflexões sobre a nossa tradução do conto One Christmas Eve, de Langston Hughes (1902-1967), parte da obra The Ways of White Folks (1934). Temos como objetivo analisar a possibilidade de representação de variedades linguísticas nos sistemas literários fonte e alvo (americano e brasileiro) e explorar soluções tradutórias para tais variedades, ligadas à representação de grupos de fala, compreendendo sua legitimidade, sistematicidades e entendendo que elas caracterizam os falantes no texto literário. São discutidas teorias da tradução que tratam de marcas de oralidade (BANDIA, 2015; ROSA, 2015) e de variação linguística em relação ao African American Vernacular English (AAVE) e ao português brasileiro (BAGNO, 2012; EZGETA, 2012; LABOV, 1972; LUCCHESI, 2009). Primeiramente, apresentamos o contexto de produção da obra e as questões raciais, sociais e ideológicas que este suscita. Além disso, discutimos alguns aspectos das fases literárias do autor e a influência da Harlem Renaisssance e do movimento modernista norte-americano na escrita do conto aqui apresentado e traduzido. Em seguida, examinamos as variedades linguísticas presentes no texto-fonte e alvo e os aspectos que orientaram nossas escolhas, tendo como princípio norteador marcar a alteridade no texto e evitar uma tradução que realize uma homogeneização dos modos de fala e que apague identidades veiculadas pela representação da linguagem falada no texto literário. Com isto, consideramos o ato de tradução como aquele que estabelece um texto em outra cultura a partir de uma reescrita do texto-fonte, um ato que vê a língua a partir de sua dimensão cultural e social. A partir disso, situamos a nossa prática tradutória a partir da perspectiva de que os tradutores têm um papel ativo e ativista frente à homogeneização das línguas e ao apagamento de identidades de grupos marginalizados ao decidirem por recriar a pluralidade de vozes textuais, tendo em vista a tradução como um lugar privilegiado em que duas instâncias se encontram e podem ser examinadas por uma abordagem analítica e crítica.
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