RESUMO Neste artigo, abordou-se o histórico de violência contra mulheres em contexto de uso abusivo de crack. Trata-se de um estudo transversal, envolvendo 243 usuárias de crack atendidas pelo Programa Atitude, em Pernambuco, entre 2014 e 2015. Observou-se que a maioria era jovem, negra, com baixa escolaridade e renda, início precoce da vida sexual, em uso compulsivo de crack, morando na rua e comercializando o corpo como a principal fonte de renda. A maioria (96,2%) relatou histórico de violência: psicológica (83,5%), física (87,7%) e sexual (55,1%), praticadas por parentes/amigos. Fatores como desigualdades sociais e de gênero foram relevantes nas situações de violência observadas.
El objetivo del estudio es discutir uno de los usos del crack denominado “virado”, como estrategia de reducción de daños entre las personas que usan crack en Pernambuco, Brasil. Se realizó una investigación cualitativa y transversal. Desde marzo hasta agosto de 2016, se realizaron entrevistas semiestructuradas sobre la cultura del uso de crack a 39 personas que usan esta substancia. El límite de participantes se estableció por el criterio de saturación. Los datos se analizaron con la técnica de análisis de contenido. Las personas que participaron relataron que el virado es una manera distinta de utilizar el crack y, al comparar su efecto con el uso fumado o inhalado, mencionaron que el virado produce menos impacto en las relaciones interpersonales y en la libido, además de reducir el uso compulsivo de crack, cuestiones que se podrían considerar como estrategias de reducción de daños. Un aspecto negativo es que comparten los canutos para aspirar el virado, lo cual es una situación de riesgo para la transmisión de enfermedades infecciosas. Conocer la cultura del uso del crack en distintas formas y situaciones es imprescindible para la planificación y desarrollo de acciones de atención a la salud.
Introdução: Mulheres transexuais e travestis são vítimas de violência transfóbica em diversos ambientes. São vários os tipos de violência, mas destacamos a violência sexual pela alta prevalência de infecções sexualmente transmissíveis decorrentes dessas situações. Nesse sentido, o atendimento às vítimas pelos serviços de saúde deve ser feito de forma rápida para realização das profilaxias necessárias, assim como o acolhimento deve favorecer que procurem por atendimento. Objetivo: Identificar a procura por serviços de saúde entre mulheres transexuais e travestis vítimas de violência sexual. Métodos: Este estudo é um recorte dos dados coletados em Recife (PE) no “Estudo de abrangência nacional de comportamentos, atitudes, práticas e prevalência de vírus da imunodeficiência humana, sífilis e hepatites B e C entre Travestis — Pesquisa Diversidade e Valorização da Saúde (Divas)”, em 2017, com amostragem do tipo respondent-driven sampling. Foi aplicado questionário sociocomportamental com 350 travestis em mulheres transexuais. As frequências do tipo de agressor e procura por serviços de saúde foram calculadas, e o estimador respondent-driven sampling II utilizado para ponderação dos dados. Resultados: Foram identificadas 317 mulheres transexuais e travestis vítimas de violência sexual em algum momento da vida. Os agressores são pessoas próximas, como o parceiro íntimo (42,9%, intervalo de confiança [IC] 95% 35,7–50%) e vizinhos/colegas/conhecidos (22,5%, IC16,3–28,6%), bem como desconhecidos (36,7%, IC 95% 29,8–43,6%), clientes do trabalho sexual (35%, IC28,2–41,8%) e policiais (12,8%, IC8,4– 17,2%). Apenas 2,2% (IC0,6–3,8%) delas procuraram um serviço de saúde após sofrer violência sexual. Conclusão: A baixa procura por serviços de saúde após sofrer violência sexual pode se relacionar a um maior risco de infecções sexualmente transmissíveis entre as mulheres transexuais e travestis. É fundamental o acolhimento e fortalecimento de vínculo entre os serviços de saúde e as pessoas transgênero, vítimas frequentes de violência.
Objective To estimate the prevalence and factors associated with the effect of alcohol on crack cocaine use and to analyze experiences related to combined use. Materials and methods: sequential mixed methods (qualitative and quantitative) research, carried out between August 2014 and August 2015 with people who use crack. In the quantitative approach, a cross-sectional study was conducted with 1,062 participants. Factors associated with “alcohol use with the effect of increasing the effect of crack/crack craving” were estimated by multiple regression. In the qualitative approach, 39 interviews were conducted using Bardin’s content analysis technique. Results 871 (82.0%) participants reported consuming alcohol, among them, 668 (76.7%) used alcohol combined with crack: 219 (32.8%) reported feeling an effect of reduction in paranoia and/or crack craving and 384 (57.5%) reported feeling an increase in the effect of crack and in the craving to consume the drug. This relationship was also observed in the narratives of the people who use crack, with the possibility of a cyclic effect of consumption of the two substances. Those who related alcohol use to the effect of increasing crack craving (384) were more likely to use alcohol before crack (OR: 1.81; 95%CI: 1.13–2.89); to consume more than 20 stones daily (OR: 1.48; 95%CI: 1.01–2.16); to remain in abstinence from crack for less than one month (OR: 3.20; 95%CI: 1.91–5.35); to use dependence treatment services (OR: 1.85; 95%CI: 1.26–2.71); and to commit physical violence (OR:1.67; 95%CI:1.08–2.56). Conclusion The findings of this study indicate that the modulation of the effect of alcohol use on crack cocaine depends on the moment when the drugs are consumed, and the use of alcohol before crack consumption is associated with characteristics that suggest a greater vulnerability to patterns of harmful crack use. Even though combined use is referred to as a way of reducing the negative effects of crack, the damage of this association may be greater than its possible benefits.
Introdução: Determinados fatores individuais, sociais e programáticos dificultam a realização da testagem anti-vírus da imunodeficiência humana em travestis e mulheres transexuais. Portanto, conhecer esses fatores é imprescindível para a adoção de estratégias de ampliação de acesso ao teste e, consequentemente, aumentar o conhecimento do status sorológico e tratamento precoce nesse grupo. Objetivo: Estimar a prevalência de testagem anti-vírus da imunodeficiência humana e os fatores associados à realização do teste, entre travestis e mulheres transexuais, residentes ou trabalhadoras da cidade do Recife (PE). Métodos: Estudo quantitativo, de corte seccional, com base em 350 recrutadas pela metodologia Respondent-Driven Sampling entre janeiro e março de 2017. A análise de dados considerou o desenho complexo de amostragem. Foram estimadas as prevalências de realização do teste de vírus da imunodeficiência humana no último ano anterior à entrevista. Por meio de modelos de regressão logística foram identificados fatores associados à testagem regular de vírus da imunodeficiência humana. Resultados: A cobertura de teste no último ano foi de apenas 48,3%. Entre os fatores associados à maior probabilidade de realização de teste de vírus da imunodeficiência humana no último ano, destacaram-se a identidade de gênero como mulher (odds ratio=2,34, intervalo de confiança 95% 1,11–4,93), não ter sido presa (odds ratio=7,32, intervalo de confiança 95% 2,92–18,30) e não ter se sentido mal consigo mesma nem ter se achado um fracasso ou uma decepção (odds ratio=7,57, intervalo de confiança 95% 2,74–20,90). Conclusão: O achado de baixa prevalência de testagem no último ano (48,3%) e os fatores associados à maior probabilidade de realização do teste, relacionados a maior aceitação da condição transexual, apontam para que sejam adotadas abordagens inovadoras para testagem ao vírus da imunodeficiência humana, atendendo melhor às necessidades da população de travestis e mulheres transexuais e centradas nas barreiras de acesso ao diagnóstico e tratamento, com estímulo a práticas sexuais seguras, enfrentamento do estigma e das condições de vulnerabilidade.
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