Resumo A partir do conceito de pós-memória, de Marianne Hirsch, este artigo pretende analisar a maneira pela qual artistas brasileiros, pertencentes à geração de filhos dos exilados políticos das ditaduras latino-americanas, representaram suas vivências, suas memórias e as narrativas dos pais. Para tanto, selecionamos A chave de casa, de Tatiana Salem Levy (2007); Mar azul, de Paloma Vidal (2012); A resistência, de Julián Fuks (2015); Rio-Paris-Rio, de Luciana Hidalgo (2016); e o filme Deslembro, de Flávia Castro (2018). Num primeiro momento, serão abordadas as conexões entre intriga ficcional e memória familiar para, em seguida, analisar as estratégias narrativas de representação, muitas vezes indireta, dessa memória, buscando delinear o que seria uma estética pós-memorial brasileira. Finalmente, será tratada a representação do exílio, tanto como elemento transgeracional como cenário de uma perspectiva descentrada.
A partir de um levantamento da contribuição de grandes teóricos que pensaram a memória e a complexa representação do passado, buscamos discutir o papel da narração e da ficção como mediadoras na interpretação do vivido. A fiabilidade da reconstrução do passado é posta em causa, o que nos leva a refletir sobre a noção de testemunho e a questão da verdade a ele inerente. Cotejar memória oficial e narrativas individuais faz-se necessário a fim de se contrapor discursos meta-narrativos autoritários a uma história mais polifônica, que enseja a compreensão e a superação de traumas. Veremos também como a reflexão teórica a respeito da transmissão intergeracional de memórias traumáticas oferece ferramentas para a interpretação de obras da chamada geração pós-memorial. A partir dessas considerações, e diante da crise sanitária mundial que nos coloca em posição de testemunhas vulneráveis de uma catástrofe, somos levados a refletir sobre o futuro a partir de um olhar retrospectivo do trauma.
Por más que las narraciones de viaje se remonten hasta La Odisea, o al mítico exilio de la pareja fundadora de la humanidad, expulsada del Jardín del Edén, lo cierto es que los estudios acerca del escritor viajero, por contraste con sus hermanos, los pintores, son relativamente recientes, pese a que ya desde inicios del siglo xx, Víctor Sklovsky había asegurado, contundente, que “los libros de viaje están en las estanterías junto a las novelas”, dando por sentado que el género tiene su origen en el antiguo periplo. La persistencia del motivo de la movilidad –representado en la literatura universal desde la transcripción de las mitologías, sean estas maya, azteca, grecorromana, celta, hasta las grandes novelas de aventuras del siglo xix o las crónicas de exilio en el xx –especialmente en este último medio siglo, se explica por la proliferación de los desplazamientos, como rasgo visible de la globalización.
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