Em 1888 foi abolida a escravidão no Brasil. A década da abolição, no extremo sul da Bahia, foi acompanhada de conflitos e tensões envolvendo senhores, escravos, abolicionistas e autoridades provinciais. A este cenário se somou a presença de uma multidão de trabalhadores para a construção da estrada de ferro Bahia-Minas, oriundos de várias regiões. Os operários que construíam a ferrovia protagonizaram uma série de protestos, motins e reivindicações ao longo da década, contribuindo para o “clima de instabilidade” que marcou as lutas em torno da escravidão e da liberdade na região. Em 1888, depois da aprovação da lei de 13 de maio, após um protesto armado, uma turma de trabalhadores portugueses engajados nas obras da estrada de ferro foi presa no tronco e permaneceu durante meses na prisão. Este artigo, através da documentação policial e judicial, analisa este episódio e discute as reminiscências escravistas nas relações de trabalho na ferrovia no período imediato à abolição.
Não podemos iniciar este texto sem deixar de mencionar o terrível momento de pandemia de Covid-19 que vivemos e de crise sanitária agravada pela instabilidade política, quando grupos insistem em negar as soluções apontadas pela ciência. No entanto, nos parece que é justamente nesse contexto de negação da ciência, em que o conhecimento histórico, especificamente, está sob forte ataque de negacionistas e revisionistas, que nossa atuação se faz ainda mais importante.
RESUMO É objetivo deste artigo discutir o antiescravismo no Caribe espanhol através da atuação do cubano Antonio Maceo (1845-1896) e do porto-riquenho Ramón Emeterio Betances (1827-1898). A pesquisa busca reconstituir o ambiente político do Caribe espanhol no período de 1863 a 1881, no contexto de guerras de independência, e o protagonismo específico de homens negros que reivindicaram solidariedade racial na luta pela abolição da escravidão. A partir de algumas correspondências e documentos produzidos por Maceo e Betances (ou com sua participação), e da documentação gerada pelas autoridades coloniais, serão discutidas a construção de redes e conexões transnacionais, com base racial, pelos ativistas que lutavam contra a escravidão e as discriminações e por direitos políticos integrais. Chamo especial atenção para a interlocução com os haitianos e para a insistente referência ao Haiti no vocabulário político daqueles ativistas.
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