Este artigo analisa a mobilização das companhias negras na Bahia (e em Pernambuco) durante a Guerra do Paraguai (1864-70). A organização dessas companhias racialmente segregadas era muito semelhante ao resto da mobilização brasileira, mas também remontava ao legado da milícia negra colonial e ao serviço dos seus integrantes na guerra pela Independência na Bahia. Muitos soldados e oficiais negros se distinguiram nos combates de 1866, mas o governo e o Exército brasileiros relutavam em aceitar a identidade racial implícita dessas unidades, e elas foram extintas antes do final daquele ano. Além de corrigir os muitos equívocos sobre os zuavos baianos repetidos com frequência na bibliografia acadêmica e popular, este artigo reflete sobre a complexidade da política racial na sociedade brasileira imperial e a visão negra do serviço ao Estado (e de cidadania) estreitamente ligado ao serviço militar.
Este artigo analisa o recrutamento de escravos para as forças patriotas durante a guerra pela independência brasileira na Bahia (1822 a 1823) e faz uma distinção entre os recrutamentos de escravos e de homens livres e libertos de cor, freqüentemente confundidos. O alistamento de escravos durante esse conflito foi uma medida improvisada pelo comandante brasileiro, e não havia promessas de liberdade para os escravos. Depois do conflito, o governo brasileiro mandou alforriar os escravos que serviram, compensando seus donos. Ao mesmo tempo, autoridades lidaram com a grande quantidade de homens de cor alistados durante a guerra, contraste marcante à fileira principalmente branca do final da época colonial. A participação de soldados libertos no Levante dos Periquitos de 1824 serviu de pretexto para deportá-los, e também soldados não-brancos, da guarnição baiana. Dessa maneira, autoridades restauraram a demarcação entre escravo e soldado, obscurecida de forma inaceitável durante a guerra.
Commemorating the expulsion of Portuguese troops from Salvador,
Bahia, on 2 July 1823, the Dois de Julho festival represented Bahian society
collectively and marked differences of national origin, class, and race. It
challenged the Brazilian state's official patriotism by articulating a regional
identity, and through its commemoration of the independence-era popular
mobilisation, presented a story of Brazil's origins that contradicted the official
patriotism which celebrated Emperor Pedro I as Brazil's founder. Dois de Julho's
popularity and durability, moreover, suggest a significant and socially-broad
engagement with the imperial state, which cannot be considered a remote and
alien entity to the urban population.
This article examines the pre-Lenten festivities labeled entrudo in early nineteenth-century Rio de Janeiro and traces the efforts to repress them, which enjoyed a measure of success by the mid-1850s. During this period, the predominant form of pre-Lenten revelry involved various forms of water play that transgressed the boundaries between the sexes but tended to respect other social hierarchies. After independence, authorities and members of a self-proclaimed “civilized” elite sought to repress what they condemned as a “barbarous” game. These efforts obtained some success in the 1840s and 1850s as masked balls and parading by elite carnival societies came to dominate middle- and upper-class forms of celebration, although entrudo persisted longer among the lower classes. Based on travelers' accounts and the extensive newspaper debates about entrudo and its repression, this article analyzes a major cultural change among the Brazilian capital's elite.
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