Este trabalho tem por objetivo geral investigar se uma professora universitária e seus alunos partilham crenças a respeito da correção de composições escritas. Como objetivo específico, buscamos caracterizar as relações entre duas crenças desse mesmo grupo de alunos: uma crença antiga de que errar é embaraçoso e deve ser evitado a todo custo, e uma crença em construção de que a correção individualizada de tarefas escritas pode ser benéfica, por permitir-lhes refletir mais demoradamente sobre os seus próprios erros. A primeira crença é inferida a partir de pistas linguísticas que denotam embaraço e distanciamento, presentes em certas estratégias de polidez negativa, como pedidos de desculpas e impessoalização. A segunda, por outro lado, não é facilmente inferida, mas pistas linguísticas conflitantes presentes na fala dos alunos podem ser o indicativo de uma mudança em curso.
Este artigo relata os principais resultados de Ferreira (2017), dissertação que investiga construções de predicação secundária no português brasileiro (PB), como “O João leu a carta cansado” e “O João comeu a carne crua”, caracterizadas pelo fato de um mesmo argumento ser partilhado por dois predicados: o predicado da oração matriz e o adjetivo, predicado secundário depictivo (cf. HIMMELMANN; SCHULTZE-BERNDT, 2005). Há na literatura um intenso debate sobre essas construções, voltado especialmente a determinar se o depictivo e seu sujeito formam ou não um constituinte small clause (SC) e se, havendo uma SC, seu sujeito seria PRO (cf. WINKLER, 1997). Outra questão importante, mas menos explorada na literatura, refere-se ao mecanismo de concordância operante nessas sentenças. Diante desse cenário, abordaremos neste artigo: (i) argumentos apresentados em Ferreira (2017) em defesa de uma SC adjunta; (ii) a proposta minimalista de derivação dessas construções apresentada pela autora, que assume não haver PRO na SC, e sim o movimento lateral do DP (NUNES, 2004) da SC para uma posição-θ na oração matriz, sendo o núcleo da SC um Asp φ-incompleto, que estabelece com o DP uma relação de Agree (CHOMSKY, 2000, 2001). Tal proposta, entendida como uma consequência da teoria de controle como movimento (HORNSTEIN, 1999, 2001), tem a vantagem de dispensar PRO e unificar o tratamento de concordância no âmbito das predicações primária e secundária. A dupla atribuição de papel-θ ao DP partilhado pelos dois predicados também é abordada no trabalho.
O tratamento do substantivo e do adjetivo em livros didáticos: uma abordagem gerativa The treatment of nouns and adjectives in textbooks: a generative approach ResumoEste artigo pretende mostrar como alguns pressupostos gerativistas podem ser utilizados para contribuir para uma abordagem mais reflexiva da gramática em sala de aula, enfatizando os conhecimentos que o aluno possui de sua língua antes mesmo de entrar na escola. Nossa pesquisa consiste na discussão de excertos dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs), bem como na investigação de dois livros didáticos de Língua Portuguesa do ensino fundamental. A análise se foca no estudo dos substantivos e adjetivos e ressalta a dificuldade em se delimitar uma fronteira entre essas duas classes de palavras, pois a variação nos critérios utilizados por livros didáticos para classificá-las e descrevê-las gera definições incompletas ou confusas. Com a apresentação da dificuldade em questão, esperamos encorajar mais reflexões no que concerne ao estudo da gramática na escola. Palavras-chave: AbstractThis paper aims to show how some principles of the generative grammar can be used to contribute to a more reflective approach to grammar in classrooms, emphasizing the student's previous knowledge of his/her language, even before entering school. Our research consists of the discussion of excerpts from the Brazilian National Curriculum Parameters (PCNs) as well as the analysis of two elementary school textbooks of Portuguese. Our analysis focuses on the study of nouns and adjectives and highlights the difficulties in establishing boundaries between these two parts of speech. The varying criteria used by the textbooks to describe and classify them result in incomplete or confusing definitions. We hope to encourage further reflection and debates concerning the study of grammar at school.
Argumentamos, neste artigo, que o Tapirapé, língua indígena do estado de Mato Grosso, lança mão de estratégias de polidez negativa (Goffmann, 1959; Brown & Levinson, 1987 [1978]), que se manifestam por meio de uma quebra na hierarquia de pessoa (1>2>3) comumente observada em línguas do tronco Tupí-Guaraní (Monserrat & Facó Soares, 1983). Nossa hipótese é a de que a quebra se dá justamente em situações nas quais ofalante procura minimizar uma posição de superioridade em relação à de seu interlocutor.
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