O texto aqui traduzido, originalmente escrito em língua alemã, foi publicado em 1913 na seção de Resenhas críticas [Referate und Kritiken] do Zentralblatt für Psychoanalyse und Psychotherapie. Nele, Reik comenta a conferência do psicanalista estadunidense James Jackson Putnam, publicada em 1912 com o título: Sobre a importância da formação e das perspectivas filosóficas para o desenvolvimento futuro do movimento psicanalítico. Trata-se da primeira versão brasileira do texto de Reik e, possivelmente, a sua primeira tradução publicada. Este trabalho dá sequência a uma série de traduções e publicações realizada por nós, daquilo que pode ser denominado o primeiro debate entre filosofia e psicanálise no interior do movimento psicanalítico. É o resultado parcial de uma pesquisa em andamento sobre as origens da relação entre filosofia e psicanálise
Propomos nesse artigo contribuir à expansão da interpretação de Édipo Rei, de Sófocles, além da indicação de Freud de que ele antecipou o Complexo de Édipo. Defenderemos que essa peça tem um importante conteúdo político e religioso além de psicológico, como argumenta Hölderlin, com base em um destaque de um momento da trama que Freud cita com um leve equívoco: não foi o oráculo que associou a peste ao assassinato de Laio, mas Édipo, que poderia ter lido o conselho de “Banir a mácula do país” como um simples estadista, mas o fez “de modo demasiadamente infinito”. Assim, sua “hamartia” (erro) foi o de ter sido impulsionado pelo “nefas” (excesso, presunção) da curiosidade irada, que o levou a misturar religião (infinito) e política (finito) e a descaracterizar ambos os domínios. Também discordaremos de Freud de que haja “oposição entre destino e vontade” no mito: há, antes, identidade entre eles.
Nós nos propomos analisar e interpretar em que sentido a descrição de Philonenko de que Schopenhauer desenvolveu uma “fenomenologia da vida ética” pode ser lida sem grandes problemas, se nos detivermos à sua fundamentação empírica da moral, exposta em Sobre o Fundamento da Moral. Caso a estendamos à metafísica dos costumes do filósofo, como fez Philonenko, essa expressão já será inadequada pelo fato da última não ter por objeto nenhum fenômeno, mas o que se “esconde por trás deles (...), a coisa em si mesma”. Esse esclarecimento também nos ajudará a evidenciar que Schopenhauer inovou cientificamente, na moral, ao reconduzir as ações humanas a três motivos fundamentais: o bem-estar próprio, alheio e o mal-estar alheio (predicados, respectivamente, por egoísmo, bondade e malevolência); e ao explicar a possibilidade da segunda motivação como oriunda do sentimento da compaixão (divisível em um grau negativo, o da justiça, e um positivo, a caridade).
O que segue é a tradução do artigo Schopenhauer und die Religion, de Paul Deussen, apresentado pelo autor durante o terceiro Congresso da Schopenhauer-Gesellschaft (Sociedade Schopenhauer), em 4 de junho de 1914, e publicado em 1915, na quarta edição dos anuários Schopenhauer-Jahrbuch da Schopenhauer-Gesellschaft. O volume do periódico foi organizado pelo próprio Deussen (Colônia: Verlag der Schopenhauer-Gesellschaft, 1915). A presente tradução é uma homenagem ao autor por ocasião do centenário da elaboração do texto (2014).
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