RESUMO Embora estudos apontem, cada vez mais, a ampliação de índices da denominada juventude “nem, nem, nem” (nem estuda, nem trabalha, nem pretende voltar a trabalhar e estudar) e a intensificação de sua inserção em facções e rotas do tráfico na paisagem das metrópoles, paradoxalmente observa-se um incremento de experiências juvenis criativas que emergem da vivência das ruas e da formação de coletivos de periferia. Práticas culturais de origem diversa atravessam lugares materiais e digitais, mobilizando entre jovens múltiplos fazeres: organização de saraus, produções audiovisuais realizadas por meio de celulares, formação de coletivos de arte, inserção em grupos de teatros de rua, dentre outros. Contrariando caminhos normativos mediados pela via institucional escola/trabalho e sob um efeito de “táticas desviacionistas” (De Certeau), essas juventudes parecem condensar signos inventariados pelas mídias com repertórios concernentes a estéticas, jeitos e linguagens pactuados nas culturas de rua. Este artigo pretende, assim, discorrer acerca da experiência exemplar de produção do seriado La Casa d’uz Vetin, produzido por influenciadores digitais da periferia, destacando novos diagramas de criatividade e práticas emblemáticas das juventudes contemporâneas.
resumo Este texto é parte de uma pesquisa que vem sendo desenvolvida acerca das experiências juvenis e conexões entre esferas online e ofine. Nesse estudo são traçados percursos de signos de pixadores entre a cidade e o ciberespaço. Foi tomado como locus de observação as redes de relacionamento do Orkut e Facebook de pixadores destacados de Fortaleza. Além da etnografa no ciberespaço, foram realizadas entrevistas online e contatos presenciais. Os pixadores "tacam marcas" no ciberespaço. Observou-se que as marcas das "siglas" de pertencimento, o "nome" dos pixadores, podem defnir territórios no ciberespaço não necessariamente acoplados aos ambientes da cidade. O "xarpi" pode ser "apagado" dos lugares físicos da cidade e, mesmo assim, resistir ao efeito do tempo no ciberespaço. Percebe-se ao longo da pesquisa que o ciberespaço possibilita a partilha do nome e a visibilidade da sigla de pertencimento no universo das demais siglas, produzindo assim outros "regimes de signos". palavras-chave Juventude; Ciberespaço; Pixação; Linguagem Juveniles urban signs: routes of ilegal graffti in cyberspace abstract Tis text is part of a research about youth experiences and the connection between online and ofine spheres. Tis study follows the routes of grafti signs between the city and
Este texto tem como objetivo a partilha de uma experiência etnográfica no campo da street art desenvolvida em Lisboa. Em uma investigação realizada anteriormente, observei que o ciberespaço pode proporcionar às inscrições urbanas consideradas ilegais um lugar de visibilidade e de não efemeridade. O ciberespaço, como aludiu um dos interlocutores de pesquisa, muitas vezes eterniza o que a cidade apaga. Decidi implementar um itinerário marcado por intervenções de artistas urbanos que se moviam entre uma zona de Lisboa e ambiências das redes sociais digitais. Por meio do trabalho de observação realizado com o artista denominado Dalaiama Street Art, efetuo os processos de desdobramento entre as instâncias material e digital. Finalizo o texto apontando que a natureza ubíqua das esferas que perpassam a Internet acaba por produzir argúcias, inversões e o mútuo reconhecimento entre atores que povoam narrativas, envolvendo quem pesquisa e quem é pesquisado.
O objetivo deste artigo é descrever as dinâmicas relacionais da arte de rua a partir de um olhar para a trajetórias de artistas memoráveis de duas cidades brasileiras: São Paulo e Fortaleza. Desse modo, se há especificidades na forma em que os artistas de rua atuam nessas duas cidades, há também muitos pontos em comum, como a constituição de formas singulares de ocupação do espaço e de memórias políticas. Ao apresentar as especificidades das artes de rua e seus conflitos em duas cidades brasileiras, também se tentará situá-las no contexto político atual do país, mostrando como o Estado atua tanto para capturar ou reprimir essas intervenções.
Resumo Este artigo é parte de uma etnografia realizada em Lisboa sobre arte urbana e graffiti. O texto evidencia as fluidas e porosas fronteiras que se desenham entre conexões e produções da arte urbana. Como caso exemplar, segui a trajetória da writer portuguesa Tamara Alves, que, além de “artista de rua”, se autoidentifica como designer gráfica, tatuadora, performer e DJ. Notei que, na medida em que é dado ao artista a palavra possível de cerzir o underground com outros domínios singulares de atuação, ele passa a operar no circuito entre um dentro e um fora do mercado, entre trabalho e prazer, tal qual sinaliza o pontilhismo das experimentações efetuadas por Tamara Alves. Concluo, de modo provisório, que as divisas entre o tempo de fruição da vida e o relativo ao do trabalho cada vez mais se estreitam no âmbito das profissões consideradas criativas, configurando novas agências e modulações entre trabalho e arte.
O artigo tem como objetivo identificar signos da transgressão do imaginário político brasileiro em suas conexões com a dimensão da festa. O texto tem por base o desfile da Escola de Samba Paraíso do Tuiuti, do Rio de Janeiro, no carnaval de 2018. Consideramos que o desfile da Tuiuti produziu o que pode ser denominado de um "teatro do patético", coreografando, no espaço da Sapucaí, imagens-que muitas vezes não são nítidas-da situação política do país. Parte-se do pressuposto de que a formação de esferas públicas participativas no Brasil nem sempre estiveram ligadas ao mundo do trabalho, às mobilizações sindicais e aos partidos supostamente comprometidos com práticas democráticas. A festa produz, no plano das ações instituintes, dispositivos que parecem colidir com a ordem social, traduzindo outros signos de produção de uma cultura política contestatória. Palavras-chave: Escola de Samba Tuiuti. Festa. Imaginário político e democrático. * Glória Diógenes é antropóloga da Universidade Federal do Ceará (UFC-Brasil) e pesquisadora do CNPq. ** Paulo Henrique Martins é sociólogo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE-Brasil) e pesquisador do CNPq. 1 O samba da escola é de autoria dos compositores Moacyr Luz, Cláudio Russo, Dona Zezé, Aníbal e Jurandir. Segundo fontes consultadas, "As primeiras negociações para a criação da Paraíso do Tuiuti datam de 1952. Porém, a fundação da escola foi concretizada apenas em 1954, após a extinção da Unidos do Tuiuti. À época, a Paraíso da Baianas também enfrentava um declínio. Os moradores do morro, sem condições financeiras para acompanhar o carnaval das escolas de samba, preferiam participar de blocos carnavalescos como o Bloco dos Brotinhos, também do Tuiuti. Foi então que um grupo de sambistas se reuniu, entre eles Nélson Forró e Júlio Matos, e resolveu terminar com o bloco e, também, com a Paraíso das Baianas e criar uma nova escola de samba.
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