O artigo mostra que as reformas curriculares ocorridas no curso de ciências sociais da UFRJ não influem sobre as taxas de evasão dos estudantes, enquanto a inserção de alunos em projetos de pesquisa por meio de programa de iniciação científica diminui em muito os índices de abandono da graduação. Ao relacionar currículos e evasão no período de 1939 a 1988, a pesquisa feita na UFRJ evidencia ainda que as mudanças de currículo ocorreram, significativamente, de acordo com mudanças de ordem política e social. Seguiram, porém, a "lógica da acumulação", modificando-se pouco a estrutura curricular, pois a ela foram sendo acrescentadas cada vez mais matérias e disciplinas. Contrastando com essa experiência histórica, o Programa de Iniciação Científica do Laboratório de Pesquisa Social (LPS), que funcionou nos de 1988 a 1997, não só manteve alto índice de alunos no curso até o término da graduação, como proporcionou uma formação acadêmica que permitiu à maioria de seus egressos a possibilidade de se dedicar a atividades profissionais voltadas para as ciências sociais.
Changes in the social sciences core curriculum of the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ) do not influence student evasion rate, while their insertion into research projects through scientific training programs decreases, to a great extent, the levels of undergraduate student evasion. The study at the UFRJ compared curricula and evasion for the period of 1939 to 1988 and found that changes made to the curriculum occurred, markedly, according to political and social changes. They, however, followed the "logic of accumulation", that had small influence on the curriculum structure, since more subjects and disciplines were simply added to it. Comparing this historical experience to that of the scientific training program of the Social Research Laboratory, that worked from 1988 to 1997, we find very high averages of students finishing the graduation course, with solid academic training which allowed the majority of students to go on to work with the Social Sciences in their professional lives
No acervo das pesquisas sociológicas, o lugar ocupado pelo livro O problema do sindicato único no Brasil e seus fundamentos sociológicos (1 ed. 1952), de Evaristo de Moraes Filho, merece ser revisto. O autor faz a defesa impecável da adoção de uma abordagem sociológica no estudo das associações profissionais e dos sindicatos operários, reunindo uma disciplina e um tema que até então não tinham sido relacionados, mas cuja validade poderia ter sido reconhecida em pequeno círculo de estudiosos da sociologia e intelectuais voltados para a institucionalização da disciplina naquela época. No campo do direito, as dificuldades para o reconhecimento de suas teses não eram menores, embora os motivos não fossem os mesmos. O reconhecimento da importância de uma sociologia do direito enfrentava as hostilidades dos juristas, mais afeitos às matérias normativo-doutrinárias próprias do seu métier, legitimado pela longa tradição de trabalho, do que às concepções e às práticas sociológicas que não só guardavam o caráter de "novidade" como também almejavam à neutralidade axiológica. O pioneirismo de Evaristo de Moraes Filho não se limita, porém, ao uso de abordagem sociológica para a compreensão do surgimento e do papel das primeiras associações sindicais no Brasil, nem tampouco à posição que adotou em relação à explicação sociológica do fato jurídico, encontra-se, antes, a meu ver, no significado que atribui à capacidade de associação livre por interesse (Weber, 1991, pp. 25-30) dos trabalhadores para a construção da sociedade moderna no país. Ao reconhecer a maioridade dos trabalhadores brasileiros para lutar pela melhoria de suas condições de vida, Evaristo toma posição contrária a um dos mais eficazes mitos da cultura brasileira -ambigüi-dade e incapacidade de os brasileiros se tornarem "modernos" -, para o que haveriam de recorrer a verdadeiro Leviatã. É defendendo o ponto de vista de que a obra O problema do sindicato único no Brasil e seus fundamentos sociológicos remou contra a maré do seu tempo, e, ainda, se põe hoje contra as interpretações da "faltosa" e "incompleta" sociedade brasileira que procuro aqui rever o pensamento de seu autor no quadro das interpretações sobre a modernidade no Brasil. EVARISTO DE MORAES FILHO E A MAIORIDADE DOS TRABALHADORES BRASILEIROS Glaucia Villas BôasInsolidarismo social é a expressão que define a "falta" ou a "ausência" de instituições organizadas livremente para atender a interesses de grupos, e cuja durabilidade é essencial para que sejam reconhecidas e se tornem eficazes. A fugacidade das instituições no Brasil, como uma característica da cultura brasileira, tornara-se questão relevante no pensamento de Oliveira Vianna, mas, segundo Evaristo, dela tinham se ocupado também Gilberto Freyre, Capistrano de Abreu, Sérgio Buarque de Holanda, Alberto Torres e Tobias Barreto (Moraes Filho, 1978, pp. 314-319). O insolidarismo devia ser combatido programaticamente, evitando-se a fragmentação e o afrouxamento dos laços de instituições e associações. Diferenciando-se porém de seus interlocutores...
O artigo tem o objetivo de discutir os critérios geopolíticos de classificação da arte, argumentando que tais critérios obstaculizam a apreciação das artes na sua dimensão estética e sociológica. Os critérios de natureza geopolítica se fundamentam em pares dicotômicos tais como exotismo vs. civilização, centro vs. periferia, nação vs. universalismo, que há mais de um século vêm sendo utilizados, por diretores de museus, historiadores, críticos de arte e curadores. Procura-se demonstrar o uso sistemático dessas categorias que servem tanto aos discursos críticos da pintura colonial quanto aqueles relacionados ao modernismo brasileiro. Conclui-se que somente o estudo das nuanças finas das interações entre os indivíduos e os grupos leva à compreensão da complexidade dos processos de criação artística, pondo fim aos constrangimentos das categorias geopolíticas de classificação e permitindo o trânsito em áreas ainda desconhecidas.
The article explores the use of geopolitical criteria as a method for classifying art, so as to revise criteria considered prejudicial to the appreciation of art in its symbolic and sociological dimension. With reference to Brazilian art, it presents classification models that are based on dichotomies such as exoticism vs. civilization, centre vs. periphery and nation vs. universalism, these models have informed museum directors, historians, art critics and curators, for more than a century. Those dichotomies are analysed in critical discourses from colonial paintings as well as those related with Brazilian modernism. It concludes that only a study of the finer nuances of the interactions between individuals and groups can lead to the comprehension of the complexity of artistic creation processes, breaking free from the constraints of geopolitical classification categories and permiting its transit through yet unknown areas
O artigo examina os motivos que levaram Maria Isaura Pereira de Queiroz a envolver-se com um projeto de memória, voltado para a preservação e publicação das obras completas de seu mestre e amigo Roger Bastide, professor da Universidade de São Paulo entre 1938 e 1954, morto em 1974. A correspondência de Maria Isaura à viúva e à filha de Bastide, datada de 1975 a 1989, evidencia os esforços empreendidos pela socióloga, assim como as adversidades políticas e financeiras que enfrentou para a realização do projeto que não logrou concluir.
Este artigo é parte do estudo apresentado pela autora Patrícia Conceição Costa Teixeira como monografia de conclusão do Curso de Especialização em Gestão da Inovação em Fitomedicamentos do NGBS/Coordenação de Estudos de Far-Manguinhos. O Brasil possui grande diversidade em sua flora, o que significa vantagem competitiva no desenvolvimento de fitomedicamentos. A biodiversidade existente em seus vários biomas (Caatinga, Cerrado, Pantanal, Mata Atlântica, Amazônia e Pampa) possibilita que o país desenvolva ciência e tecnologia na produção de medicamentos de origem vegetal. Aborda-se a discussão onde o conhecimento é visto como processo de inovação para viabilizar a repartição de benefícios, atendendo às necessidades humanas e não somente às necessidades do mercado. A partir do resgate das experiências não legitimadas do homem do campo e da floresta é possível compreender a inovação como processo social. Este trabalho apresenta a discussão sobre o conceito de território, territorialidade, redes, globalização e conhecimento como contribuição no processo de produção de fitomedicamentos de origem vegetal no Brasil e tem como objetivo a compreensão da inovação no processo social e da formação dos Arranjos Produtivos e Inovativos Locais como fomentadores do desenvolvimento econômico e da sustentabilidade dos biomas brasileiros.
ResumoO artigo retoma o ensaio "A moldura" de Georg Simmel, publicado em 1902 no jornal berlinense Der Tag, com o propósito de examinar a noção de arte contemporânea a partir das categorias de todo e parte, heterodoxia e autonomia, distância e proximidade, enquadramento e ausência de limite inscritas no texto do autor. Diante das transformações do campo artístico, provocadas pelo desmantelamento dos cânones da arte, as ideias de Simmel parecem retrógradas, ultrapassadas e fadadas ao esquecimento. Em "A moldura", ele ressalta a autonomia e o distanciamento da obra de arte, sua natureza desinteressada e sua entrega ao espectador como dádiva. Além disso, afirma que a moldura é um artefato indispensável à obra de arte tanto quanto um elemento constituinte de uma modalidade específica da visualidade, que fomenta um modo de ver contemplativo. Nada poderia ser mais avesso às atuais políticas de proximidade da arte com o seu entorno e de participação efetiva do espectador na obra ou processo artístico; tanto a moldura como a contemplação há muito foram questionadas, perdendo o seu sentido e valor. Argumenta-se, contudo, que as ideias centrais do escrito simmeliano são pertinentes, atuais e relevantes para se pensar questões sociológicas contemporâneas da arte, uma vez que é no jogo entre isolamento e distância do mundo, afastamento e proximidade, autonomia e heterodoxia que a arte -inclusive a contemporânea -se mantém, se apresenta e recria a si própria. Palavras-chave: Arte contemporânea; moldura; Georg Simmel; autonomia e heterodoxia; proximidade e distância. AbstractThis paper addresses Georg Simmel's essay "The Picture Frame", published in 1902 in the Berliner newspaper Der Tag, in order to examine the notion of contemporary art having recourse to his categories of the whole and the part, heterodoxy and autonomy, distance and proximity, framing and absence of limit. In view of the transformations in the artistic field provoked by the dismantling of art canons, Simmel's ideas seem to be old fashioned and doomed to be forgotten. In "The Picture Frame", he highlights the autonomy and distance of the art work, its disinterested nature, and its offering to the audience as a gift. Moreover, he points out that the frame is an artifact indispensable to the work of art, inasmuch as it constitutes a specific kind of visuality which stimulates a contemplative way of seeing. Nothing could be farther away from art's current politics of proximity to its surroundings and of participation of the audience in the work or in the artistic process; both the frame and contemplation have long been questioned, thereby losing their purpose and value. I argue, nonetheless, that the main
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.