Desde sua formulação na primeira metade do século XX (AUSTIN, 1962), a Teoria dos Atos de Fala tem se consolidado como uma frutífera abordagem para a compreensão das relações entre língua(gem) e ação. Em favor dessa afirmação, podemos observar, por exemplo, o constante tratamento da teoria nos mais variados manuais linguísticos sobre Pragmática. Tendo em mente, pois, esse lugar privilegiado que, a despeito de seus críticos, a teoria alcançou, e com vistas a possibilitar novas incursões na Teoria dos Atos de Fala ou, até mesmo, em toda a filosofia da linguagem e da mente de John Searle, o presente artigo visa jogar luz sobre os conceitos de “significado” e “verdade” que subjazem à Teoria dos Atos de Fala de orientação searleana. Para tal, além de colocações pontuais decorrentes do conjunto de escritos do próprio John Searle, recuperamos as considerações de Mari (1998), Strawson (1982) e Walker (1997). Ao fim, sustentamos que na base da Teoria dos Atos de Fala está tanto a concepção da “verdade como correspondência” quanto o entendimento de que o significado é o produto das complexas relações entre o significado convencional da sentença (aspecto formal), por um lado, e o significado intencional do falante, enunciador (aspecto enunciativo), por outro.
Dentre as teses que tornaram célebre o nome de Mikhail M. Bakhtin, certamente, podemos contar sua discussão em torno da carnavalização, elaborada a partir de um amplo estudo da obra de François Rabelais. A grande questão é que, não raro, as tentativas de enxergar a carnavalização para além de Rabelais têm engendrado certo reducionismo do conceito. No presente texto, então, buscamos apresentar os termos da carnavalização, tal como Bakhtin a apresenta em seu Problemas da poética de Dostoiévski, de 1963, e, sobretudo, em A cultura popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de François Rabelais, de 1965. A partir das considerações de Bakhtin, tecemos uma reflexão a respeito da obra do compositor e cantor brasileiro Antônio Carlos Belchior. Na impossibilidade de perscrutar, aqui, toda a extensa obra de Belchior, nossa reflexão focaliza o álbum Elogio da loucura, de 1988. De modo semelhante, por não ser possível, aqui, discorrer detidamente sobre todas as canções do referido álbum, optamos por observações pontuais a respeito de algumas canções e, então, para uma análise mais detida, voltamo-nos à canção que fecha o álbum, nomeadamente, “Arte final”. Em seu todo, a reflexão proposta no presente trabalho busca sustentar a hipótese de que, na obra de Belchior, subjazem reminiscências do senso carnavalesco do mundo e, com elas, uma aporia.
Resenha do livro:GRAINGER, Karen; MILLS, Sara. Directness and Indirectness Across Cultures. Basingstoke:Palgrave Macmillan, 2016, 177p.
Todo conteúdo de Bakhtiniana. Revista de Estudos do Discurso está sob Licença Creative Commons CC -By 4.0 Mikhail Bakhtin levou uma vida extraordinária: extraordinária em sua dificuldade e extraordinária em suas realizações. Ken Hirschkop No cenário internacionalespecialmente, o cenário de língua inglesa -, o professor e pesquisador nova-iorquino Ken Hirschkop (University of Waterloo, Canadá) destaca-se como um dos mais afamados estudiosos das obras de Bakhtin e seus confrades. Além de organizar, ao lado de David Shepherd, a obra Bakhtin and Cultural Theory (original de 1989, com edição revista e expandida em 2001), Hirschkop é o responsável pela reflexão presente em Mikhaïl Bakhtin: an Aesthetic for Democracy (1999). Logo, não causa espécie que justamente o referido professor tenha sido escolhido para o desafio de elaborar The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin, publicado no final de 2021, como parte da série Cambridge Introductions to Literature, da Cambridge University Press. Nesse texto, desde o primeiro capítulonomeadamente, Introduction -, o pesquisador norte-americano revela seu interesse de fazer o possível "para equilibrar e coordenar duas tarefas: apresentar um Bakhtin útil e interessante para estudantes e pesquisadores; e apresentar o que é, em alguns aspectos, um novo Bakhtin" (HIRSCHKOP, 2021, p.4) 1 . E essas tarefas, certamente, ganham maiores condições de efetivação com a bem elaborada divisão do livro, qual seja, a divisão entre Life, Context, Works e Reception [Vida, Contexto, Obras e Recepção]-respectivamente, títulos do segundo, do terceiro, do quarto e do quinto capítulos. Temas que são seguidos por um sexto capítulo, intitulado A Brief Conclusion [Uma breve conclusão]. Como The Cambridge Introduction to Mikhail Bakhtin é uma espécie de apresentação da vida e do pensamento de Bakhtin para leitores de diferentes tipos, um texto que se proponha a somente expor o Bakhtin apresentado por Hirschkop terminaria sendo um resumo do resumo. Portanto, aqui, além de uma brevíssima incursão em cada capítulo, tecerei considerações mais específicas, que ressaltam, efetivamente, os pontos mais distintos do texto de Hirschkop.
Entrevista concedida pelo prof. Dr. Carlos Alberto Faraco a respeito de questões próprias dos estudos em torno do Círculo de Bakhtin.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.