Resumo A Covid-19 provocou número elevado de perdas e mudanças nos processos de cuidado e despedida, fatores que podem dificultar a elaboração do luto. Objetivamos, assim, compreender as particularidades do luto no âmbito da Covid-19, ressaltando a importância da adaptação e da criação de estratégias voltadas ao cuidado da saúde mental nos processos de luto. O ensaio realiza um panorama teórico, indicando elementos presentes na pandemia com potencial para interferir no luto, e apresenta um levantamento de iniciativas adaptadas a tal contexto. A pandemia trouxe mudanças na forma de experienciar o morrer. Evidenciam-se iniciativas na tentativa de mitigar os efeitos emocionais, cognitivos e comportamentais. O momento convoca a repensar conceitos e (re)criar compreensões acerca da morte e do luto, ressaltando-se a importância da Rede de Saúde Mental, com o fortalecimento de ações de base sociocomunitária, reconhecimento de diferentes níveis de complexidade das demandas e acesso organizado à atenção especializada.
Health care for patients with serious illnesses usually implies the need to make a large number of decisions, ranging from how information is shared to which diagnostic or therapeutic procedures will be adopted. The method of such decision-making has important implications from an individual and collective point of view and may contribute to either relieving or aggravating suffering. In this consensus document, the Bioethics Committee of the Brazilian National Academy of Palliative Care (ANCP) and the Permanent Committee on Palliative Care of the Brazilian Geriatrics and Gerontology Society (SBGG) adopt the principles of compassionate listening proposed by Saunders, of the nature of suffering proposed by Cassel, of dignity-preserving care proposed by Chochinov, and of cultural humility as a starting point for the construction of an official position of ANCP and SBGG on shared decision-making in palliative care. The position statement posits that, unlike paternalistic and consumerist models, the decision-making process in the sphere of palliative care must follow the mutualistic model of shared decision, where decisions are built based on dialogue between healthcare professionals and patients/family. The document sets forth the assumptions of this process, the limits of autonomy of patients/family and healthcare professionals and the distinction between futile and potentially inappropriate treatments, besides ratifying its incompatibility with any forms of coercion and conflict of interest foreign to the best interests of patients.
Os cuidados de saúde com pacientes portadores de doenças graves usualmente implicam a necessidade de tomada de um grande número de decisões, envolvendo desde a forma como a informação é compartilhada até quais procedimentos diagnósticos ou terapêuticos serão adotados. A maneira como tais decisões são tomadas têm importantes implicações do ponto de vista individual e coletivo, podendo contribuir tanto para o alívio como para o agravamento do sofrimento. No presente documento de consenso, o Comitê de Bioética da Academia Nacional de Cuidados Paliativos (ANCP) e a Comissão Permanente de Cuidados Paliativos da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) adotam os princípios da escuta compassiva proposto por Saunders, da natureza do sofrimento proposto por Cassel, dos cuidados preservadores da dignidade propostos por Chochinov e da humildade cultural como ponto de partida para a construção de um posicionamento oficial da ANCP e SBGG acerca do processo de tomada de decisão compartilhada em cuidados paliativos. O posicionamento estabelece que, em contraposição aos modelos paternalistas e consumistas, o processo de tomada de decisão no âmbito dos cuidados paliativos deve seguir o modelo mutualista de decisão compartilhada, no qual as decisões são construídas a partir do diálogo entre profissionais de saúde e pacientes/familiares. O documento estabelece os pressupostos deste processo, os limites da autonomia de pacientes/familiares e profissionais de saúde, a distinção entre tratamentos fúteis e potencialmente inapropriados, bem como ratifica sua incompatibilidade com quaisquer formas de coerção e conflitos de interesse alheios ao melhor interesse dos pacientes.
A pandemia de COVID-19 teve início em dezembro de 2019 e, por seu alto grau de transmissibilidade, demandou uma nova organização dos serviços assistenciais, a partir da incorporação das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no cotidiano da assistência em saúde e exigência de diversas adaptações. Diante disso, este artigo tem por objetivo apresentar um relato de experiência acerca da atuação de equipe de saúde com conferências familiares via TICs em um hospital da cidade de Fortaleza, Ceará, no contexto da pandemia de COVID-19, entre março e julho de 2020, entendendo a conferência como intervenção em saúde voltada à comunicação e à tomada de decisão compartilhada. Em suma, a conferência familiar, mediada por TICs, apresentou-se como elemento fundamental na manutenção de vínculos e na assistência à família durante o período de isolamento social rígido. Entretanto, considerando intercorrências próprias da dependência de recursos tecnológicos, destaca-se a importância de um planejamento prévio em que se considere um preparo para o imprevisível, uma investigação dos recursos de tecnologia disponíveis e uma ênfase na elaboração de vínculos entre equipe-família-paciente.
A morte, esse evento natural e inevitável, traz consigo diversas representações, de acordo com o contexto histórico em que está inserida. A partir da evolução da ciência, a morte passou a ser vista enquanto fracasso e tabu, produzindo angústia e medo. Nesse contexto, entende-se que a negação desse evento provoca sofrimento intenso, principalmente para os profissionais de saúde que estão em contato direto com o mesmo. A escassez de espaços que promovem uma capacitação teórico-técnica-emocional sobre o processo de morte e o morrer resulta em profissionais pouco preparados para lidar com situações de terminalidade, o que pode ocasionar adoecimentos psíquicos e físicos e afetar diretamente a qualidade da assistência prestada aos pacientes e aos seus familiares. Diante disso, esse manuscrito descritivo e exploratório busca relatar, a partir do olhar da equipe organizadora de uma instituição de ensino em saúde de Fortaleza, a experiência da construção de uma formação teórico-vivencial em Tanatologia para estudantes e profissionais da área da saúde. Acreditamos que a criação dessas formações possa contribuir para a minimização do estigma da morte e para a qualificação da assistência em saúde, possibilitando o reconhecimento e compartilhamento das dificuldades e potencialidades frente ao encontro com a morte e o morrer.
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