O Município de São Paulo é uma área bem amostrada em relação à fauna de répteis devido à coleta intensiva feita pela população local nos últimos 100 anos. Neste trabalho consultamos registros e examinamos exemplares de coleções científicas para elaborar uma lista das espécies da região. A fauna de répteis também foi caracterizada em relação a três parâmetros ecológicos: uso do ambiente, uso de substrato e hábitos alimentares. Registramos um total de 97 espécies de répteis (dois quelônios, um crocodiliano, 19 lagartos, sete anfisbenídeos e 68 serpentes). Aproximadamente 70% da fauna de lagartos e 40% das serpentes é composta por espécies típicas de ambientes florestais e ocorrem na Serra do Mar. Outros squamata são característicos de formações abertas e são encontrados, sobretudo nas formações abertas de Cerrado do interior paulista. Todas tartarugas e o crodiliano estão associados a corpos da água. Aproximadamente 63% dos lagartos são predominantemente terrícolas e os demais são arborícolas. A maior parte das espécies de serpentes é terrícola (38%) ou subterrânea/criptozóica (25%), menor parte é arborícola (18%) ou aquática (9%). Artrópodes são o item predominante na dieta de lagartos. Quase 50% das espécies de serpentes alimentam-se exclusivamente ou predominantemente de anfíbios anuros. Outros itens alimentares importantes são mamíferos (24%), lagartos (18%), vertebrados subterrâneos (10%) e invertebrados (minhocas, moluscos e artrópodes; 15%). Um total de 51 espécies não tem sido registrado ao longo dos últimos seis anos no município. Provavelmente muitas dessas espécies já estão extintas na região em função da intensa urbanização e perda de hábitats. O levantamento de espécies coletadas no Município de São Paulo e recebidas pelo Instituto Butantan em anos recentes permitiu identificar pelo menos 42 espécies de serpentes e 10 lagartos que ainda ocorrem na região. A elevada riqueza desta fauna pretérita parece ser decorrente da localização geográfica do município, que, no passado, apresentava um mosaico de áreas florestais de Mata Atlântica e formações naturais abertas (cerrados, campos de altitude). Desse modo, a região deveria permitir originalmente a ocorrência concomitante de muitas espécies de áreas florestais e abertas. A fauna de serpentes atual registrada ao longo dos últimos três anos indica que houve uma perda maior da biodiversidade de espécies de formações abertas em relação àquelas de formações florestais.
Factors driving the spatial configuration of centres of endemism have long been a topic of broad interest and debate. Due to different eco-evolutionary processes, these highly biodiverse areas may harbour different amounts of ancient and recently diverged organisms (paleo-and neo-endemism, respectively). Patterns of endemism still need to be measured at distinct phylogenetic levels for most clades and, consequently, little is known about the distribution, the age and the causes of such patterns. Here we tested for the presence of centres with high phylogenetic endemism (PE) in the highly diverse Neotropical snakes, testing the age of these patterns (paleo-or neoendemism), and the presence of PE centres with distinct phylogenetic composition. We then tested whether PE is predicted by topography, by climate (seasonality, stability, buffering and relictualness), or biome size. We found that most areas of high PE for Neotropical snakes present a combination of both ancient and recently diverged diversity, which is distributed mostly in the Caribbean region, Central America, the Andes, the Atlantic Forest and on scattered highlands in central Brazil. Turnover of lineages is higher across Central America, resulting in more phylogenetically distinct PE centres compared to South America, which presents a more phylogenetically uniform snake Research * equally contributed.
329fauna. Finally, we found that elevational range (topographic roughness) is the main predictor of PE, especially for paleoendemism, whereas low paleo-endemism levels coincide with areas of high climatic seasonality. Our study highlights the importance of mountain systems to both ancient and recent narrowly distributed diversity. Mountains are both museums and cradles of snake diversity in the Neotropics, which has important implications for conservation in this region.
Elaboramos uma lista das espécies de répteis do Estado de São Paulo com base nos registros confirmados de exemplares depositados nas três maiores coleções científicas do estado, complementando esta informação com a bibliografia disponível. Registramos a presença de 212 espécies de répteis no Estado de São Paulo, distribuídas em 23 famílias, incluindo 12 quelônios, três crocodilianos e 197 Squamata (142 serpentes, 44 "lagartos" e 11 anfisbenas). Destas, onze são endêmicas do Estado de São Paulo (Mesoclemmys cf. vanderhaegei, Amphisbaena sanctaeritae, Mabuya caissara, Mabuya macrorhyncha, Liotyphlops caissara, Liotyphlops schubarti, Corallus cropanii, Atractus serranus, Phalotris lativittatus, Bothropoides alcatraz, Bothropoides insularis). Entre os Squamata, quatro lagartos e uma serpente correspondem a espécies ainda não descritas. Destas 212 espécies, 32 estão incluídas na Lista das Espécies Ameaçadas do Estado de São Paulo, enquanto que apenas nove constam na Lista das Espécies Ameaçadas do Brasil. A riqueza de répteis atualmente registrada no Estado de São Paulo representa cerca de 30% da riqueza conhecida para o grupo em todo o território brasileiro, que abrange 721 espécies. Entretanto, concluímos que estudos mais detalhados sobre a taxonomia e a distribuição de espécies bem como os esforços de coleta em áreas com lacunas de amostragem devem ainda aumentar o número de espécies de répteis no estado.
We describe a new species of Bothrops from Vitória Island, off the coast of São Paulo, southeastern Brazil. The new species differs from the mainland coastal populations of B. jararaca mostly in its smaller and stouter body, number and form of scales, and hemipenial morphology. From B. insularis and B. alcatraz, both related species endemic to islands in southeastern Brazil, B. otavioi sp. nov. differs mainly in its body form and number of scales. The new species has the most common mitochondrial haplotype for mainland populations of B. jararaca, which is also found in B. alcatraz. A mitochondrial genealogy (gene tree) shows the new species nested within the northern clade of B. jararaca. This genealogical pattern can be explained by a recent speciation event for B. otavioi sp. nov. The isolation of insular species of Bothrops from continental ancestor populations are probably related to the same vicariant process, the oscillations of sea level during the Pleistocene. The new species feeds on small hylid frogs, and attains sexual maturity at 388 mm snout-vent length (SVL; males) and 692 mm SVL (females). Bothrops otavioi sp. nov. is endemic to Vitória Island, and should be listed as critically endangered because it is known from only a single area (an island), its geographic range covers less than 100 km 2 , and there is a projected continuing decline in the quality of its habitat because of increasing human settlement.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.