Este trabalho pretende refletir acerca de um modo específico de bricolagem, a gambiarra, em seus entrelaçamentos com: a) processos estético-políticos de constituição da auto-realização e autonomia dos sujeitos, e b) uma poética do conhecimento que se serve da bricolagem para libertar linguagens, corpos e objetos de roteiros e scripts valorativos que engessam o olhar e impedem questionamentos e resistências. Aborda-se primeiramente a relação entre a construção da autonomia e a bricolagem através do modo como a gambiarra define modos de fazer e viver em Cuba. Em seguida, se analisa como, nas manifestações dos secundaristas em 2015, a bricolagem permitiu variar as formas dos enunciados existentes e reinventar suas coordenadas de enunciação, libertando palavras, imagens, signos de suas funcionalidades habituais.
Partindo das discussões conceituais acerca dacomunicação alternativa feitas por estudiososcomo Martín-Barbero e Luis Ramiro Beltrán,discutimos como a socialização da internetem Cuba tem favorecido o aparecimento deespaços que, no ambiente digital, contribuempara a visualização da pluralidade políticaexistente na sociedade civil cubana atual.Apresentamos como os ativistas da RedProtagónica Observatorio Crítico (RPOC),aproveitam os recursos do ciberespaço paraconferir visibilidade a suas ideias e iniciativas,combinando suas ações online com oativismo social no espaço público.
Este artigo aborda as relações e vínculos transnacionais e diaspóricos da comunidade cubana no Canadá, de modo compreender as articulações entre os processos migratórios de longa data (meio século da Revolução de 1959), que configuram uma “cultura migratória” cubana, e as transformações midiáticas e comunicacionais que possibilitam uma forma de vida transnacional. A partir de uma pesquisa de inspiração etnográfica realizada entre 2019 e 2021, destacamos as assimetrias, diferenças e vulnerabilidades que estruturam a experiência migratória de cubanos, ressaltando a constante elaboração de novos vínculos, e a conformação de subjetividades outras; sobretudo no contexto atual de adensamento de fluxos humanos e digitais. O conceito de heterotopia de Foucault é acionado para definir: a) a elaboração de espaços de refazimento identitário de cubanos que hoje vivem no Canadá (os vínculos que se conformam em um restaurante, a produção de mensagens em redes sociais e as tatuagens encontradas no corpo de um migrante); e b) uma atitude de abertura aos efeitos que as interações do trabalho de campo podem gerar no processo de mapeamento de laços afetivos em fluxos transfronteiriços.
Este artigo considera o contexto atual da experiência migratória de Cuba, configurada a partir de uma dinâmica de comunicação digital transnacional. Na primeira parte do texto são apresentados alguns elementos do ativismo digital na ilha, evidenciando como experiências de injustiça podem configurar dispositivos midiáticos que atuam como articuladores de múltiplas forças e arranjos que podem atravessar um contexto de comunicação transmidiática e transnacional. A seguir, são apresentados os procedimentos metodológicos adotados para a análise de caso das narrativas construídas na mobilização online em torno da morte de uma criança cubana de um ano, Paloma, após ter sido vacinada. Argumentamos que a criação de um dispositivo (trans) midiático transnacional de interações comunicativas off-line/online foi possível nesse caso pelo engajamento político-afetivo de atores localizados dentro e fora de Cuba em múltiplos espaços off-line e online.
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