Autonomia política como experiência comunicativa de bricolagem e práticas de resistência na gambiarra

Abstract

Este trabalho pretende refletir acerca de um modo específico de bricolagem, a gambiarra, em seus entrelaçamentos com: a) processos estético-políticos de constituição da auto-realização e autonomia dos sujeitos, e b) uma poética do conhecimento que se serve da bricolagem para libertar linguagens, corpos e objetos de roteiros e scripts valorativos que engessam o olhar e impedem questionamentos e resistências. Aborda-se primeiramente a relação entre a construção da autonomia e a bricolagem através do modo como a gambiarra define modos de fazer e viver em Cuba. Em seguida, se analisa como, nas manifestações dos secundaristas em 2015, a bricolagem permitiu variar as formas dos enunciados existentes e reinventar suas coordenadas de enunciação, libertando palavras, imagens, signos de suas funcionalidades habituais.

Vínculos migratórios e interações digitais: novos arranjos disposicionais na Cuba transnacional

“…Mais tarde, com a instalação de nas zonas públicas com acesso a wifi, observamos como um usuário pode compartilhar seu "tempo de conexão" (oficialmente pago) com outros aparelhos conectados em uma pequena rede próxima criada via aplicativos como o Connectify Hotspot. Essas "gambiarras" dizem respeito a arranjos disposicionais que permitem uma forma específica de driblar as barreiras impostas pelos mecanismos de controle do governo, um aprendizado político coletivo de fabricação de dispositivos de contra-poder que o povo cubano tem aprimorado durante muitas décadas de crises econômicas e estritas regulações verticalizadas (HERNANDEZ; ALTHEMAN;MARQUES et al, 2018). termos de quantidade de minutos, SMS, se pode-se ou não utilizar para conexão à internet, etc.…”