Este artigo analisa as percepções de ativistas brasileiros sobre a cobertura climática e sua contribuição para mobilização social. Considerando o alcance e a credibilidade associados ao jornalismo, assim como seu papel de mediação entre ciência, política e sociedade, realizaram-se grupos focais virtuais (Gatti, 2005) com ativistas, de até 35 anos, das cinco regiões do País, para discussão sobre as articulações entre engajamento e jornalismo climático. As respostas foram categorizadas a partir de suas recorrências e adesão à literatura da área, a partir da Análise de Conteúdo (Bardin, 1979). Os resultados revelam que os ativistas observam distanciamento da pauta com o cotidiano das pessoas, dificuldade de compreensão de termos científicos, ausência da apresentação de soluções, mas também dos responsáveis pela crise climática; e reivindicam mais espaço para aqueles que já vivenciam os efeitos e/ou atuam localmente em alternativas para seu enfrentamento. Além disso, afirmam que isso já é feito em alguns veículos especializados e alternativos, mas que é preciso que a imprensa hegemônica participe desse processo.
O artigo apresenta o resultado da Análise de Conteúdo das notícias jornalísticas repercutidas, na rede social Facebook, pelo grupo de vizinhos da CMPC Celulose Riograndense. O objetivo é refletir sobre como o jornalismo do RS acompanhou o conflito ambiental e o sofrimento da vizinhança da maior fábrica de celulose da América Latina, no segundo ano (maio de 2016 a maio de 2017) após a quadruplicação da unidade em Guaíba/RS, período em que a poluição (forte mau odor e barulho alto e ininterrupto, principalmente) emitida pela mesma ultrapassou os limites legais. Constatamos que a repercussão aconteceu principalmente em meios alternativos à imprensa hegemônica, ligados a entidades e movimentos sociais e ambientais.
Os cortes de árvores em Porto Alegre/RS foram chamados de “arboricídio” em 2013 por ativistas nas redes sociais. O artigo analisa a argumentação do blog ambientalista (Agapan) e as fontes ouvidas e identifica como a entidade atuou diretamente no evento midiático. Conclui que o blog problematizou e aprofundou o tema, manifestou a sua representação política não eleitoral no debate público através do pluralismo dos argumentos e desfez a ideia de produção de conteúdo apenas pelo polo emissor.
Este artigo faz um mapeamento das publicações, na rede social Facebook, de moradores midiativistas ambientais sobre o projeto de mineração no Rio Camaquã (RS). O objetivo é refletir sobre as postagens de resistência do midiativismo ambiental na sua interconexão com a luta pelo direito ao ambiente saudável. Na revisão teórica, a partir de um histórico do lugar, verifica-se que as populações atingidas por projetos do desenvolvimentismo buscam formas de resistência ao longo dos anos, com isso fortalecendo ações coletivas. Na análise, apresenta a resistência das comunidades como única forma de sobreviverem diante das agressões da mineração. Entra em cena o midiativismo ambiental, a partir da sua potencialização com a rede social Facebook. Nas considerações finais, indica que a comunicação para a cidadania é certamente objeto da comunicação pela cidadania, na medida em que a análise de um jornal de referência e da agência de notícias do governo do Estado, nos últimos cinco anos, evidencia a limitada atenção ao conflito e é condicionada à justificativa econômica do empreendimento.
Para refletir sobre o poder no jornalismo, o presente artigo vai abordar alguns dos relevantes aspectos do pensamento de Otto Groth em “O poder cultural desconhecido” e de Jean Charron e Jean de Bonville em “Natureza e Transformação do jornalismo”. As obras, respectivamente, da primeira metade do século XX e do início do século XXI, evidenciam uma dupla influência de Max Weber (1864-1920) em ambos os autores: pela Sociologia da Imprensa e pelo método compreensivo para a construção de tipos ideais. O método utilizado neste trabalho foi a pesquisa bibliográfica.
A Organização das Nações Unidas (ONU) destacou em 2019 que a população mundial vivendo em áreas urbanas chegou a 55% tendendo a crescer a 70% até 2050. Mas as cidades ainda carecem de políticas públicas de resiliência com objetivo de mitigar os efeitos e adaptar sua infraestrutura urbana diante da mudança climática (PBMC, 2016). Porto Alegre, capital do Rio Grande do Sul (Brasil), já foi atingida por ciclones e inundações, estiagem e ondas de calor, entre outros efeitos. Considerando a importância da notícia devido à capacidade de nutrir a “ação política possível” e mobilizar as comunidades (Park, 2008), o artigo recorta uma análise de conteúdo qualitativa da circulação de informações pelos agentes públicos e jornais locais sobre a crise climática.
Marcelo Pelizzoli é graduado em Filosofia, especialista em Ciência Política, mestre em Antropologia Filosófica, doutor em Filosofia e possui pós-doutorado em Bioética. É professor da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) nas áreas de Ética prática, Saúde Coletiva (PICS), Direitos Humanos (Conflitos, Justiça Restaurativa). Integra o Grupo de Ciência e Cultura de Paz e a Comissão de Direitos Humanos Dom Helder Câmara da UFPE. O professor acumula a coordenação do Espaço de Diálogo e Reparação da UFPE e do Núcleo de Justiça Restaurativa de Pernambuco. Realiza atividades de extensão na área de direitos humanos e cidadania. A seguir, ele conta os resultados colhidos junto aos sujeitos participantes das práticas e o desenvolvimento da pesquisa na área.
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