O presente dossi� apresenta um conjunto de investiga��es acerca dos modos pelos quais as tecnologias digitais de processamento de dados, nas suas v�rias formas de hardware e de software, fazem parte, cada vez mais, da produ��o de rela��es e a��es sociot�cnicas que atravessam uma parcela consider�vel da exist�ncia cotidiana contempor�nea. Damos mais um passo, assim, na publiciza��o dos trabalhos e dos debates desenvolvidos por pesquisadores e pesquisadoras que, desde 2009, v�m se reunindo em diferentes oportunidades nos encontros da �rea de Antropologia (RAM, RBA, REA), para compartilhar, trocar e discutir os resultados de suas pesquisas sobre o modo como tais a��es e rela��es sociot�cnicas tanto desempenham um papel na reprodu��o de pr�ticas sociais sobre as quais os antrop�logos trabalham h� d�cadas, quanto fazem parte da produ��o de novos espa�os sociais e de novas experi�ncias subjetivas que parecem derivar diretamente da exist�ncia de um ciberespa�o social.
Este artigo apresenta um exame preliminar de dois cultos religiosos populares que ocorrem atualmente no Nordeste do Brasil. Em dois cemitérios, no Rio Grande do Norte, o cangaceiro Jararaca e o ladrão homicida Baracho (espécie de ‘serial killer’, conhecido como ‘matador de motoristas’), são objetos de devoção religiosa por parte de crentes que afirmam ter alcançado milagres por seu intermédio ou que acreditam que virão a alcançá-los por meio de promessas que então, à beira de seus túmulos, não hesitam em fazer. A fé em seus milagres convive com a memória dos feitos dos bandidos que foram em vida, narrados com um misto de admiração e reprovação moral. O tradicional modelo do bandido social, que rouba para dar aos pobres, vem então em seu socorro, de modo a permitir uma continuidade entre o passado criminoso e o presente ‘santificado’. Dentre os fatores centrais nesse processo de ‘santificação’ do bandido, segundo o discurso dos entrevistados, estão a morte violenta e o sofrimento físico e moral a ela associados. O quadro esboçado aqui mostra-nos que se trata de santos muito especiais, isto é, santos precários, posto que sua santidade é objeto de constante controvérsia e contestação mesmo por aqueles que acreditam em seu poder de operar milagres. E parece ser mesmo isso o que os torna tão interessantes, mesmo do ponto de vista dos seus adeptos.
Este artículo analiza las condiciones de surgimiento y reproducción social de la canonización popular, esto es, de un proceso de santificación espontáneo, no institucionalizado ni formalmente organizado, que emerge típicamente en los cementerios. Enfoca dos casos en el Noreste brasileño: Jararaca, un cangaceiro, en Mossoró y Baracho, un asesino, en Natal, ciudades situadas en el estado de Rio Grande do Norte. Se trata de entender qué criterios estarían en la base del reclutamiento de estos santos entre los muertos del cemnterio: ¿por qué un ex bandido se vuelve santo, pero no el ex intendente, que lideró la resistencia victoriosa a la invasión de esos mismos bandidos? Para ello, analizo las representaciones de la vida del bandido, tal como es recordada y contada principalmente por la vía de la transmisión oral y ritual, y las representaciones en torno de su destino póstumo y su posible santidad. Este análisis tiene como objeto principal las prácticas rituales alrededor de la tumba, sobre todo en su dimensión discursiva, y sus efectos, tanto en el sentido de la producción de la eficacia del culto (los milagros) como en el de la elaboración de una memoria de la historia de la vida del bandido, que conduce a otra visión de la historia de los acontecimientos que llevaron a su muerte; luego, también de la historia de la comunidad local y de la propia ciudad.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
10624 S. Eastern Ave., Ste. A-614
Henderson, NV 89052, USA
Copyright © 2024 scite LLC. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers
Part of the Research Solutions Family.