Na última campanha presidencial brasileira, o tema do aborto se tornou uma peça central no debate político. Tema que articula dimensões políticas e religiosas, públicas e privadas, o aborto foi pauta de fortes debates através das mídias articuladas por meio da internet. O objetivo deste artigo é examinar a circulação de um evento crítico em particular: a notícia de um suposto aborto de Mônica Serra, esposa de um dos candidatos à presidência, entre jornais, blogs, redes sociais e Twitter. O que pretendo é investigar o modo como se articulam estes vários espaços de interação e de veiculação de fatos e versões online e offline a partir de um tema que, tornado peça da luta política, passa a articular de forma crítica as dimensões do público e do privado.
Este artigo analisa o texto Raça e assimilação de Oliveira Vianna, no qual o autor tentou construir um discurso científico acerca das diferenças raciais e de seu impacto na assimilação de imigrantes. Argumento que, tendo produzido textos que conferiam um papel fundamental à raça como princípio explicador dos fenômenos sociais num momento em que as abordagens racistas perdiam terreno na antropologia em favor de interpretações de tipo culturalista, Vianna desenvolveu, de forma reativa, uma argumentação cujo cerne era a defesa da cientificidade do conceito de raça como chave interpretativa da vida social. Concluo com uma leitura exploratória do diálogo que o autor estabeleceu com dois de seus contemporâneos, Arthur Ramos e Roquette-Pinto, em torno da abordagem científica exigida pelos estudos raciais e das funções político-administrativas que Vianna atribuía à ciência.
Neste artigo, analiso as representações sobre masculinidade e cuidado de si em comunidades de leitores da revista Men's Health. Com base na análise de tópicos e postagens em comunidades online, abordo desde as tensões em torno da oposição homossexual / heterossexual na autodefinição dos leitores, até a ênfase em um corpo concebido, a um só tempo, como saudável e masculino. Meu objetivo é examinar a construção de uma imagem de si masculina entre estes leitores, que se valem de temas, problemas e técnicas de si que estão presentes na revista, mas, sobretudo, além dela, e que dizem respeito a um determinado estilo de masculinidade, em que a expressão de si através da exposição do corpo desempenha um papel primordial.
O caso analisado neste artigo revela um projeto de ação no qual poder estatal e poder doméstico parecem se reforçar mutuamente. Abordo aqui um dos aspectos da política de Povoamento do Solo Nacional, mais especificamente as práticas dirigidas à constituição de cadeias de autoridade através da apropriação das estruturas de auto-organização dos imigrantes e colonos, isto é, suas estruturas familiares. Estas práticas punham as famílias de imigrantes e colonos no centro do empreendimento de atração de imigrantes e montagem de colônias. A análise tem como referência o argumento de que as políticas de imigração e colonização jogaram um papel no interior de processos mais amplos de formação de Estados Nacionais. Papel que envolve, entre outros aspectos, o uso de técnicas de poder que, ao conformarem um campo de ações dos agentes que eram objeto destas políticas, contribuíram à construção da autoridade pública do governo federal. Assim, tento mostrar como a família é tomada como objeto e instrumento da ação estatal, na busca pela construção de autoridade pública. Entangling families: State and Family in the Population of National Land Abstract The particular case analyzed in this article reveals a project of action in which state and domestic powers seem to mutually reinforce each other. It is considered here one aspect of the Populating National Land policy, more specifically the practices aiming to the constitution of authority chains through the appropriation of auto-organizing structures of immigrants and colonizers, namely, family structures. These practices placed immigrant and colonizers´ families at the center of the enterprise of immigrant attraction and the building up of colonies. This analysis has as its reference the contention that immigration and e colonization policies have played a role at the interior of more ample processes of National State formation. This role involves, among other aspects, the use of power techniques that, by making up a field of actions of those who were the object of these policies, have contributed to the construction of the public authority of the federal government. It is therefore shown how the family is taken both as an object and an instrument of state action, in the search for the construction of public authority.
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