Enfocaremos o Parque Nacional do Jaú e a Reserva de Desenvolvimento Sustentável de Mamirauá, nos quais grupos reivindicaram direitos jurídicos específicos baseados na etnicidade. Refletiremos sobre como a taxonomia população tradicional foi empregada para categorizar os residentes no interior e no entorno dessas áreas e como tal uso convergiu ou se distanciou de propostas conservacionistas.
O ensaio foi escrito a partir de experiências de campo vivenciadas desde 2011, e realizadas em diferentes formatos e colaborações, em pesquisas que, grosso modo, versaram sobre relações socioambientais em Regência Augusta, ES. Apresenta compilação de imagens do período entre 2015 e 2020, focando enredamentos trazidos a partir da chegada de rejeitos da mineração de ferro carregados ao longo de cursos d’água, desde a barragem da Samarco S.A., rompida, à montante no rio Doce, em 2015. Os enredamentos fizeram aflorar outros anteriores, ligados à exploração de óleo e gás, feita nas proximidades. Buscamos, em diálogo com outros trabalhos, trazer um pouco da multiplicidade das águas, com diferentes dimensões materiais-simbólicas, e refletir sobre as reincidências de desastres. A equação poluidor-pagador e iniciativas de regeneração fazem-se presentes, em meio a perdas que se acumulam.
Abstract This article is the result of a research conducted in the villages of Regência Augusta and Povoação, in the State of Espírito Santo, Brazil. The objective is to contribute to knowledge concerning biodiversity conservation projects and the relationships between these, local communities and emblematic species in the midst of socio-environmental conflicts. We intend to highlight some of the ways that human agents interact with each other through the relationship with other non-human agents, developing conceptions and actions in and with the world around them. The empirical analysis addresses the case of sea turtles and the environmental agents who deal with them. Those who patrol the beach are prominent in this text, but we will also consider the way in which these works form an ambiguous relationship with other knowledges and practices. The region is going through political, economic and environmental divergences related to resources and the local landscape, aggravated by the arrival of Samarco’s mud.
O artigo oferece uma análise antropológica do momento posterior ao desastre da Samarco, ocorrido em novembro de 2015. Exploramos a metáfora da onda de lama para seguir notícias, experiências e representações sobre o deslocamento de rejeitos de mineração, ocorrido a partir de Bento Rodrigues, descendo o rio Doce até atingir o oceano. Baseamo-nos em testemunhos oculares, relatórios científicos, notícias, redes sociais, documentários e, ainda, em uma peça de teatro. Igualmente, utilizamos trabalho etnográfico conduzido na costa do Espírito Santo. A imagem da onda de lama permite entender os efeitos físicos e simbólicos desse desastre e crime ambiental.
Guilherme José da Silva e Sá (UnB) 2 Patrícia Pereira Pavesi (UFES) 3 presente dossiê reúne textos que expressam preocupações oriundas de experiências práticas e teóricas que, ao apontarem para a inclusão das chamadas agências humanas e não-humanas na agenda de pesquisas das Ciências Sociais, refletem um pouco de sua diversidade verificada nos últimos anos no Brasil.Igualmente plural pode-se dizer da definição de "não-humano" contida no volume, destacada na chamada de textos para o dossiê. Os não-humanos englobam seres sobrenaturais, maquínicos, substâncias psicoativas, metaagentes 4 (como o oceano, o regime dos ventos, mas também os rios e outros processos geobiofísicos), seres microscópicos e -ocasionalmente e com maior destaque neste volume -os demais animais não pertencentes à espécie humana.Talvez, seja mais fácil defini-los por sua participação compósita em nossa história, como aqueles que, em longa data e nos mais diversos contextos, têm sido os nossos parceiros e com quem nos associamos para inclusive ressignificar nossas relações intraespecíficas. Embora tenham sido centrais para boa parte das etnografias ditas "clássicas" do ponto de vista daqueles que as protagonizaram, verifica-se que uma recorrente centralidade na noção de humano nas Ciências Sociais opacificou essas outras agências que, por sua vez, conformavam agências 4 Tomamos a liberdade de chamar de meta-agentes seres, recursos ou processos que permitem a manutenção ou a proliferação da vida; enquanto tais, ajudam na sustentação e na continuidade de inúmeros outros agentes, humanos e não-humanos. Observa-se que há um viés ecossistêmico na utilização do termo, além de se tratar de uma referência um tanto quanto faceira à ideia de uma metaestrutura mental humana, ou Espírito Humano. Todavia, no presente texto, não se trabalha com a ideia de uma meta-agência, apenas de meta-agentes.
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