Este texto demonstra a importância de se entender a racionalidade dos atores e as motivações, individuais e de grupo, que subjazem às principais causas do avanço de atividades econômicas e do desflorestamento, a partir da análise das estratégias socioespaciais dos principais atores sociais e agentes econômicos presentes nas novas áreas de fronteira. Revela os mecanismos presentes na relação entre os interesses dos agentes econômicos e os processos políticos. Examina ainda como se constroem as redes que integram o local e o global, definindo as tendências da ação do mercado globalizado na região.This text shows the importance to understanding the rationality of actors and the motivation, both of individuals and groups, which show the main causes of the advance of the economic activities and of deforestation. This is revealed in the analysis of socio-spatial strategies and the main social actors and economic agents present in new frontier areas. It reveals the present mechanisms in the relation between the interests of the economic agents and the political processes. It examines how networks are built to integrate the local and the globe, defining the tendencies to the globalized market action in the region.
DOSSIÊ INTRODUÇÃOAs estratégias governamentais e empresariais voltadas para a Amazônia, no Brasil, revelam o aumento do interesse pela exploração dos recursos naturais da região para além de suas fronteiras políticas. A Pan-Amazônia ocupa, assim, uma posição central na geopolítica brasileira. Por outro lado, os Estados nacionais vizinhos na região amazônica também se movimentam economicamente na expansão da fronteira, que é concebida como um espaço estratégico e um campo aberto à produção de commodities com a vantagem competitiva de facilidade de escoamento para o mercado mundial.Empresas transnacionais e organismos multilaterais, como atores globais, têm pressionado a esfera política para modificar dispositivos legais e instituições a fim de adequá-los à nova economia. Os Estados nacionais continuam a ter papel importante na regulação social, política e econômica, e permanecem protagonistas, mas sob uma lógica liberalizante do capital, tendo, inclusive, sucumbido a certos acordos de agências reguladores internacionais e penalizado as relações de trabalho, como se observa na atual crise dos países da Comunidade Econômica Europeia (CEE). Nesse quadro da economia mundial, a competição intercorporações e inter-redes tende a intensificarse. Empresas impulsionadas pela concorrência procuram continuamente reestruturar-se, buscando formas de reduzir custos e visando demandas futuras (Castro, 2004). A articulação de grandes empresas industriais e financeiras que funcionam em rede resulta também da unificação, nos países mais avançados, dos mercados financeiro, cambial, de títulos e valores (Chesnais, 1996).Neste artigo, procuramos demonstrar a associação entre as políticas nacionais brasileiras e os projetos de intervenção da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura da América do Sul (IIRSA). Os Planos de Aceleração do Crescimento (PAC I e II) e a IIRSA assumem a mesma orienta-* Doutora em Sociologia. Professora da Universidade Federal do Pará (UFPA). Coordenadora do Grupo de Pesquisa Trabalho, Empresas e Transformações Sociais, do Diretório do CNPq. Campus da UFPA. Av. Augusto Correa, n.01. Guamá. Cep: 66075-090. Belém -Pará -Brasil. edna.mrcastro@gmail.com As análises da relação entre políticas desenvolvimentistas e as dinâmicas socioterritoriais na Amazônia têm se voltado para a dimensão nacional. Este artigo procura revelar o aumento do interesse pela exploração dos recursos naturais da região para além de suas fronteiras políticas, tornando-se a Pan-Amazônia um espaco central na geopolítica brasileira. Os Planos de Aceleração do Crescimento (PAC I e II) e a Iniciativa para a Integração da Infraestrutura da América do Sul (IIRSA) assumem a mesma orientação de integração competitiva, adotando um modelo de modernização com base em megaprojetos de investimentos. A IIRSA, no âmbito sul-americano, como bloco regional, e o PAC, em âmbito nacional, são programas voltados para a logística de transporte, energia e comunicação. No plano continental, expressam dinâmicas socioterritoriais irreverersíveis e representam inte...
Novos Cadernos NAEA v. 10, n. 2, p. 105-126, dez. 2007,
Este artigo propõe-se a discutir a noção de trabalho a partir das observações sobre a diversidade de processos de trabalho e padrões de gestão, estreitamente relacionados, mas tratados separadamente pela literatura especializada. Das modalidades de organização da produção encontradas na Amazônia contemporânea, examina aspectos do trabalho desenvolvidos pelas populações ditas tradicionais ou organizadas em unidades de pequena produção familiar e situações de trabalho assalariado em pequenas e médias empresas. Tece considerações sobre os padrões “modernos” de gestão do trabalho em empresas de grande porte do setor mínero-metalúrgico e as formas de articulação com as anteriores. Analisa as situações particulares de trabalho interrogando as possibilidades de reprodução de grupos locais, de sua cultura e dos recursos naturais dos ecossistemas tropicais, necessários à manutenção dessas formas de trabalho.
AMAZÔNIA: sociedade, fronteiras e políticasEste dossiê -Amazônia: sociedade, fronteiras e políticas -apresenta, no conjunto formado por seis artigos, uma análise crítica dos processos de dominação e dos efeitos nas estruturas locais das políticas desenvolvimentistas. Reúne leituras baseadas em caminhos analíticos, enfoques metodológicos e corpus disciplinar diversos, explorando a revisão conceitual a partir de experiências de campo, da pesquisa etnográfica aos estudos mais gerais. São textos que dialogam entre si no desafio de entender processos e contribuir para novas pesquisas sobre a Amazônia.O dossiê visa a evidenciar os conflitos e os processos de dominação existentes, que permanecem sob velhas e novas formas. O objetivo foi organizar textos e argumentos construídos por tradições teóricas diversas sobre os processos de dominação, as estratégias do Estado materializa-
This article considers Amazonian environmental change by focusing on political and economic processes in a place-specific context with far-reaching global implications. In particular, we consider the destruction of the Brazil nut forest (BNF) in the lower basin. The Brazil nut tree yields a valuable nontimber forest product, and its loss raises concerns about Amazonia's agro-ecological sustainability. The article posits the destruction of the BNF as an outcome of land creation, the transformation of soil surfaces into a production factor for market-oriented agriculture. Land creation in the lower basin sparked violent conflict, with the destruction of the BNF as collateral damage. Our account complements earlier research on the political economy of Amazonian development by providing an update tuned to the institutional and economic changes that have led to the region's engagement with globalized beef markets and to the transformative impact on implicated actors (i.e., peasant, capital, and the state). In addition, the article uses the BNF case to consider current threats to Amazonia. In Brazil, deforestation rates declined after the turn of the millennium, due to environmental policy. Recent numbers show deforestation on the rise, however, as South American nations fast-track large infrastructure projects to transform Amazonia into a transport hub and a continental source of hydropower. The article questions whether Brazil's environmental policies will sustain the Amazonian forest over the long run; the BNF disappeared despite efforts at conservation buttressed by legislative action. The article uses data from surveys, remote sensing, regional newspapers, and secondary sources based on declassified documents from Brazil's Armed Forces, the National Truth Commission, and the Central Intelligence Agency (CIA).
RESUMO O município de Bragança ocupa o segundo lugar na produção de pescado no Estado do Pará, sendo superado apenas por Belém. A pesca na região bragantina é exercida por grupos de pescadores com diferenças na capacidade e autonomia de produção, e formas de captura e organização. A frota pesqueira que opera no estuário amazônico e litoral Norte assume, indistintamente, característica artesanal e industrial, explorando elevada diversidade de espécies para abastecer desde as comunidades locais até o mercado internacional; a atividade de pesca na região é agrupada, em função do local e do tempo de captura, em duas tipologias básicas: as pescarias de pequena e de grande escala. O pescado na região bragantina é comercializado fresco e salgado, sendo esta última a forma que oferece maior independência ao pescador, por permitir maior tempo de conservação do pescado e melhor preço de mercado. No processo de salga são observadas formas de relação comercial, a de pequena escala (unidade familiar) e a unidade de larga escala onde se observa a terceirização do processo de limpeza e salga do pescado. A comercialização do pescado no município de Bragança é feita no mercado municipal de peixe, na feira pública e diretamente a caminhoneiros que transportam o pescado para outros mercados. O pescado de pequeno porte e menor valor comercial é destinado aos Estados do Pará e Maranhão. Já o pescado, em geral de maior porte, onde se destacam poucas espécies, como a pescada amarela, serra e o pargo, peixes nobres e de significante valia comercial, estão principalmente destinados à venda para exportação. O preço de comercialização final varia em função da maior ou menor oferta da espécie comercializada. No período de safra de uma determinada espécie o preço tende a ser menor do que no período de entre-safra. Palavras-chave: comércio, pescado, Bragança, Pará.
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