Resumo A intersecção entre raça, classe social, pertencimento territorial e perfil etário tem sido determinante na produção dos critérios de suspeição na prática policial brasileira. Jovens negros, pobres e moradores de favelas configuram o público alvo das abordagens policiais. Propõe-se, neste artigo, apresentar os resultados do estudo que explorou experiências e percepções de jovens negros(as) pertencentes a bairros socialmente vulneráveis e/ou com altos índices de violência nas cidades de Salvador, Recife e Fortaleza, relacionadas com abordagem policial. A pesquisa foi guiada pelas seguintes questões: como jovens negros vivenciam e (re)significam a relação com a polícia e, mais especificamente, a abordagem policial? Em que medida marcadores de pertencimento social, tais como perfil racial, classe e território, influenciam no processo de abordagem? Foi realizado um estudo qualitativo através de grupos focais, rodas de conversa e entrevistas semiestruturadas com jovens negro(as) de 15 a 29 anos, moradores de bairros periféricos das três capitais referidas. Os dados revelaram que a segregação racial e o racismo, presentes na estrutura e dinâmicas relacionais da sociedade brasileira, assim como sua negação e/ou certa naturalização, influenciam a “tomada de decisão” e o modo de atuar da polícia frente à juventude negra nas três capitais investigadas.
As contradições do sistema de ensino brasileiro gestam um movimento que tem por perspectiva melhorar a condição de vida e trabalho no campo. Este processo pretende promover o desenvolvimento local através do ensino calcado na realidade cotidiana desta população. Destarte, o processo educativo formal não é percebido isoladamente sem manter relações com a vida familiar e social dos educandos, mas é direcionado pela relação dicotômica e dialógica estabelecida entre ensino e trabalho, participação comunitária, responsabilidade social e sustentabilidade. A Escola Família Agrícola do Sertão se enquadra neste modelo e sua peculiaridade está na utilização da pedagogia da alternância aplicada à valorização do modus vivendi camponês, transformando os jovens em mediadores das ações, reforçando a mobilização e organização comunitária, viabilizando o crescimento da agricultura familiar e das técnicas pautadas numa convivência harmoniosa com o semi-árido.
Institutional racism is prevalent in the health services in Brazil and is based on concrete power relations that subjugate, dominate and exclude blacks from having adequate access to health care and health institutions. This critical essay analyzes the importance of expanding the debate, and the production of knowledge about the health of the black population (HBP), focusing on two points: the role of the National Policy for the Integral Health of the Black Population (PNSIPN) and the importance of including the skin color item in the health information systems; and the need for a process of permanent training of professionals, including contents related to the understanding of racism as an element of the social determination of health/disease and heir effects. To demonstrate how structural and institutional racism have affected the black population, we bring also examples of the quilombola populations in the context of the Covid-19 pandemic in the country since 2020. It is concluded that the promotion of care, the reduction of inequities and the quality of health care need to undergo changes in several dimensions, such as the strengthening of the SUS, the daily fight against structural and institutional racism, among others.
Resumo O racismo institucional impera nos serviços de saúde no Brasil, fundados em relações concretas de poder que subjugam, dominam e excluem negros/as do adequado acesso aos serviços e instituições de saúde. Este ensaio crítico analisa a importância da ampliação do debate e da produção do conhecimento sobre a saúde da população negra (SPN), focando dois pontos: o papel da Política Nacional de Saúde Integral da População Negra (PNSIPN) e a importância da inserção do quesito cor nos sistemas de informação em saúde; e a necessidade de um processo de formação permanente dos/as profissionais, inserindo conteúdos relacionados à compreensão do racismo como um dos elementos de determinação social de saúde/doença e seus efeitos. Para demonstrar como o racismo estrutural e institucional tem afetado a população negra, trazemos também exemplos das populações quilombolas no contexto da pandemia de COVID-19 no país a partir de 2020. Conclui-se que a promoção do cuidado, a redução das iniquidades e a qualidade da atenção à saúde precisam passar por mudanças em várias dimensões, como o fortalecimento do SUS e o combate cotidiano ao racismo estrutural e institucional.
Resumo: A pretensão deste trabalho é compreender como a comunidade rural Curralinho, situada em Mata de São João -Litoral Norte da Bahia tem o movimento migratório como reprodução social, identificando as motivações dos indivíduos migrantes e os sentidos para as suas famílias e o seu grupo. O estudo baseou-se na influência das intervenções do Estado, realizadas a partir de 1970, que objetivava promover o desenvolvimento econômico e turístico local. Metodologicamente, pautou-se na análise qualitativa, utilizando-se da história oral, de entrevistas abertas e da observação participante. Concluímos que a reestruturação dos fluxos migratórios demarcou esta comunidade como lugar de chegada e lugar de saída assinalando as diferenças identitárias entre os "de dentro" e os "de fora", fortalecendo o sentimento de pertença e impelindo mudanças estruturais no ordenamento socioeconômico e cultural. Palavras-chave: migração; comunidade rural; pertencimento; identidade social; Litoral Norte Bahia.
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