A política de silêncio do problema agrário brasileiro Introdução O Brasil é um Estado-nação que detém pouco controle sobre seu território interno. Sob a égide do "desenvolvimento", setores das classes dominantes têm alienado grandes porções de seu território para indivíduos ou pessoas jurídicas, sem qualquer limite de extensão e sem preferência de nacionalidade-com legislação e regulação cada vez mais permissiva à estrangeirização-, em detrimento das populações, geralmente de condição social modesta, que vivem nestes locais. Este processo, no caso brasileiro, tem a especificidade de manter uma das maiores concentrações fundiárias do mundo 3 que, além das dramáticas consequências sociais, tem acarretado a manutenção de uma democracia que se baseia em um sistema oligárquico de representação (MONTERO, 2005). Artigo recém-publicado, resultado do esforço de uma rede de pesquisadores brasileiros e estrangeiros, que processou e organizou de maneira inédita 18 bases de dados diferentes de terras públicas e privadas 1 Pós-doutorado no Programa de Pós-Graduação em Políticas Públicas e Formação Humana da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) com estágio sanduíche na École des hautes études en sciences sociales (EHESS)-Paris e professora-adjunta do
Ocupar terras, ser assentada via política de reforma agrária e ser titular do lote é um fato que raramente ocorre na trajetória da maioria das mulheres do campo. Este estudo, com pesquisa realizada no Assentamento Santa Rosa/Córrego das Posses, localizado na região do Vale do Mucuri em Minas Gerais/Brasil, teve como foco verificar se e como o direito e a posse da terra reposicionam as mulheres em âmbito doméstico e público, isto é, se conferem a elas maior poder de barganha. A literatura aponta que a construção de igualdades reais para as mulheres rurais está vinculada à conquista da posse da terra. O caso estudado apontou que a posse influencia as possibilidades de negociação das mulheres, mas, sobretudo, quando é operada concomitantemente a outras dimensões, como a renda, divisão sexual do trabalho, relações sociais e família. Palavras-chave: relações de gênero; posse da terra; assentamento. * Mestre em Ciências Sociais, Agricultura e Sociedade pelo CPDA/UFRRJ e bacharel em Administração pela UFSJ. Atualmente compõe a equipe da Cooperação e Apoio a Projetos de Inspiração Alternativa (CAPINA) como técnica de projetos.
O artigo descreve a trajetória das mulheres que fundaram o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o contexto e os fatores que favoreceram o surgimento de um movimento de mulheres agricultoras nos anos 1980. A pesquisa se baseou na análise de documentos, revisão bibliográfica, método de observação participante e entrevistas semiestruturadas com suas fundadoras. O trabalho descreve o percurso pelo qual passaram para obterem reconhecimento enquanto trabalhadoras rurais e acesso a direitos, aponta como surgiu o MMC e seu atual projeto de agricultura camponesa e feminista em que o “cuidado” tornou-se um valor fundamental.
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