“…O agronegócio é apresentado à sociedade "como vetor crucial do crescimento econômico" 15 devido a sua participação no PIB; contudo, esse cálculo não considera os subsídios diretos e indiretos concedidos pelo Estado nem os impactos negativos de ordem social, ambiental e sanitária da atividade. Com o agronegócio, avançam a concentração de terra, a expansão da fronteira agrícola em direção à Amazônia legal, o uso abusivo de agrotóxicos e culturas transgênicas, a grilagem de terras públicas, a invasão e expropriação de territórios indígenas e quilombolas, além do incremento da violência estatal e paraestatal e o assassinato de lideranças -tendências que se acirraram após o golpe de 2016 e se intensificaram mais no governo Bolsonaro, inclusive durante a pandemia 16. Por meio de fusões e aquisições, a indústria mundial de agrotóxicos e sementes está cada vez mais concentrada e se encontra hoje em poder de apenas quatro empresas: ChemChina, Dow & Dupont, Bayer & Monsanto e Basf, as mesmas que dominam o bilionário mercado brasileiro, que cresceu 100 vezes mais do que o mercado mundial, no período entre 2002 e 2012 13 . Essa dinâmica se intensificou na gestão Temer, quando 474 agrotóxicos foram liberados 17 para comercialização, e se exacerba no atual governo Bolsonaro, com 624 agrotóxicos registrados em um ano e meio de mandato, sendo 150 em plena pandemia 18 .…”