Contemporaneamente, diversas discussões e problematizações a respeito às "novas configurações" de gênero vem produzindo desafios e embates teóricos até então sutilmente abordados pelos meios de comunicação e na academia como processos psicopatológicos, exigindo assim novos olhares e concepções sobre as questões de gênero, do agenciamento das relações que engendram a diversidade sexual e as identidades e sexualidades dissidentes. Partindo desses pressupostos, o presente artigo propõe cartografar às produções de saberes no campo da Psicologia, nos enunciados produzidos pelos sujeitos neste território subjetivo, além dos efeitos dessa produção discursiva instituída na formação dos acadêmicos inseridos neste curso.
Este artigo apresenta o relato de uma experiência realizada ao longo de dois anos com idosos frequentadores de um centro de convivência. A partir da inserção na instituição e da análise crítica acerca dos agenciamentos subjetivos engendrados no ambiente institucional, surgiu a necessidade de pensar sobre uma modalidade diferenciada de atendimento à demanda dessa população. Propôs-se a construção de um espaço de circulação por outros territórios bem como o encontrar-se em experimentações jamais imaginadas. Assim, tal anseio se materializou sob a forma de oficinas de passeios, realizadas por circuitos urbanos, visando-se a criar espaços de ressignificação. Os resultados atingidos mostraram que os idosos atendidos na oficina passaram a perceber que podem transcender o dado e experenciar, como sujeitos, o ato dos povos nômades: existir em um constante movimento de se desterritorializar e se reterritorializar, enfim, viver a humanidade naquilo que ela tem de singular: a possibilidade de, a cada novo dia, se reinventar.
Apresentamos neste artigo algumas discussões a respeito dos corpos nomeados travestis, e seus atravessamentos históricos e sociais, evidenciando as influências discursivas e essencialistas que os inventaram. Pontuaremos brevemente o processo de subjetivação, na qual tanto pode produzir culturas em massas, normalizando e padronizando identidades uniformizadas, como pode singularizá-las, possibilitando novas vivências, experimentações, desejos e prazeres. Em seguida discutiremos sobre o sistema sexo/gênero/sexualidade e a criação da sociedade cisheteronormativa, pontuando que esse sistema nada tem de natural, sendo estrategicamente implantado para manter o poder e sua hegemonia. Nesse sentido, propomos neste artigo, problematizar as violências psicológicas vivenciadas pelas travestis nas instituições públicas de saúde, instituições que em si, deveriam erradicar todo tipo de violência, mas que acabam contribuindo com sua intensificação. We present here some discussions about the appointed bodies transvestites, and its historical and social crossings, emphasizing the discursive and essentialist influences that invented them. Briefly Pontuaremos the subjective process, in which both can produce crops in masses, normalizing and standardizing uniform identities, how can distinguishes them, enabling new experiences, trials, desires and pleasures. Then we will discuss about sex system/gender/sexuality and the creation of heteronormative society, pointing out that this system is not at all natural, being strategically deployed to keep the power and hegemony. In this sense, we propose in this article, discuss the psychological violence experienced by transvestites in public health institutions, institutions which in itself should eradicate all forms of violence, but end up contributing to its intensification. Palavras-chaveBarreto, Danielle Jardim; Gerônimo Ferreira, José Augusto & de Oliveira, Leticya Grassi (2017). Problematizações (im)pertinentes: (sobre)vivências das travestis nos serviços de atenção básica em saúde no Brasil. Athenea Digital, 17(1), 117-143. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenea.1758 Apresentação Os diversos episódios de violências e as estratégias de estigmatização dos corpos e das vidas que estamos vivendo na atualidade, têm negado e coibido a existência de pessoas não-cis e/ou travestis por meio de discursos com bases essencialistas e moralistas. Assim, novas problematizações vêm sendo construídas nos campos da Psicologia, que se reinventa para suprir as necessidades e demandas emergentes, com intuito de prevenir e amenizar as ações que reduzem os seres humanos a abjeções, ou seja, pessoas que 117
O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Conselho Editorial Ciências Humanas e Sociais Aplicadas APRESENTAÇÃO Políticas públicas são algo onipresente na vida de qualquer pessoa, ainda que por meios bastante diversos, a depender dos objetivos do Estado em que tal indivíduo se encontre. Mas o fato é que, do bem-estar escandinavo ao liberalismo neozelandês, a clara percepção sobre políticas públicas é indispensável para a estabilidade de qualquer Estado. Inclusive, em se tratando do Brasil, o eterno país do futuro-futuro este que parece, a cada dia, mais inatingível. Assim, muito se fala, muito se ouve e muito se estuda sobre políticas públicas, mas a verdade é que poucas são as certezas sobre elas, porque, em grande parte das vezes, suas análises ficam restritas ao mundo acadêmico e/ou àqueles que já possuem um conhecimento prévio, mais aprofundado, sobre o assunto, e conseguem interpretar melhor os dados existentes. Neste sentido, a iniciativa deste livro, específico sobre a temática das políticas públicas e disponibilizado no acessível formato de e-book, é de inigualável importância. E, vale ressaltar, a necessidade de um debate responsável e interdisciplinar sobre o assunto é ainda mais urgente nos dias de hoje. Isso porque, atualmente, enxergase uma evidente ascensão de críticas (infundadas, na sua maioria) direcionadas não apenas às políticas públicas como um todo, mas também à própria política e à noção de público. E o contraditório é que estes juízos negativos provêm, em geral, de países cujo desenvolvimento socioeconômico se encontra aquém da capacidade de, até mesmo, erradicar a extrema pobreza. Diante desta conjuntura, políticas direcionadas, bem debatidas e formuladas por um público competente e ciente de suas responsabilidades, são cada vez mais imprescindíveis e, ao mesmo tempo, mais rechaçadas. Deste modo, a realidade brasileira se coloca como obstáculo ao desenvolvimento das políticas públicas como instrumento de mudança emancipatória. A política, em específico, é alvo de desaprovação generalizada, em parte por, geralmente, se voltar aos interesses de poucos, mas também por ser composta de representantes que, contraditoriamente, são pouco representativos da própria população brasileira. Isso sem mencionar os casos de corrupção e outros desvios de conduta bastante reprováveis. Porém, mesmo que os níveis de confiança em relação aos representantes políticos sejam os menores em muito tempo, o cidadão brasileiro permanece na mesma configuração de uma democracia meramente delegativa. Em outras palavras, a cada dois anos votamos nos candidatos "menos piores" e esperamos que, miraculosamente, o país tome seu rumo para o místico futuro do pleno desenvolvimento-que, vale apontar, traduz-se no imaginário do consumo desenfreado e satisfação das n...
Esta pesquisa se enunciou a partir de questionamentos acerca dos constantes embates vivenciados em sala de aula ao trazermos a temática de outras sexualidades, outros prazeres e de outras expressões de gênero, dissidentes dos modelos identitários heteronormativos, em nosso cotidiano universitário. Destes tensos encontros, anunciaram-se indagações como: - Que Psicologias estamos ensinando? - Que psicólog@s estão se formando atualmente? E mais uma indagação ainda: - Há uma identidade psi? Nesta pesquisa, agenciam-se através de sete narrativas outras possibilidades de nomearmo-n@s psicólog@s, pois esta pesquisa valora as tecnologias e os conjuntos de estratégias que tanto podem contribuir para a ampliação das Psicologias e suas conexões com a realidade e os movimentos sociais, quanto denunciando as estratégias que podem aprisioná-las em conceitos e metodologias descontextualizadas que reificam biopolíticas de manutenção ao Estado neoliberal.
A heteronormatividade e a LGBTfobia são fenômenos cujos efeitos estão inter-relacionados e ambos podem servir como dispositivos de manutenção de determinados sistemas político-afetivos. A performatividade dos corpos que transitam por determinados locais pode ser tanto dispositivo, quanto efeito dos processos de subjetivação que buscam corroborar ou questionar a ocupação política desses espaços. A partir de uma pesquisa de campo que investigou a visibilidade das vidas LGBT e possíveis violências contra estas no ambiente universitário, buscou-se problematizar as relações entre a heteronormatividade e a LGBTfobia. Os resultados apontam para o fenômeno do não-reconhecimento enquanto violência de algumas práticas LGBTfóbicas mais sutis e veladas, como as piadas e comentários de desqualificação, demonstrando um processo de naturalização de tais práticas. Problematizam-se como os dispositivos de heteronormatividade agenciam os fenômenos apontados e o papel da universidade enquanto território de subjetivação.
Atualmente experimentamos aquilo que muitos autores nomeiam de período de transição das sociedades disciplinares para as de controle, neste cenário complexo, os processos de subjetivação são atravessados por linhas molares e moleculares, micro e macro políticas dentre diversos outros fenômenos compostos por dispositivos de poder e situações de controle que produzem verdades e discursos normativos acerca das sexualidades e gêneros. Diante da desvalorização e inviabilização de subjetividades vistas como dissidentes, da naturalização do biopoder e da crise identitária, as ciências ditas psicológicas enfrentam o desafio de não se transformarem em mais um dos dispositivos normatizadores e padronizadores que produzem corpos reprodutores e favorecem a manutenção do sistema de produção de subjetividades capitalísticas. Currently we experience what many authors call transition's period from disciplinary societies to control societies, in this complex scenario, the subjectivation's processes are crossed by molar lines and molecular lines, micro and macro political and many other phenomenas composed by device of power and control situations that produces truths and normative discourses about sexualities and genders. In the face of the devaluation and impracticability of subjectivities considered to be dissidents, the naturalization of biopower and the identity crisis, the psychological sciences are challenged not to turn into another one of the normative and standardizing devices that produces reproducing bodies and to favor the maintenance of the production system of capitalistic subjectivities. Palavras-chaveBarreto, Danielle Jardim; Cabrera de Souza, Bethania; Gomes da Silva, Danilo; de Castro Guelfi, Izabella & de Oliveira Pereira, Susy (2016). Discursos e consumos das sexualidades -tramando novas possibilidades para atuação nas psicologias. Athenea Digital, 16(3), 167-188. http://dx.doi.org/10.5565/rev/athenea.1643 Introdução Os saberes produzidos pela Psicologia sobre e para homens e mulheres não estão desconectados de um contexto sócio econômico cultural, permitindo que nos indaguemos sobre a produção de quais verdades sobre sexualidades e gêneros estão sendo enunciadas nos cursos de formação em Psicologia?A formação em Psicologia enquanto campo de saber dito autônomo advém da racionalização engendrada na modernidade através do projeto de afastamento da filosofia e aproximação das ciências médicas positivistas. Esta aproximação permitiu à cons-167
Revisão: Os Autores O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correção e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores. Permitido o download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Conselho Editorial Ciências Humanas e Sociais Aplicadas APRESENTAÇÃO O livro "Desafios e Soluções da Sociologia" foi dividido em 2 Volumes, totalizando 42 artigos de pesquisadores de diversas instituições de ensino superior do Brasil. O objetivo da organização deste livro foi o de reunir pesquisas voltadas aos desafios atuais da Sociologia, assim como apresentar possíveis soluções para estes desafios. O Volume 1 foi dividido em duas partes denominadas "Desafios da Sociologia". Na Parte 1, são 11 artigos que discutem questões como a representação feminina e masculina, política LGBT, assédio moral e violência familiar. E na Parte 2, são 9 artigos que apresentam desafios à Sociologia por meio de discussões de temas como abuso sexual, masculinidades e racismo. No Volume 2, os artigos foram agrupados em torno de duas partes denominadas "Soluções da Sociologia". Na Parte 1, são 13 artigos e as temáticas giram em torno da economia criativa, cidadania, meio ambiente, educação, tecnologia e literatura. E na Parte 2, os 9 artigos discutem temas como autoajuda, quilombo, identidade cultural e valorização profissional. Entregamos ao leitor o Volume 1 do livro "Desafios e Soluções da Sociologia", e a intenção é divulgar o conhecimento científico e cooperar com a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
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