A presente discussão tem por objetivo problematizar a homofobia enquanto uma das linhas que dão manutenção aos domínios da masculinidade hegemônica em relação às outras sexualidades e expressões de gêneros (masculinidades e feminilidades). O termo "homofobia" apareceu primeiramente nos Estados Unidos, em 1971, e pode ser atribuído ao ato de hostilidade para com o homossexual, além de uma manifestação arbitrária que coloca x outrx como opostx, anormal ou inferior, evidenciando assim seu caráter sexista. A prática homofóbica é construída durante o processo de socialização de muitos homens, que ainda na infância têm como premissas básicas a imediata diferenciação com relação às mulheres e o ódio contra os homossexuais. Por isso, a pluralização de masculinidades que rompam com a lógica hierárquica binária e universalizante entre as sexualidades torna-se um importante dispositivo de combate à homofobia. Os estudos queer, nesse sentido, podem se tornar contribuição importante nesse combate, por meio da desconstrução dos regimes e normas que ainda restringem as discussões referentes às sexualidades, promovendo a ideia de "identidades múltiplas", abrindo assim alternativas para que as pessoas expressem as infinitas possibilidades de pluralização da vida humana.
Artigo IntroduçãoUm dos grandes exemplos de mulheres e de inteligência feminina, Hipátia de Alexandria, filha de Theon, um importante filósofo e matemático grego, se destacou na antiguidade clássica por seus estudos em astronomia, filosofia e matemática. A posição de mulher e sua defesa ao livre pensamento culminariam em sua morte brutal quando um grupo de cristãos enfurecidos a atacaria e a arrastaria para o interior de um templo onde seria cruelmente apedrejada e torturada até sua morte. Vítima de intolerância e preconceitos políticos e religiosos, Hipátia de Alexandria poderia ser representante de muitas das mulheres que, ainda nos dias de hoje, sofrem com atos de violência, preconceito e opressão.As mulheres brasileiras, após décadas de lutas por direitos iguais, obtiveram importantes conquistas. Entretanto, muito das violências, opressões e preconceitos ainda permanecem. Nesse panorama, o presente trabalho tem como objetivo apresentar problematizações sobre a criminalização do aborto no Brasil no âmbito do gerenciamento de população de caráter biopolítico e do processo de medicalização da existência humana que lhe é inerente.A questão do aborto, como demonstrou a exploração do tema pela demagogia política em eleições presidenciais no Brasil, ainda é uma problemática marcada por mitos e preconceitos morais que impedem a problematização mais fundamentada e discussões mais sérias sobre a descriminalização desse direito feminino em nosso país.O plano de apresentação dessas questões consiste, primeiramente, na exploração da noção de medicalização do social e de patologização da existência em suas interfaces com classes, raças/cores, sexos, gêneros e gerações, processos que nos remetem a fenômenos complexos, polêmicos, multifacetados e que estão entrelaçados às estratégias políticas de gerenciamento da vida humana e suas intenções de normatização regulatória dos corpos e de seus prazeres. Em um segundo momento, este trabalho aborda a permanência desse processo de gerenciamento dos corpos das mulheres a partir da noção de controle biopolítico, concepção orientada conforme Michel Foucault como desenvolvimento de uma sociedade caracterizada como disciplinar. Em um terceiro momento, este estudo examina a questão das sexualidades e de sua relação com o processo de medicalização da vida e das estratégias de controle biopolítico sobre os corpos das mulheres. Em um quarto momento, o artigo explora algumas problemáticas referentes à criminalização do aborto no Brasil e suas amarras médicas, psicológicas, jurídicas, morais. E, finalmente, analisa a questão da medicalização dos corpos das mulheres e examina as concepções sobre o "caráter matável" (AGAMBEN, 2002) daquelas mulheres pobres que optam pela prática do aborto e que estão inseridas em contextos desfavoráveis que se intensificam mais ainda se elas forem negras, solteiras e dissidentes do sistema sexo/ gênero/desejo/práticas sexuais (BUTLER, 2003). Medicalização do social e gerenciamento da vida humanaO processo de medicalização do social é um movimento complexo que ...
Resumo: O contemporâneo aponta crises de paradigmas que solicitam mudanças conceituais nas composições familiares, em suas relações e estratégias de poder. Estas mudanças atingem principalmente as mulheres, porém, ainda ocorrem diversos modos de violências contra elas, como as de gênero. Estas análises se mostram presentes na experiência de estágio curricular em Psicologia Clínica, realizada em uma vila periférica por graduando(a)s de Psicologia. Este cenário aponta para regulações e controles sobre os corpos, sexos, sexualidade, gênero e práticas relacionais dentro da própria família, na qual ainda se mantêm estilos de vida restritos a padrões heteronormativos que excluem outros arranjos possíveis de composições familiares e relacionais. Desta forma, queremos problematizar as diversas experiências que despotencializam as mulheres, e também propor uma Psicologia Política de promoção dos direitos sexuais e humanos que contemplem uma vida em que as pessoas possam ter seus desejos e singularidades respeitadas, para que alcancem emancipação psicossocial e tenham acesso à cidadania. Palavras-chave: Gênero, Família, Psicologia Clínica, Psicologia Social. Family, Gender and Psychosocial EmancipationAbstract: Modern times point out paradigm crisis that require conceptual changes in the compositions family, their relationships and power strategies. These modifications affect women in particular, however, there are other several kinds of violence versus women, among them, the ones related to gender. These analysis were studied during the Clinic Psychology curricular apprenticeship, which took place in a suburb, by Psychology undergraduates. This panorama points out to regulations and control over ones' bodies, sexes, genders, sexualities and other related practices inside their own family, in which heteronormative standards are still kept and other possible types of family formations and relations are excluded. This way we want to problematize the different thoughts that disempower women, and, moreover, the conception of a Political Psychology to promote sexual and human rights, enabling people to find out their own desires and singularities and leading them to social emancipation.
Wiliam Siqueira Peres 2 RESUMO:O presente estudo articula as relações de saber/poder na produção do crime e operacionalização da lei, a forma sutil com que as tecnologias de gênero naturalizam ações e reações nas relações, parcerias e lutas diárias entre funcionários e presos e os processos de subjetivação na contemporaneidade. Este estudo tem como matriz epistemológica a genealogia proposta por Michel Foucault, que tem permitido percursos diversos como análises de documentos, entrevistas semi-estruturadas, realização de grupos e de cursos. O entrelaçamento das forças e discursos tem engendrado o impacto das tecnologias de gênero, em especial das masculinidades, presentes nas relações entre funcionários e pessoas presas. O impacto destas relações coloca em tela as modulações da subjetividade em um continuum de oscilações entre modos de subjetivação normatizadores e singularizadores. Palavras chaves: Masculinidades. Aprisionamentos. Processos de subjetivação. ABSTRACT:The study articulates the relations of power / knowledge in the production of crime and operationalization of the law, the subtle way in which technologies of gender naturalize actions and reactions in relationships, partnerships and daily struggles between staff and prisoners and the processes of subjectivity in contemporaneity . This study has as epistemological matrix the genealogy proposed by Michel Foucault, who has allowed diverse pathways as document reviews, semi-structured interviews, performance groups and courses. The interweaving of the forces and
RESUMO:Este artigo propõe problematizar os processos de estigmatização vividos por travestis e transexuais, a despatologização e a formação em psicologia. Estes três eixos compõem os diálogos aqui propostos: as travestilidades e transexualidades; perspectivas políticas que pautem a despatologização como caminho para a construção do campo da saúde mental voltada a promoção de cidadania e a formação em psicologia ao considerar as práticas desenvolvidas neste campo, fundamentais para problematizarmos a construção da saúde coletiva de maneira ética e emancipatória. A partir da crise de paradigmas vivenciados na transcontemporaneidade, buscamos perspectivas queer que favoreçam considerar expressões de gêneros, sexualidades e desejos dissidentes aos modelos binários e normativos, que caminham na contramão dos processos de patologização. Procuramos pensar as práticas em Psicologia que, atravessadas por desafios ético-político-estéticos, possam resgatar seu viés emancipatório frente a estas realidades. PALAVRAS-CHAVES: despatologização, psicologia, travestilidades e transexualidades, perspectivas queer.Abstract: This article aims to problematize the stigmatization processes experienced by travestites and transexuals, the despathologization and the Psychology formation. These three axes compose the dialogues proposed in this text: the travestites and transexuals experiences; political perspectives that take the despathologization as a condition to construct the field of mental health focused on the promotion of citizenship; and the psychology formation, considering the practices developed in this field as basic conditions to problematize the collective health on an ethical and emancipatory way. From the crisis of paradigms experienced in transcontemporaneity, we search for queer perspectives that allow us to consider gender expressions, sexualities and desires that are dissident of binary and normative models, ways that go counter the pathologization process. We intend to think about the psychology practices, traversed by ethical-aestheticpolitical challenges that may rescue its emancipatory bias when relating to these realities. Keywords: despathologization, psychology formation, travestites and transexualities, queer perspectives.Resumén: Este artículo se propone problematizar los procesos de estigmatización vividos por travestis y transexuales, la despatologización y la formación en psicología. Estos tres ejes componen los diálogos aqui propuestos: las travestilidades y transexualidades; perspectivas políticas que se basan en la despatologización como camino para la construcción del campo de la salud mental dirigidas a la promoción de la ciudadania y la formación en psicologia al considerar las prácticas desenvolvidas, en este campo fundamentales para la problematización de la construcción de la salud colectiva de forma ética y 1 Travesti. Ativista social do movimento travesti no Brasil. Professora da rede pública no Estado de Mato Grosso. Mestre em Educação. Doutoranda em Psicologia pelo Programa de Pós-graduação da ...
In line with a psychology more attached to the "becoming [devenir]" rather than to the essence, the goal of this paper is to ground the importance of understanding subjectivity as a process, mainly when regarding our current discussions about identity and gender. After that, we do some linkage between art and psychology. For us, art is understood as a powerfulmanner to encourage modes of subjectivation that have difference as an inherited relation. Lastly, we draw our attention upon some fragments of the contemporaneous artist, Mathew Barney's work-of-art (specially, "Cremaster"), to see how it runs through the binaries of gender boundaries and launches post-identity lines of subjectivation.
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