Como fenômeno social, o futebol esteve fundamentalmente subordinado à lógica substantiva assentada em valores e tradições. Entretanto, a atratividade do esporte como gerador de riqueza passou a ser alvo de investimentos e uma fonte de negócios. A partir do momento em que a lógica de mercado se faz presente nas organizações esportivas, ocorre a inserção e a adoção de elementos do universo empresarial na administração dessas organizações. Conceitos e práticas empresariais passam então a vigorar, modificando o discurso de seus dirigentes, bem como as bases de sua legitimação no seu contexto específico. Assim, a ascensão de uma nova lógica de referência traz consigo novos atores, novos procedimentos e categorias antes exclusivas do ambiente das organizações empresariais, como mercadoria, clientela, eficiência, resultado e competitividade. Submetidos à lógica de mercado, os jogadores transformam-se em mercadoria; os torcedores, em consumidores; o jogo, em um ativo financeiro, e o futebol é visto como um grande negócio. As relações centram-se na impessoalidade, são criadas e desenvolvidas estratégias de controle que asseguram o alcance dos objetivos e ações mercantis modernizantes; e a gestão legítima é a que se dá sob os moldes empresariais, e não mais de forma amadora. Este estudo contribui para a discussão sobre o cenário de mudança social que abrange não só as organizações esportivas, mas também a arte, o cinema e até os espaços públicos, numa tentativa de proporcionar reflexões futuras.
Este artigo discute a questão do exercício do controle nas organizações e o caráter evolutivo do conceito ao longo da evolução da sociedade. No entanto considera que as organizações nãogovernamentais (ONGs), por suas características particulares, exigem uma abordagem analítica específica e, nesse sentido, propõe um modelo de análise capaz de perceber a especificidade do mundo das organizações não-lucrativas e de voluntariado. A verificação empírica ocorre em quatro ONGs espanholas envolvidas, nos últimos anos, por um ambiente sujeito a grandes mudanças em razão do intenso crescimento e importância sofridos pelo setor. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semi-estruturadas com dirigentes das ONGs, e aplicação de questionários a uma amostra aleatória de voluntários estáveis de cada organização. Os resultados confirmam a proposição teórica, ainda que as interferências do ambiente assinalem diferenças já esperadas. Palavras-chaves: controle organizacional; ambiente institucional; organizações nãogovernamentais.
Este livro de Stewart Clegg é uma das mais amplas digressões pelas diferentes abordagens sobre o poder e suas derivações nas organizações. Remontando às contribuições dadas por precursores como Hobbes e Maquiavel, o autor refaz os passos das construções explicativas que lhes sucederam, tanto na ciência social anglo-saxônica como em aportes oferecidos pelos teóricos críticos alemães da Escola de Frankfurt, até os mais recentes sociólogos da escola francesa. Resgatando tudo o que de importante já se escreveu sobre poder, controle e conflito nas organizações, Clegg não construiu uma obra historiográfica, mas uma análise profunda das diferentes contribuições.
Este artigo surge do ânimo de canalizar para a investigação a reação indignada aos incessantes esforços instrumentalizadores do homem no trabalho e da preocupação com as conseqüências desse processo para uma sociedade como a nossa. Tem como propósito realizar uma reinterpretação crítica do movimento pela Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), desvendando suas ferramentas de instrumentalização do homem pelo capital e revelar sua verdadeira natureza. 0 artigo inicia com uma interpretação da evolução histórica da ciência e da prática da administração, analisando seus propósitos, desvendando a lógica funcional do sistema e culminando com a revelação de alguns de seus mecanismos opressores. Discute as formas de controle presentes sob as dimensões agregadas dos modelos de QVT, utilizando a classificação das obras de três autores (GORZ, 2003; MOTTA; 2000; PAGES et al, 1993) com o intuito de desvendar o exercício do controle. Aponta, assim, que as recompensas diretas e indiretas, as condições do ambiente de trabalho seguras e atrativas, a concepção do trabalho, a autonomia e participação do indivíduo, a imagem social da empresa e o equilíbrio entre trabalho, família e lazer promovem, na realidade, a instrumentalização do indivíduo no trabalho através de métodos cada vez mais sofisticados de controle social.
O objetivo deste artigo é revelar os interesses organizacionais subjacentes à lógica organizacional da qualidade de vida no trabalho (QVT). Para tanto, aplica a técnica de análise crítica do discurso (ACD) ao programa de QVT do Metrorec, empresa responsável pelo metrô no estado de Pernambuco.Categorias discursivas servem de base para operacionalizar tal análise, possibilitando identificar com o o discurso da QVT em prega recursos retóricos ideologicam ente operados. A técnica possibilita desvendar com o esse discurso oculta de maneira eficaz a dom inação presente na relação em presa/trabalhador. Permite também com preender de que maneira tal discurso visa conseguir desse trabalhador participação e comprometimento com a solução dos problemas em seu desempenho causados pelos efeitos negativos do trabalho na empresa.
ResumoE ste ensaio busca desvelar o caráter contraditório do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), principal instrumento do modelo de desenvolvimento da última década no Brasil, que tenta combinar uma aparente autonomia nacional para as definições estratégicas com integração ao sistema econômico mundial. Entretanto, a retomada da iniciativa do planejamento da economia e do investimento público pelo Estado mantém o modelo de desenvolvimento baseado na apropriação da natureza e alimenta uma rede produtiva escassamente diversificada e dependente da inserção internacional como fornecedora de matérias-primas, e remete ao novo extrativismo progressista (GUDYNAS, 2009). Para compreender a integração da lógica do mercado aos interesses do Estado e o papel do management nessa construção, o texto busca referência na Teoria Marxista da Dependência (TMD), especialmente nas discussões de Marini (2005) e Osorio (2012a; 2012b), acerca da inserção subordinada das economias periféricas, articulada com os mecanismos de acumulação do capital e de exploração do trabalho. Outrossim, discute a colonialidade epistêmica na gestão do desenvolvimento, alçada à solução para a modernização e o desenvolvimento, mas que produz uma integração subordinada à economia global. Palavras-chave: Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).Desenvolvimento. Teoria Marxista da Dependência (TMD). Colonialidade. Superexploração do Trabalho. Padrão de Reprodução do Capital. AbstractT his essay seeks to reveal the contradictory character of the Growth Acceleration Program (PAC, in its acronym in Portuguese), the main instrument of the Brazilian development model of the last decade, which attempts to combine an apparent national autonomy for strategic settings, with adjustments of
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