neste âmbito de militarização do governo, nunca é tarde para lembrar que o governo tem suas armas ideológicas: as notícias falsas (ou fake news), utilizadas desde a campanha de Bolsonaro à Presidência da República (Eduardo MARANHÃO F°., Fernanda COELHO e Tainah Biela DIAS, 2018). Dentre elas, se destaca o combate à ideologia de gênero, que se ampara na ideologia de gênesis e dispositivo da cis-heteronorma que, como sinalizado acima, relacionam-se especialmente ao contexto de teocratização do atual governo.
O foco desse artigo é o debate de gênero, com possibilidades conciliatórias entre os Estudos de Gênero e a Psicologia Analítica. Utilizamos como campo o Sagrado Feminino e suas tensões conceituais sobre o ser mulher diante de algumas propostas feministas, já que os círculos sagrados de mulheres se apoiam na perspectiva dos arquétipos, animus e anima e têm utilizado tais conceitos de modo a reforçar o aspecto essencialista sobre o feminino. Embora as concepções iniciais de Jung sobre o tema reflitam sua época, uma leitura atenta de sua obra e de pós-junguianxs leva-nos à compreensão de que sua proposta carrega uma subversão das polaridades de gênero. Com a teoria de integração de polaridades e o politeísmo psíquico, os conceitos de animus e anima ganham uma perspectiva que foge ao dualismo binário e caminha para a androginia e não-binariedade de gênero.
ResumoO presente artigo tem por objetivo refletir a respeito da Ciência das Religiões aplicada e sua interlocução com políticas públicas de saúde voltadas ao enfrentamento da morte e de seus desdobramentos ou facetas, como luto, cuidados paliativos... Partimos do pressuposto que o|a cientista da religião no Brasil tem uma atuação ainda muito restrita nas equipes multidisciplinares que atuam com a temática da morte, e nossa comunicação busca demarcar a importância deste|a profissional para lidar com a morte, especialmente no que se refere ao manejo dos conteúdos simbólicos e religiosos, que atravessam o campo da saúde e das políticas públicas. Nosso artigo demonstra, em consonância com outros autores e autoras da área, que há um despreparo generalizado entre profissionais da saúde para lidar com a morte, e entendemos que esta lacuna pode ser parcialmente preenchida por profissionais que atuam com as religiões, entendendo a importância do papel das religiões e espiritualidades na questão da morte. Para tal tarefa, apresentamos algumas transformações de concepções sobre a morte do SUS, da OMS, que incluem a espiritualidade como um campo fundamental dos processos de saúde, especialmente os que envolvem a finitude. Palavras-chave: luto; morte; religião; saúde pública.
O texto traz um debate sobre o campo epistemológico das Ciência(s) da(s) Religião(ões) e Teologia(s), tendo como aporte teórico as teorias decoloniais e seus principais apontamentos críticos sobre as produções de conhecimento que desestabilizam a lógica moderna colonial e eurocentrada. O objetivo principal deste artigo é analisar os processos de colonialidade do saber constitutivo das áreas de estudos das religiões, considerando com maior ênfase a realidade dessas áreas no Brasil, e apresentar caminhos de desconstrução da lógica colonial nas práticas de pesquisa, ensino e extensão destes campos do conhecimento, pela via contra-hegemônica dos direitos humanos.
Resumo A perspectiva do conservadorismo reacionário na qual o Brasil vem se aprofundando desde os anos 2000 encontrou um cenário mundial propício – a pandemia de Covid-19 – para o estabelecimento de alianças político-religiosas com vistas ao reforço à agenda anti-gênero, em especial, antiaborto. Em meio às controvérsias públicas sobre a Covid-19, surgiram na cena pública alianças político-religiosas defendendo o fechamento de serviços médicos de assistência legal ao aborto, sob a justificativa de que durante a pandemia os serviços não emergenciais deveriam ser suspensos. O artigo apresenta e analisa algumas destas alianças político-religiosas que se estabeleceram durante a pandemia de Covid-19 especialmente no que tange ao debate antiaborto, demonstrando como o Brasil participa do recrudescimento do conservadorismo reacionário presente no mundo.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.