Apresenta-se a experiência de construção de um instrumento autoavaliativo focado nas novas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) de medicina, publicadas em 2014, que referenciam os projetos pedagógicos de cursos (PPCs) das escolas médicas criados a partir do Programa Mais Médicos (PMM). A metodologia de construção dessa ferramenta pautou-se no trabalho coletivo e na interprofissionalidade; e envolveu diferentes olhares e saberes na sua concepção, na definição de dimensões e eleição de indicadores. Após várias rodadas de negociação, o instrumento foi validado e utilizado nos cursos de medicina de universidades federais brasileiras em uma perspectiva formativa de avaliação, favorecendo a identificação das potências e fragilidades dos PPC com destaque aos requerimentos de uma formação no e para o Sistema Único de Saúde (SUS). A força indutora da avaliação contribuiu para a afirmação de ideias-forças que são estratégicas para a implementação de processos contra-hegemônicos na educação médica.
Objetivo. Mapear as características de implantação de novos cursos de Medicina nas universidades federais brasileiras, a partir de 2013.
Métodos. Estudo exploratório com metodologia quantitativa e qualitativa. Foi realizado um levantamento das novas escolas de Medicina em universidades federais, com análise dos projetos pedagógicos dos cursos e entrevistas a estudantes, professores e profissionais de serviços de saúde vinculados às escolas de Medicina. Os dados coletados foram analisados quantitativa e qualitativamente.
Resultados. Foram identificados 30 novos cursos de Medicina, dos quais 24 foram visitados. Todos os novos cursos se localizam fora dos grandes centros urbanos e capitais, nas cinco macrorregiões brasileiras; são organizados em arranjos formativos diversos, que buscam superar a fragmentação disciplinar com metodologias ativas e avaliação formativa. A rede de saúde é utilizada na formação para enfrentamento dos desafios da integração ensino-serviço-comunidade, com vistas a uma formação crítica e voltada à saúde pública. A criação dos cursos promoveu a interiorização de docentes, embora de forma limitada, e contribuiu para o ingresso de estudantes locais e a criação de residências médicas, expedientes potentes na fixação médica.
Conclusões. Observou-se diversidade nas formas da materialidade e aderência ao disposto pelas Diretrizes Curriculares Nacionais de Medicina publicadas em 2014. A construção de modelos de formação médica condizentes com as particularidades locais e com as exigências do Sistema Único de Saúde (SUS) em seu papel de ordenador da formação dos profissionais da saúde pode contribuir para reduzir as desigualdades em saúde.
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