A Segunda Guerra mundial, em sua complexidade e dimensões, levou a uma reflexão sobre a (im)potência da literatura e das artes, interrogando os limites de sua representação em registros documentais e em obras de arte. Neste ensaio são comparados certos processos de construção das narrativas de Nuit et brouillard (1955), dirigido por Alain Resnais, com roteiro de Jean Cayrol, e Hiroshima, mon amour, também de Alain Resnais, roteiro de Marguerite Duras, que se colocam diante deste desafio. Será dado destaque aos recursos de que se valem diretor e escritores, à potência criativa do entrelaçamento das imagens fílmicas e do texto literário, assim como a seu impacto político.
Resumo: A digitalização de parte do acervo de jornais e revistas da Fundação Biblioteca Nacional (FBN) tem conferido um novo olhar sobre a história da literatura no Brasil, redimensionando-a constantemente ao trazer à luz, mais uma vez, os nomes de escritores que, sobretudo no século XIX, projetaram-se nas Letras brasileiras mas acabaram por ser eclipsados. Esse é o caso de Luiz Gastão de Escragnolle Dória (1869Dória ( -1948, ocasionalmente lembrado por sua atuação no magistério, como professor do Colégio Pedro II, ou por sua dedicação à preservação do patrimônio intelectual brasileiro, como membro e diretor do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro (IHGB). Sua produção literária, entretanto, resta diluída nas páginas dos periódicos com os quais contribuiu ao longo de sua trajetória. Nesse sentido, a questão que se impõe vai além do motivo de sua exclusão da lista de autores considerados pela historiografia canônica, já que esse polígrafo das Letras brasileiras publicou pouco em livro, suporte privilegiado pelas Histórias da literatura e porta de entrada para os manuais escolares. Procuramos, neste artigo, restabelecer as sucessivas posições ocupadas por Escragnolle Dória no campo literário brasileiro ao longo de sua trajetória (BOURDIEU, 1992) a fim de colocar em perspectiva sua atuação como escritor e tradutor de obras literárias.Palavras-chave: Escragnolle Dória. Literatura brasileira. Imprensa brasileira. Naturalismo. O novo horizonte de possibilidades que se abriu com a Hemeroteca Digital da FBN permitiu-nos reunir informações suficientes para que recuperássemos grande parte da produção literária de Luiz Gastão d 'Escragnolle Dória (1869-1948 -que não consta nas principais obras que fazem referência à sua atuação nas Letras brasileiras -bem como para que restabelecêssemos o debate em torno do qual sua obra foi recebida pela crítica. Propusemo-nos, então, a examinar a trajetória desse homem de letras no campo literário brasileiro, na tentativa de restabelecer parte da História da literatura que concerne a esse escritor esquecido e de fomentar o debate sobre os fatores que favoreceriam o acesso de um agente desse campo ao estatuto de "autor". Valemo-nos, dessa maneira, da relação complementar entre Sociologia e Literatura articulada por Pierre Bourdieu (1992) Goncourt". 21 A admiração por Edmond e seu irmão Jules, segundo o articulista, não se espraiava sobre todos os contos de Dor, pois "Escragnolle Dória não tem os rebuscamentos e complicações de estilo daqueles escritores. Sua linguagem é límpida, correntia, fácil -e por isso mesmo a que convém a cada um dos seus trabalhos, cujo assunto expõe sempre admiravelmente". 22 Os valores estéticos identificados ora se relacionam ao método de escrita naturalista, com "pequenos episódios, em geral de uma ação muito viva, muito intensa, que se pode dizer nitidamente recortada nos fatos da vida" e marcados pela ausência de peripécias -como nos contos "Dor", "Mágoa eterna" e "Corações obscuros" -, ora se inserem na tradição de narrativas romanescas de aventuras,...
Resumo: O presente artigo tem como objetivo propor uma releitura das Memórias (1865) de Berlioz, desenvolvendo a hipótese de um ethos autoral rasurado. Será revisitado o conceito de ethos e sua funcionalidade na interpretação do discurso literário (MAINGUENEAU, 2004), desnaturalizado e visto como um constructo cultural. A interrogação voltada para a autobiografia de Berlioz demandou, para além da Análise do Discurso, o recurso a métodos de leitura provenientes de abordagens oferecidas pela história da edição e as teorias do campo literário (BOURDIEU, 1992). Nas Memórias de Berlioz combinam-se estratégias discursivas de projeção de um ethos de compositor, assim como da afirmação e rasura de um ethos de escritor, compondo uma persona de artista romântico.Palavras-chave: Berlioz; memórias; romantismo; ethos.Abstract: This article aims to propose a re-reading of Berlioz’s The Memoirs (1865), developing the hypothesis of an obliterated author ethos. It will revisit the concept of ethos and its functionality in the interpretation of literary discourse (MAINGUENEAU, 2004), denatured and seen as a cultural construct. In addition to analyzing the discourse, the question of Berlioz’s autobiography demanded the use of reading methods from approaches offered by the history of publishing and the theories of the literary field (BOURDIEU, 1992). Berlioz’s Memoirs combine discursive strategies of projection of a composer ethos, as well as the affirmation and erasure of an ethos of writer, composing a persona of romantic artist.Keywords: Berlioz; memoirs; romanticism; ethos.
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