RESUMO: O presente artigo sistematiza o progresso da pesquisa sobre os padrões de organização social do território das metrópoles brasileiras e seus impactos nos mecanismos de reprodução das desigualdades educacionais entre crianças e jovens. Ele tem como base os resultados de um grande número de investigações empíricas realizadas pelo grupo de pesquisa multidisciplinar "Educação e Cidade", integrante do Instituto Nacional de Pesquisa e Tecnologia (INCT) -"Observatório das Metrópoles" -CNPq/FAPERJ. Além de apresentar o estado da arte sobre o conhecimento referente à relação entre os processos de segmentação e segregação residencial e as desigualdades de acesso à estrutura de oportunidades educacionais, o artigo também propõe a reflexão sobre a necessidade da consideração do território urbano como dimensão transversal das políticas de educação e da cidade. Palavras-chave:Regiões metropolitanas. Segregação residencial. Desigualdades urbanas. Desigualdades educacionais. Urban challenges to educational opportunities access in Brazilian MetropolisABSTRACT: The present article systematizes the progress of the research on the patterns of social organization of the Brazilian Metropolis territory and its impacts on mechanisms of educational inequalities reproduction among children and adolescents/youth. It relies on results of a great number of *Agradecemos a colaboração de Marcelo Gomes Ribeiro (IPPUR/UFRJ) para a discussão e elaboração dos gráficos que apresentam a relação entre as dimensões do Índice de bem-estar urbano e as tipologias sócio-ocupacionais.
Fundamental para a expansão do sistema de educação superior, o processo de diversificação institucional tem gerado um interesse cada vez mais amplo dentro dos estudos sobre desigualdades. Nesse quadro, este artigo analisa as políticas educacionais desenvolvidas desde meados da década de 1990 e suas implicações para as condições de trabalho dos professores da educação superior. Foram usados os microdados do Censo da Educação Superior para dimensionar o crescimento do mercado para docência, as mudanças no perfil da qualificação e da contratação docente. Foi possível observar que, mesmo com o crescimento do número de profissionais e melhorias na qualificação, a precarização é uma realidade que estratifica os professores em torno, de um lado, de docentes centrais, mais qualificados e com garantia mais ampla de direitos trabalhistas e, de outro, de docentes periféricos, vinculados a instituições articuladas ao mercado e voltadas (quase exclusivamente) para a atividade de ensino. Tal disposição alerta para consequências de reformas administrativas com viés de mercado que intensificam o estrangulamento do orçamento público, impactam a educação superior e, particularmente, as condições de trabalho docente.
A ampliação das matrículas em cursos da área de Educação foi um dos principais vetores da expansãorecente do ensino superior brasileiro. O objetivo do artigo é analisar até que ponto essa expansãosignifica, de fato, democratização de oportunidades de formação em distintas carreiras docentes. Osresultados obtidos, a partir de exercícios realizados com os microdados do Exame Nacional de Desempenhode Estudantes 2014, revelam que as subáreas de Educação estão distintamente caracterizadasde acordo com a origem socioeconômica e marcas sociais dos/das estudantes. As evidências são discutidasa partir de bibliografia que trata da “democratização segregativa” do ensino superior e de sua“estratificação horizontal”.
Os capítulos deste livro têm como objetivo analisar a relação entre a segregação residencial e as desigualdades das chances de escolarização de crianças e jovens em diversas cidades da América Latina. Os autores buscam conjugar abordagens da sociologia urbana e da sociologia da educação e tratam dos fatores relacionados à organização social do território e suas consequências sobre as oportunidades educacionais.
Dez anos após a aprovação da Lei de Cotas na educação superior, intensificam os debates sobre os avanços e principais desafios encontrados ao longo da sua implementação. Este artigo tem como objetivo fornecer evidências para o monitoramento da lei, situando a desigualdade racial tanto historicamente, através da análise da população com diploma de educação superior, quanto conjunturalmente, a partir da dinâmica observada no volume de vagas e matrículas em cursos de graduação ao longo da década de 2010. Para isso, usa dados do Censo da Educação Superior e da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios. Os resultados indicam que a lei foi fundamental para a diversificação social e racial das universidades federais, mas que ainda permanecem desigualdades que justificam sua manutenção nos próximos anos.
Neste artigo, considerando as recentes políticas de expansão e interiorização da educação superior no país, analisamos a desigualdade regional no acesso ao diploma de graduação na população adulta (25 anos ou mais) no Brasil na década de 2010. Buscamos responder em que medida a expansão das oportunidades na educação superior foi capaz de estreitar as disparidades inter e intrarregionais no acesso a um diploma. Com base nos dados da PNAD Contínua, descrevemos as desigualdades de sexo, raça/cor, renda domiciliar per capita e área do domicílio (capital e interior) entre as grandes regiões de 2012 a 2019. Os resultados indicam um processo de intensificação das disparidades no acesso a um diploma de graduação, sobretudo por renda domiciliar e área do domicílio, o que representa não apenas um desafio para políticas de expansão deste nível de ensino, como para políticas de desenvolvimento regional.
O aumento da escolaridade ocupa espaço relevante nas formulações sobre oportunidades no mercado do trabalho e sobre as chances de mobilidade social. Este artigo tem como objetivo discutir em que medida a mudança no perfil educacional da força de trabalho de graduados com educação superior corresponde à alocação em grupos ocupacionais com demanda equivalente a esse nível de qualificação. Analisar essa relação tem relevância no momento de expansão significativa da educação terciária no Brasil e de profundas mudanças estruturais que afetam o funcionamento do mercado de trabalho. O texto examina as evidências dos últimos quarenta anos acerca das mudanças no perfil educacional da força de trabalho, levando em conta a relação entre anos de estudo e as oportunidades e/ou desigualdades do mercado de trabalho. A partir de dados produzidos pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, o artigo mostra que, apesar do crescente número de trabalhadores com educação superior, a maior parte deste grupo não está inserida em função compatível com seu grau de qualificação, indicando um crescimento da taxa de graduados em ocupações que não requerem esse nível de escolaridade. Os resultados mostram ainda que o acesso ao ensino superior e ao mercado de trabalho brasileiro segue marcado por significativas desigualdades de gênero e cor/raça.
Mediante a expansão da educação terciária, especialmente da modalidade a distância, e com base no debate sobre a desagregação profissional, a pesquisa oferece uma proposta de aprimoramento do Censo da Educação Superior. Discute o estado da arte das informações sobre os docentes por meio dos instrumentos de avaliação do Ministério da Educação e apresenta hipóteses para a invisibilidade dos tutores no Censo. Os resultados indicam poucas informações sobre as condições de atuação docente, especialmente para os tutores, profissionais que exercem a função de mediação no processo de ensino e aprendizagem e que constituem a principal força profissional na educação a distância. Conclui que o maior detalhamento sobre o trabalho docente é um passo essencial para a qualidade da educação superior.
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