Objetivamos analisar, por meio dos pressupostos teórico-metodológicos da Análise Crítica do Discurso (ADC), a construção da identidade social da mulher em três livros de finanças pessoais voltados ao público feminino, via análise das sequências injuntivas. Além da ADC, resgatamos estudos sobre educação financeira e gênero, com o intuito de verificar como as práticas discursivas dialogam com narrativas sobre o feminino e o consumo. Concluímos que as obras pouco contribuem para o desenvolvimento da educação financeira das mulheres, aproximando-se do discurso da autoajuda. Além disso, os textos reconfiguram discursos que reproduzem visões estereotipadas do feminino e desconsideram questões econômicas e sociais mais amplas que envolvem os problemas financeiros das mulheres no Brasil.
Neste artigo, investigamos o funcionamento discursivo da referenciação enquanto atividade linguística de acordo com a qual os objetos são construídos e reproduzidos nas práticas discursivas. Buscamos examinar o processo de lexicalização na construção do objeto-de-discurso "Guerra no Iraque" pela Revista Veja, utilizando teorias que investigam o papel da mídia na produção e disseminação de práticas simbólicas. Vimos como tais práticas se fazem essenciais para a construção da nossa visão de mundo, principalmente no âmbito das relações internacionais. Procuramos articular esses estudos com a teoria da Análise Crítica do Discurso proposta por van Dijk, para que pudéssemos compreender o funcionamento discursivo dos processos de referenciação nessas práticas simbólicas. Observamos que a referenciação, enquanto prática de nomeação dos eventos internacionais, constitui-se em importante objeto de análise na medida em que nos revela as crenças ideológicas do sujeito socioculturalmente localizado e é um elemento fundamental na construção de nossas visões dos eventos sociais.
Utilizando o modelo de análise e avaliação da argumentação prática no discurso político de Fairclough e Fairclough (2012), este trabalho analisa a argumentação na audiência pública conjunta das Comissões de Finanças e Tributação (CFT), de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC) e Mista de Planos, Orçamentos Público e Fiscalização (CMO), ocorrida em 14 julho de 2015, com a presença do Advogado-Geral da União, cuja pauta foram as "pedaladas fiscais" nas contas de 2014 do Governo Federal, que resultaram no impeachment da presidente Dilma Rousseff. Considerando a polêmica em torno das contas, os depoimentos dos agentes políticos foram analisados com base no modelo da argumentação prática, confrontando os argumentos dos que discordam e dos que concordam com os indícios irregularidades. A partir da análise, concluímos que o processo argumentativo se desenvolveu em torno dos aspectos técnicos e políticos envolvendo a prestação de contas de 2014 e foi motivado por posicionamentos prévios dos agentes políticos. Esses posicionamentos estavam vinculados as suas filiações partidárias e relações com o Governo, e seus valores e objetivos foram utilizados com o intuito de levar a audiência a aceitar tais posicionamentos.
. A disputa pelo sentido nos tribunais: estratégias argumentativas em narrativas de alegações finais da acusação e da defesa. Linguagem em (Dis)curso -LemD, Tubarão, SC, v. 17, n. 3, p. 331-348, set./dez. 2017.
INTRODUÇÃONão há dúvida de que o judiciário é uma instituição de grande influência social, pois não só cria e edita normas de conduta, impondo direitos e obrigações, como também julga e busca punir comportamentos que vão contra as normas impostas nos dispositivos legais. Considerando, portanto, o poder das instituições jurídicas nas sociedades, Gibbons (2003, p. 55) argumenta que as leis são as mais linguísticas das instituições, pois são codificadas em linguagem e fundamentadas em conceitos que são acessíveis apenas pela linguagem. Além disso, os processos legais, as audiências judiciais, os interrogatórios policiais se desenrolam por meio da linguagem.
Este trabalho tem como objetivo analisar como se dá, por meio do conteúdo ideacional das peças (HALLIDAY, 1976 e 1998) e dos processos de negociação dos relacionamento interpessoais, a construção conflitiva das narrativas das alegações finais da acusação e da defesa em um processo de falsificação de documento público. Para tanto, filiamo-nos à Análise do Discurso Forense, com o intuito de compreender como os modos de interação que envolvem a produção do discurso nos tribunais e os papéis sociais desempenhados pelos sujeitos influenciam as práticas linguísticas nos tribunais. Para análise do conteúdo ideacional dos textos, adotaremos como categoria analítica o modelo de narrativa proposto por Labov (1972), observando como a seleção dos fatos e de itens lexicais específicos revelam o caráter avaliativo dessas narrativas. Já em relação aos processos de negociação da imagem e dos relacionamentos interpessoais (ROSULEK, 2010), observaremos como a produção de evidências, a citação de textos da lei e do depoimento de testemunhas, sustentando / atacando sua credibilidade ou reinterpretando seus dizeres, constroem não só a imagem de cada um dos advogados bem como a sua relação com os sujeitos envolvidos no processo.
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