A palavra insurgência, em seu significado dicionarizado, evoca umaorganização que vai contra um movimento hegemônico; é utilizada sobretudoem contextos de rebelião contra um sistema social e político. Este artigo objetivapensar como o deslocamento territorial de mulheres haitianas, motivado porquestões estudantis, aponta para insurgências sobre a forma como as coisas sãoem um momento histórico, político e econômico, e em vários níveis. Confluímoscom uma proposta teórica de insurgência como uma transgressão de um estadode coisas que se propõe instituído, articulando-a com os relatos das duasuniversitárias haitianas interlocutoras da pesquisa de mestrado aqui mencionada.
Neste ensaio, parte-se do pressuposto de que a falta de articulação entre políticas de tradução e políticas linguísticas torna invisíveis algumas iniciativas realizadas em nosso país. A proposta deste ensaio é apresentar e dialogar de forma sucinta com diferentes elementos que atravessam os processos tradutórios e interpretativos e que constituem temas de interesse das políticas de tradução. Para essa reflexão, recuperam-se as contribuições de Baker (2006a, 2006b), Tymoczko (2007) e Panda (2013), as quais apresentam reflexões sobre a tradução e a interpretação, o papel que elas desempenham e as políticas adotadas por diversos governos. A partir deste debate, sugerimos um diálogo articulado entre políticas de tradução e políticas linguísticas. Consideramos que esta conexão pode ser um caminho para compreender que toda ação em torno da língua, seja ela econômica, social, cultural ou linguística, gera efeitos de cunho tradutório.
No livro La Nación Heterosexual, a afro-dominicana Ochy Curiel (2013) assume a lesbianidade feminista decolonial como posicionamento político e epistemológico. Analisando o percurso histórico e o processo de negociação política por meio do qual foi gestada a Constituição colombiana, o livro evidencia como o regime heterossexual faz parte da norma essencial dessa nação. Curiel tenta superar o frequente olhar sobre "esses outros da colonialidade" para, por meio da antropologia da dominação, oferecer compreensões de como se produzem sujeitos e grupos sociais excluídos, mas fundamentalmente como grupos dominantes conseguem garantir a existência de ordens hierárquicas.A entrevista foi feita por Skype entre Belo Horizonte (Minas Gerais, Brasil) e Bogotá (Colômbia) no dia 20 de junho de 2017, gravada em voz e vídeo e posteriormente transcrita para sua tradução. A conversa fez parte da preparação de um seminário apresentado pelas entrevistadoras então discentes na disciplina "Psicologia, Política e Feminismo", oferecida pelo
Partindo das experiências de mulheres negras diaspóricas, problematizamos aspectos teórico-metodológicos da produção do conhecimento científico na psicologia, com o intuito de enfrentar o racismo genderizado e o epistemicídio. Tomamos como base analítica os desafios vivenciados em duas pesquisas nas quais as experiências de mulheres negras diaspóricas foram centrais para a compreensão das dinâmicas de opressão. Insurgimos contra modelos teórico-metodológicos pautados em uma racionalidade científica produtora de uma humanidade universalizante de matriz eurocêntrica, que se sustenta em noções colonizadas, excludentes e genocidas de produção de conhecimento. Compartilhamos, a partir do diálogo e da articulação de vozes negras e decoloniais, outros caminhos possíveis para a práxis científica psi em que corpos, vozes e escritas marginalizadas atuam como faróis a conduzir quizumbas e caos fomentadores de criticidade, criatividade e novas insurgências teórico-metodológicos, visando transformar a ciência de modo a destruir seus muros e construir novas pontes.
O objetivo deste artigo é apresentar a revisão de literatura realizada sobre o deslocamento de estudantes de países africanos para o Brasil com fins de estudos, entendida aqui como diáspora estudantil. Foram revisados 35 trabalhos, sendo 28 dissertações de mestrado e 7 teses de doutorado, publicadas entre os anos 2000 e 2017. Além destes dados compilados, foram conjugados os resultados da pesquisa de mestrado que deu origem a esta revisão, apresentando importantes reflexões acerca da chegada destes e destas estudantes no Brasil, os projetos de futuro, questões da permanência atravessadas pela questão racial e de gênero, entre outros aspectos.
ResumoO objetivo deste trabalho é propor uma investigação sobre os embates discursivos entre diversas identidades políticas, encenados nas ruas e no espaço virtual, durante as manifestações realizadas nas capitais brasileiras durante o mês de junho de 2013.
AbstractThe goal of this paper is to propose an inquiry about the discursive struggle performed at the streets and at the virtual space among the many political identities present in the demonstrations of June 2013 in Brazil´s biggest cities. It is proposed an analysis of certain production and reception of utterances of the struggle established among the many groups that took part in the demonstration through the framework of Laclau´s and Mouffe´s concepts of "antagonism" and "empty signifiers". The latter allowed us to verify the emergency of antagonistic meanings in the discursive production found in the streets and virtual spaces as a way to articulate antagonism and political identities.
scite is a Brooklyn-based organization that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.