Esta tese é a soma de carinho e cuidados que recebo desde sempre de uma série de amigos e familiares, nem todos aqui mencionados, aos quais agradeço sinceramente. Aos meus amigos da T.I.
Em minhas anotações, a recorrência da palavra conflito e suas variações em expressões como “é muita desunião” e “não têm mais paz” são o ponto de partida deste ensaio, realiza-do entre as famílias tupi guarani da TI Piaçaguera, litoral sul de São Paulo. A cada retorno a campo contavam-me que “aconteceram muitas mudanças”, elencando, por vezes, para onde tinham ido cada parente. Tal comentário mostra meu interesse em encontrar determinadas pessoas, mas também aponta para o movimento, o incessante descompor e compor coletivos. Vale mencionar que os conflitos – que sintetizam a ideia de ruptura, e consequente reorganização das relações –, longe de serem considerados de modo negativo, como um mal degenerador da “sociedade”, são tidos como produtores desta. Tendo isto em vista, interes-sa-me discutir os usos dos etnônimos. Os Tupi Guarani não aceitaram um nome imposto de fora, por pesquisadores ou outros coletivos indígenas, mas trataram de ensinar aos não indígenas que são Tupi Guarani. Além disso, seguindo as reflexões nativas, o etnônimo revela a mistura (Tupi e Guarani) que entendo como uma tradução para os não indígenas do pensamento ameríndio. Mas não só, porque a mistura, produzida nos casamentos, também é a condição de possibilidade tupi guarani como revela a tensão do “entre”.
Paulo SANTILLI é antropólogo e possui graduação em ciências sociais pela Universidade de Brasília (UNB), tendo defendido a dissertação de mestrado Os Macuxi: História e Política no século XX na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Sua tese de doutorado Pemongon Patá: território Macuxi, rotas de conflito foi defendida junto ao Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Universidade de São Paulo (PPGAS-USP). Ambos os trabalhos tiveram a orientação da antropóloga Manuela Carneiro da Cunha. Em 2002, Santilli obteve o título de Pós-Doutor pela University of St. Andrews, Escócia. Atualmente é professor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP), campus Araraquara, bem como colaborador do Programa de Pós-graduação em Antropologia Social da Unicamp. Além de artigos publicados em periódicos e apresentações de trabalho em eventos, Santilli publicou dois livros: As Fronteiras da República: história e política entre os Macuxi. São Paulo: EDUSP/FAPESP, 1994. 2000. 119 p.; Pemongon Patá: Território Macuxi, rotas de conflito. São Paulo: Unesp, 2001. 227 p.
Neste ano de 2011, os livros O Direito Materno, de Johann Bachofen, e Lei Antiga, de Henry Maine, completam 150 anos de publicação; e as obras Sistemas de Consanguinidade e Afinidade da Família Humana, de Lewis Morgan, e Cultura Primitiva, de Edward Tylor, completam 140 anos. A Cadernos de Campo, em homenagem a essas datas, apresenta como tema de sua seção especial o Evolucionismo.
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