A população rural brasileira sofre com inúmeras situações de vulnerabilidade, convive com precárias condições de vida e difi culdades de acesso à saúde. Objetivamos investigar as condições de vida e formas de apoio social em assentamentos de reforma agrária no Piauí frente aos casos de Transtorno Mental Comum (TMC) e de uso abusivo de álcool. Para isso, realizou-se um estudo de corte transversal em dois assentamentos: Santo Antônio (n = 1.060) e Canárias (n = 432), totalizando 1.492 participantes. Foram utilizados questionário sócio demográfi co; Self-Reporting Questionnaire (SRQ-20), Alcohol Use Disorders Identifi cation Test (AUDIT) e Escala Medical Outcomes Study (MOS). Dentre os participantes que atenderam aos critérios de inclusão/exclusão para aplicação dos instrumentos (n = 762), identifi couse 160 (21%) casos de TMC nos dois assentamentos, com maior prevalência entre as mulheres e em moradores acima de 30 anos; e 89 (11,6%) casos com consumo de risco, uso nocivo e dependente de álcool. Quanto ao apoio social, os moradores o consideram insufi ciente e pouco presente no dia a dia. A percepção de fragilidade de suporte nas cinco dimensões avaliadas (material, informação, afetivo, emocional e interação social positiva) está associada aos problemas de infraestrutura, de condições materiais de vida e apresenta diferenças importantes entre homens e mulheres.
Resumo Objetiva-se discutir equidade e acesso em saúde mental por meio da análise da distribuição das equipes da atenção primária (Agentes comunitários de Saúde; Equipes de saúde da Família; Núcleo Ampliado de Saúde da Família) e da cobertura da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS) em três estados nordestinos (Ceará, Piauí e Rio Grande do Norte) nas suas respectivas regiões de saúde. Trata-se de um estudo descritivo, apoiado por análise quantitativa exploratória. Para tanto, recorremos à base de dados do Departamento de Atenção Básica/DATASUS para a coleta dos dados secundários em relação às séries históricas de habilitação das equipes da Atenção Primária. Quanto aos pontos de atenção da RAPS, utilizamos a base de dados disponibilizada pela Coordenação Nacional de Saúde Mental do Ministério da Saúde. A investigação concluiu que até 2018 observou-se no país um importante movimento de interiorização e expansão da cobertura em relação à atenção primária e psicossocial, impactando na ampliação da equidade nos territórios de menor desenvolvimento econômico e social. Contudo, verificou-se que os serviços de APS estão mais interiorizados, enquanto os demais dispositivos da RAPS estão mais desenvolvidos nas capitais e grandes municípios.
Resumo Apesar do incremento de estudos e discussões sobre os povos indígenas no Brasil, a relação da Psicologia, enquanto ciência e profissão, com a temática ainda é pouco abordada nos cursos de graduação e pós-graduação e nas produções acadêmicas. Com o propósito de realizar um balanço sobre a aproximação da produção do conhecimento em Psicologia com a temática indígena, este ensaio buscará apresentar as principais categorias teóricas e analíticas que possam contribuir com o diálogo entre esses dois campos. O método tomou como base a revisão integrativa, em que primeiramente destacamos as principais contribuições teóricas e analíticas acerca da produção acadêmica brasileira sobre os povos indígenas para, em seguida, situarmos a produção científica da Psicologia sobre o tema no Brasil. Ao final, sinalizamos para a importância de se construir um recorte crítico capaz de fortalecer a Psicologia nos estudos sobre os povos indígenas. Também destacamos os estudos pós-coloniais e decoloniais críticos ao eurocentrismo enquanto organizador e regulador da visão de mundo, da história e da concepção de ser humano.
Nas últimas quatro décadas, no Brasil, um maior número de grupos indígenas passou a se autodeclarar e a reivindicar o reconhecimento de sua condição étnica e de seus direitos constitucionais, em um fenômeno nomeado de processo de indianização e/ou de fortalecimento da indianidade. No Piauí, destacamos os grupos da etnia Tabajara que se organizam por meio de associações indígenas, inaugurando um novo capítulo na história indígena piauiense, visto que, por muito tempo, a presença indígena no estado foi invisibilizada, silenciada e negada. Nesse bojo, o presente estudo buscou conhecer as condições sócio-históricas que contribuíram para o processo de indianização dos grupos indígenas da etnia Tabajara no Piauí. Trata-se de uma pesquisa qualitativa, com base nos estudos sobre produção de sentido no cotidiano. O estudo foi realizado nos municípios de Piripiri, PI, e Lagoa de São Francisco, PI, com 20 lideranças, mediante os seguintes recursos metodológicos: observação no cotidiano, conversa no cotidiano e entrevista semiestruturada. Em suma, observamos que, diante dos escombros do passado, os Tabajara buscam escrever sua história do presente, a partir do resgate histórico de suas raízes indígenas e da ação de mediadores, evocando e (re) significando fatos e acontecimentos que lhe são significativos e que fortalecem suas indianidades e sua ação política. Palavras-chave: povos indígenas; memória; ação política; indianização.
Resumo Objetivou-se analisar a capacidade de resposta do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) em saúde mental em três estados nordestinos a partir do II e III Ciclos do Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB). Os resultados foram analisados em nível estadual, nos municípios pertencentes ao G1 e nos 48 municípios que concentram simultaneamente assentamentos rurais e comunidades quilombolas. Identificaram-se aspectos mais e menos favoráveis em termos da oferta de ações em saúde mental que atravessam os dois ciclos avaliativos. Os dados demonstram a possibilidade de um efetivo compartilhamento de responsabilidades e de coordenação do cuidado entre o NASF e as equipes de AB. Entretanto, em relação às demandas de cuidado referentes ao uso de substâncias psicoativas, em ambas as avaliações e nos três níveis de estratificação, as equipes NASF obtiveram desempenho menos favorável, indicando que a capacidade de resposta ao sofrimento associado ao uso de álcool e outras drogas é menos efetiva, precisando ser reforçada e aprimorada na APS.
Objetiva-se analisar a situação de saúde mental de 48 municípios nordestinos que registram a presença de comunidades quilombolas e de assentamentos de reforma agrária em seus territórios, considerando as condições de vida, a oferta de serviços de saúde e o perfil de morbimortalidade em saúde mental. São articulados aspectos de gênero, classe e raça para compreender a produção de iniquidades em saúde nesses territórios. Trata-se de um estudo descritivo, realizado a partir de análise quantitativa com dados secundários coletados de diferentes bases disponíveis em domínio público. Observa-se o entrecruzamento e a combinação de fatores que influenciam a situação de saúde mental de municípios com populações do campo e da floresta: a precariedade nas condições de vida e trabalho, retaguarda insuficiente de serviços de atenção psicossocial e desigualdades étnico-raciais e de gênero da morbimortalidade psiquiátrica.
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