Resumo:A questão da representação de sujeitos nas Américas sempre constituiu um ponto de (des)encontros, convergências. Representar indígenas, escravos e/ou trabalhadores assalariados era uma atividade que incorporava muito de atitude etnográfica e que, no entanto, podia compor a caracterização de uma localidade. Neste trabalho, apresento uma seleção de três fotógrafos, Marc Ferrez, Christiano Junior e Martín Chambi, que contribuíram para formar uma imagem pessoal de determinados locais da América Latina. Os exemplos desses três artistas são comparados com a produção contemporânea da fotógrafa equatoriana Lucía Chiriboga, que incorpora fotos e documentos antigos em sua composição, dialogando diretamente com o passado. Palavras-chave: Fotografia; Identidades; Memória. IMAGES OF PRESENTS/GHOSTS OF THE PAST Abstract:The representation of subjects in the Americas has always generated points of convergences, or divergences. To represent Indians, slaves or employees was an ethnographic decision that ultimately helped compose a particular characterization of a specific place. In this paper, I present a selection from three photographers-Marc Ferrez, Christiano Junior and Martín Chambi-whose contributions helped shape a personal / particular view of certain regions of Latin America. In a second moment, I confront these photographs with the works of contemporary Ecuadorian photographer Lucia Chiriboga, who incorporates antique photographs and documents in her art, in a direct dialogue with the past.
Resumo Nesse trabalho analisamos a figura histórica do período colonial Catalina de los Rios y Lisperguer, La Quintrala, a partir do ensaio histórico Los Lisperguer y La Quintrala, escrito no séc. XIX por Benjamín Vicuña Mackenna com o objetivo de examinar as formas de leitura do período colonial que se traduzem nos escritos desse intelectual chileno. A título de ilustração estabelecemos, ao final, uma breve comparação entre o paradigma, criado por Mackenna, para La Quintrala e duas outras leituras dessa personagem escritas no séc. XX. Observa-se nesse processo detalhes da reelaboração da história colonial que colocam em perspectiva as possibilidades dos estudos/leituras coloniais.
Este trabalho toma como corpus o conto “Famigerado”, do livro Primeiras estórias (1988), de Guimarães Rosa e tem como base a escrita do autor e a postura estética por ele assumida. Nesse sentido, o objetivo do ensaio é analisar a linguagem empreendida por Guimarães nesse conto e as implicações dela para a narrativa, assim como a relação com o espaço no qual ele é ambientado, o sertão. Para tal, foram utilizados Bosi (1985) e Coutinho (2004), cujos estudos voltam-se à historiografia da literatura brasileira, dando margem à compreensão do encadeamento de eventos literários nacionais; ainda, Gotlib (1998) e Castro (1993), que dão suporte à análise da estrutura do conto de um modo geral e daqueles feitos por Rosa (1988); Bachelard (2008) e Brandão (2013), que se dedicam à investigação do espaço fundado na literatura a partir do imaginário; e, por fim, Vanoye (1987) e Holanda (1992), cujos textos dão conta da experiência da linguagem.
Este trabalho consiste numa análise do conto “Teatro de bonecos”, presente na obra Os lados do círculo (2004), do autor contemporâneo Amilcar Bettega Barbosa (nascido em São Gabriel - RS, 1964), cuja fábula se volta para um homem que decide viver afastado da sociedade junto a outros dois personagens de natureza nebulosa. É através dessa convivência incomum que irrompem no leitor as dúvidas sobre a sanidade do narrador autodiegético e sobre a possível sobrenaturalidade desses dois moradores. Diante desse quadro, busca-se apreciar os elementos que sustentam a categoria estética do fantástico por meio do aporte teórico de Remo Ceserani (2006), de Tzvetan Todorov (2010), de David Roas (2014) e de Rosalba Campra (2016). Como resultado, aponta-se que a narrativa examinada se encarrega, com bastante precisão, de revelar ao homem tudo aquilo que deseja esquecer: seus limites e sua finitude.
Resumo: Neste trabalho, buscamos investigar o tema da ausência no conto "O rosto", de Amilcar Bett ega Barbosa (2002). Em outros termos, apreciamos a condição de ausência em seus distintos níveis, considerando-a como um fator essencial para o desequilíbrio do protagonista da narrativa, que, devido à privação de convívio humano e por sua ociosidade, concentra todos os seus esforços na captura de um rosto sem corpo que irrompe em sua residência. Para auxiliar essa análise, são úteis os mananciais de Remo Ceserani (2006), pela apresentação dos sistemas temáticos recorrentes na literatura fantástica; de Louis Vax (1965), por designar as partes separadas do corpo humano como um dos temas da literatura fantástica; de David Roas (2014), por discutir as diferenças entre o fantástico e o grotesco; e de Rosalba Campra (2016), por debater a questão da ausência, do silêncio, do não dito e dos vazios da obra fantástica. Como resultado, constatamos que essa experiência insólita, em vez de trazer conforto ao protagonista, instaura o desamparo, pois esse personagem fi nda perdendo, com a evasão do rosto, não só o contato com o diferente (o Outro), mas também a própria identidade, tornando-se um ser ausente de si mesmo.
Poeta e engenheiro, sintonizado, desde a juventude, com invenções das ciências e de literaturas diversas, Joaquim Cardozo [1897-1978] foi, sem dúvida, um dos grandes expoentes literários do Brasil. As formas de perceber e retratar o espaço revelam na sua poesia ideias como a de pertencimento e a maneira de estar no mundo. Neste sentido, considerando a literatura como um depositório de relações estabelecidas entre o homem e o meio, o tema deste artigo é a cidade do Recife como referência da criação poética cardoziana. A fim de lançar luz sobre o teor comunicativo de sua obra, o principal objetivo do trabalho é verificar como se configuram as imagens da cidade no poema “As janelas, as escadas, as pontes e as estradas”, de Mundos paralelos [1970], em busca de ressaltar o modo de como a inspiração do social encontra uma expressão estética. Para tal, buscamos aporte teórico-crítico no pensamento de estudiosos como Cantarelli (2014), Leal (2007) e Maia (2010).
Resumo: Lucía Miranda é uma personagem identificada com a formação da região do Rio da Prata, que protagonizará, no séc. XIX, dois romances de carácter histórico escritos por Rosa Guerra e Eduarda Mansilla. As histórias apresentadas pelas duas autoras distam no tratamento do tema e parecem propor maneiras diferentes de ver a história e as possibilidades de construção de signos de identidade nacional. Nesse trabalho, analiso comparativamente as duas obras e as formas como convertem em ficção um evento considerado histórico. Em um primeiro momento, o trabalho apresenta algumas considerações sobre romance histórico e seus usos no século XIX. Em um segundo momento, é apresentada uma breve revisão sobre o mito/história de Lucía Miranda e sobre a vida das autoras Rosa Guerra e Eduarda Mansilla. Em seguida, é apresentada uma análise comparativa dos dois romances para estabelecer os pontos de convergência e divergência entre os dois trabalhos.Abstract: Lucía Miranda is a character identified with the formation of the region of Rio de la Plata, which will star, in the 19th, two of historical content written by Rosa Guerra and Eduarda Mansilla. The stories presented by the two authors differ in the treatment of the theme and seem to propose different ways of seeing the history and the possibilities of constructing signs of national identity. In this work, I analyze comparatively the two works and the ways in which they turn into fiction an event considered historical. At first, the paper presents some considerations about historical novel and its uses in the nineteenth century. In a second moment, I present a brief review about the myth/history of Lucía Miranda and about the life of the authors Rosa Guerra and Eduarda Mansilla. Then, a comparative analysis of the two novels is presented to establish the points of convergence and divergence between the two works. IntroduçãoInicio com uma advertência de forma a apresentar algumas questões introdutórias que atravessam e fundamentam a análise desses dois romances decimonônicos. Talvez influenciada pela própria forma dos romances da época, que, com certa frequência, traziam esse elemento introdutório como parte de um conjunto de escritos que compunha um paratexto importante nas leituras das obras (MOLINA, 2011), adoto a mesma nomenclatura com finalidade semelhante. Lucía Miranda, Eduarda Mansilla e Rosa Guerra: três mulheres, uma personagem e dois desejos/projetosLucía Miranda, Eduarda Mansilla and Rosa Guerra: three women, a character and two projects/desires
Neste trabalho, analisa-se a obra La mujer desnuda, de Armonía Somers focando na maneira como a autora uruguaia constrói um recentramento do corpo feminino, que, desviando da norma, toma sua liberdade em busca da realização de seus desejos. A análise se dá na forma como a protagonista se relaciona com esse caminho de autodescoberta e também como ela e seu corpo são percebidos pelos outros personagens. As interações geradas por um evento fantástico que reinscreve o corpo feminino a partir de uma trama aparentemente simples de encontros entre personagens permitem entrever práticas de violência e de desejos frustrados que figuram como parte da realidade cotidiana das mulheres.
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