A violência na escola é um fenômeno social. Para tornar-se objeto de pesquisa, esse fenômeno deve ser definido pelo pesquisador. Ademais, uma boa parte do esforço de pesquisa consiste em definir do que se fala. Este artigo analisa a maneira como os sociólogos franceses abordam a questão da violência e as distinções conceituais que eles propõem: a violência na escola, à escola e da escola; a violência, a agressão, a agressividade; a violência, a transgressão, a incivilidade, etc. Por baixo da violência como sintoma, é necessário estudar a tensão engendrada, ao mesmo tempo, pelas relações sociais e pelas práticas quotidianas da escola.
Será que pode ser definida e construída uma disciplina específica, chamada educação ou ciências da educação? O autor apresenta três respostas possíveis. Primeira: os departamentos de educação não passam de um agrupamento administrativo de matérias interessadas pela educação. Segunda: esse próprio agrupamento gera uma especificidade das pesquisas, entre conhecimentos, políticas e práticas. A terceira resposta consiste em apostar em uma disciplina específica. Nessa última perspectiva, são analisados sete tipos de discursos atuais sobre educação: espontâneo, dos práticos, dos antipedagogos, da pedagogia, das ciências humanas, dos militantes e das instituições internacionais. Nesse campo já saturado de discursos, qual lugar para um discurso científico específico? Para responder a essa pergunta, o autor apresenta algumas propostas teóricas e práticas.
Bernard Charlot apresenta como constrói a passagem de seus estudos fundados na teoria da relação com o saber para as pesquisas sobre a educação e barbárie, que contribuem para compreender os desafios da contemporaneidade. Enfatiza, para tanto, as dimensões socio/antropológicas da teoria da relação com o saber e a necessidade de recolocar a questão do homem, do mundo humano e da humanização no centro do debate em educação. Compreende o pesquisador como aquele que identifica e analisa as contradições da nossa sociedade e da escola e, portanto, se interessa pelo sentido que os estudantes atribuem à vida, à escola e aos estudos. Desse modo, para o autor, a narrativa nos estudos com a teoria da relação com o saber contribui por propiciar os conteúdos dos discursos produzidos pelos participantes da pesquisa. Por fim, ele questiona os modos de fazer pesquisa nos quais os resultados são meras descrições das narrativas singulares. Considera importante que, a partir das análises de tais narrativas, haja um aprofundamento teórico, para a construção de respostas às suas questões como pesquisador, o que pressupõe a produção de conhecimento a partir da identificação de processos que permitam a compreensão de outros casos singulares.
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