O feminismo negro no Brasil vem conquistando espaços tanto no âmbito acadêmico quanto social, promovendo debates, releituras e autocríticas aos retrocessos no campo dos direitos sociais, ao mesmo tempo em que busca desarmar as estruturas eurocêntricas de representação do povo negro, descolonizando a iconografia pejorativa em torno da sua ancestralidade historicamente marcada pela sociedade racista, hetero-patriarcal, misógina e capitalista. Assim, este artigo procura discutir as infâncias e as relações raciais e de gênero no espaço da educação infantil, pressupondo que esse é um lugar de escuta, de diversas linguagens, bem como de valorização de saberes produzidos para além da colonialidade. Trata-se de uma pesquisa construída na intersecção entre os aportes africanos e afro-brasileiros, pensamento feminista negro e a perspectiva ubuntu que tem como foco o coletivo, buscando a ampliação das nossas percepções a respeito da sororidade e da educação dos bebês e das crianças pequenas, com vistas à construção de uma pedagogia da infância descolonizadora.
O presente artigo trata de uma proposição transversal altercientífica que nos instiga em busca de entrelaçar linguagens e construir algumas reflexões para retratar narrativas outras e saberes construídos no eixo Sul Global. Uma produção coletiva que escancara portas para tantas outras discussões e que há tempos já toma forma no discurso da população em geral, principalmente dos/as pessoas negros/as e indígenas, que se veem representados/as nas narrativas contemporâneas. Como um movimento de luta e reivindicação de justiça frente ao epistemicídio e a necropolítica que destrói formas de conhecimentos, culturas e vidas que não são assimiladas pela colonialidade do Ocidente branco, propomos uma práxis educativa pautada na diversidade respeitando-se às diferenças, de maneira a produzir forças para os enfrentamentos cotidianos, a promoção de mudanças na forma de se pensar/realizar a Ciência, a Educação, com vista à mudança de compreensão dos sujeitos e do mundo.
O ato de desenhar constitui uma das expressões singulares do protagonismo infantil, reverberando a experiência de vida pela qual as crianças materializam e compartilham suas indagações frente ao mundo, atividade criadora que traz a complexidade das relações experienciadas na convivência entre elas e entre elas e com os/as adultos/as, estilos de vida e práticas culturais que deixam as marcas de sua presença. Essas marcas de experiência, por sua vez, são rastros que carregam representações que nos contam pensamentos e interpretações do que é ser uma menina ou um menino, negro/a ou branco/a e filhos/as da classe trabalhadora. Com base nos desenhos de meninas e meninos, negros/as e brancos/as, com idade entre 8 e 9 anos, procuramos compreender como as crianças do ensino fundamental concebem as infâncias vivenciadas na periferia da cidade de São Paulo – Brasil. Ao tomarmos os desenhos infantis como fonte primaria da pesquisa, os conceituamos como artefatos culturais e documentos históricos, que podem contribuir para que se reconheçam as culturas infantis expressas nos traços, símbolos e cores das criações das crianças, permitindo-nos assim pensar este momento da sociedade, com suas especificidades históricas, e as suas marcas de gênero, raça e classe social. Trata-se de uma análise interpretativa, pautada na antropologia, sociologia e pedagogia da infância.
Este artigo procura realizar algumas reflexões sobre os gestos de resistência e transgressões de meninas de 7 anos de idade contra as normatizações machistas hetero-patriarcais que impõem determinadas posturas, execução de brincadeiras e restringe o uso de espaços sociais para os diferentes sujeitos. Trata-se de uma pesquisa realizada na escola, nos anos iniciais do ensino fundamental, construída com base no pensamento feminista e os estudos da criança e da infância, buscando a ampliação de nossas percepções a respeito das culturas infantis produzidas pelas crianças que com suas práticas, experiências, criações, invenções e movimentos tensionam as tramas do sexismo e machismo presentes na sociedade.
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