A conservação da biodiversidade no Brasil, tanto terrestre quanto marinha, baseia-se em modelos de parques nacionais e outras modalidades que excluem os povos e comunidades tradicionais que habitam esses espaços. Essa exclusão não é somente física, resultado de pressões para que emigrem, mas também sociocultural, com a proibição de atividades de pequena agricultura, pesca, artesanato e, sobretudo, a negação dos saberes tradicionais sobre a biodiversidade, que o Estado diz proteger. Essa negação é visível quando as comunidades tradicionais moradoras raramente são chamadas para colaborar na elaboração dos “planos de manejo” que definem os diversos espaços de uso e não uso dentro dessas unidades. Essa exclusão faz com que o Estado perca aliados fundamentais para a conservação da biodiversidade. O presente texto procura analisar o papel dos conhecimentos e práticas tradicionais das comunidades moradoras desses territórios nos planos de conservação da biodiversidade, que é fundamental para a conservação democrática e includente de áreas protegidas. Esse modelo é chamado aqui de “etnoconservação”.
The case of Brazil Le rôle de l'ethnoscience dans la mise en place de l'ethnoconservation comme nouvelle approche pour la conservation de la nature dans les tropiques : le cas du Brésil Antonio Carlos Diegues The role of ethnoscience in the build-up of ethnoconservation as a new approa...
A SÓCIO-ANTROPOLOGIA DAS COMUNIDADES DE PESCADORES MARÍTIMOS NO BRASIL Depois de um breve histórico das actividades pesqueiras no Brasil, ressaltando o papel dos pescadores portugueses no Brasil-colónia, o artigo assinala a importância das ciências sociais, particularmente da sociologia, da antropologia, da história e da geografia na análise das comunidades de pescadores ao longo do litoral brasileiro. Finalmente, o autor discute a existência de um campo novo de pesquisas interdisciplinares nas ciências sociais em torno da temática das comunidades piscatórias, que poderia ser intitulado de sócio-antropologia das comunidades de pescadores marítimos e que visa o estudo dos grupos sociais que vivem natural e simbolicamente do mar e da pesca.
Este artigo busca caracterizar as atividades tecnológicas desenvolvidas no pólo de tecnologias de informação e comunicação (TIC) da região de Campinas, identificando as interações entre agentes e instituições locais. O artigo analisa o desenvolvimento tecnológico do pólo em dois períodos: ao longo da década de 1980 até meados dos anos 1990, e no período pós-privatização. Assim pode-se analisar as transformações que o aprendizado tecnológico e inovativo local sofreram devido à desestruturação do Sistema Telebrás e à consolidação de um novo arcabouço institucional (Lei de Informática). Tal análise permite afirmar que essas transformações não significaram o fim dos esforços tecnológicos formais. Os investimentos em atividades tecnológicas e inovativas efetuados nas empresas e nas instituições de pesquisa da região foram mantidos, ainda que mediante transformações. Essa constatação mostra que as atividades de importantes laboratórios, departamentos de P&D ou institutos de pesquisa vinculados às empresas de TIC locais são, em grande medida, resultado da existência de um arcabouço institucional de fomento.
O quadro ambiental mundial tem sido motivo de preocupação de diversos segmentos da sociedade. Diantedeste cenário, novas concepções vêm sendo adotadas com o intuito de alcançar uma proteção efetiva danatureza, as quais geram amplas discussões em diferentes esferas políticas, presentes do nível local aoglobal. Estas questões passaram a abranger as populações tradicionais e seus respectivos conhecimentospor meio de uma nova perspectiva chamada de etnoconservação, a qual procura associar a conservaçãoda natureza com os conhecimentos tradicionais e manejo dos recursos naturais que proporcionam. Aetnoconservação é uma das especialidades da etnociência, que desenvolve trabalhos que abrangem desdeelementos da linguística até aspectos culturais e biológicos, visando compreender a classificação e significaçãodos recursos e fenômenos naturais. Entretanto, o fato de a etnoconservação estar densamenteassociada com as populações e conhecimentos tradicionais remete à necessidade de aprofundar-se nestesaspectos, a fim de entender os subsídios desta nova abordagem para a conservação dos recursos naturais.
BackgroundThis article aims to discuss the incorporation of traditional time in the construction of a management scenario for pink shrimp in the Patos Lagoon estuary (RS), Brazil. To meet this objective, two procedures have been adopted; one at a conceptual level and another at a methodological level. At the conceptual level, the concept of traditional time as a form of traditional ecological knowledge (TEK) was adopted.MethodAt the methodological level, we conduct a wide literature review of the scientific knowledge (SK) that guides recommendations for pink shrimp management by restricting the fishing season in the Patos Lagoon estuary; in addition, we review the ethno-scientific literature which describes traditional calendars as a management base for artisanal fishers in the Patos Lagoon estuary.ResultsResults demonstrate that TEK and SK describe similar estuarine biological processes, but are incommensurable at a resource management level. On the other hand, the construction of a “management scenario” for pink shrimp is possible through the development of “criteria for hierarchies of validity” which arise from a productive dialog between SK and TEK.ConclusionsThe commensurable and the incommensurable levels reveal different basis of time-space perceptions between traditional ecological knowledge and scientific knowledge. Despite incommensurability at the management level, it is possible to establish guidelines for the construction of “management scenarios” and to support a co-management process.
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