Fundamentada no aporte teórico dos estudos de gênero, esta pesquisa efetivou-se através da realização de entrevistas com 21 mulheres atletas e ex-atletas atuantes nas funções técnicas e diretivas no esporte de Portugal. Emergiram três unidades de significados cuja análise permite identificar avanços na ampliação da participação das mulheres no campo esportivo, ainda que, para que se mantenha, seja necessário que as mulheres diversifiquem funções e aceitem condições de trabalho diferenciadas daquelas oferecidas aos homens. Rejeitando a posição de vítimas, as entrevistadas transformam as assimetrias em desafios e sugerem ações para incentivar, ampliar e consolidar a participação feminina em todas as esferas de competência esportiva
Analisamos como são produzidas e se produzem as Musas Fitness, mapeando suas estratégias para interpelar seguidores/as, entendendo as relações estabelecidas entre as arquiteturas corporais e o consumo. Nesta etnografia virtual, acompanhamos nove mulheres no Instagram por três meses, utilizando a observação e a captura de fotografias e textos. Os resultados apontam para diferentes investimentos na produção de arquiteturas corporais pela via do consumo direcionada à exposição dos corpos; a exibição pública da intimidade; a relação entre bens, serviços, produtos como condição à felicidade. As imagens performáticas de suas vidas espetaculares alimentam a obsessão por um cotidiano irretocável, cujos ruídos e seduções ancoram a promessa infinda de que o consumo dos produtos anunciados envolve o acesso aquele festejado estilo de vida. Assim, somando likes, acumulando seguidores/as, participando de eventos, comercializando produtos, as Musas Fitness reiteram constantemente o imperativo da tríade corpo-consumo-felicidade.
As práticas corporais e esportivas têm se mostrado, há muito tempo, como um espaço no qual se pode identificar a expressão de diferentes feminilidades.1 Não é recente a aparição de mulheres cujos corpos e subjetividades tencionam representações culturalmente construídas para o feminino, o que não implica afirmar a 1 O título do artigo está livremente inspirado em Maria de Lourdes BORGES, 2005. ANGELITA ALICE JAEGER E SILVANA VILODRE GOELLNER 956 Estudos Feministas, Florianópolis, 19(3): 955-975, setembro-dezembro/2011 inexistência de árduas demandas em busca de reconhecimento e aceitação.Dentre as inúmeras práticas corporais e esportivas possíveis de observar tal afirmação, destaca-se o fisiculturismo, fundamentalmente, pela presença absolutamente visível das marcas que a potencialização muscular inscreve nos corpos das atletas e praticantes.Desde meados do século XX a espetacularização e a disseminação do culto ao músculo atravessam diferentes classes sociais, idades, raças, sexos e culturas, e, diante dos investimentos contemporâneos na aparência, o músculo trabalhado, tonificado e volumoso assume uma posição central na construção de corpos cada vez mais elaborados e hipertrofiados. Tal investimento inscreve-se na exposição de contornos meticulosamente fabricados cuja exibição conta com o uso de diferentes artifícios, tais como roupas justas, maquiagem, depilação e uso de colorantes corporais e adereços.Ainda que bastante presente no cenário urbano, a potencialização muscular não é uma prática corporal isenta de interrogações e/ou receios, principalmente quando a musculação 2 e/ou o fisiculturismo 3 são praticados por mulheres. Em diferentes artefatos culturais e mesmo na fala de mulheres e de homens, são recorrentes as preocupações em relação ao nível de extrapolação do volume muscular, que, não raras vezes, assume tons temerosos, pois é identificada como uma prática que pode colocar em questão a feminilidade de quem a vivencia.Na esteira dessa representação as atletas e praticantes de fisiculturismo, ao construírem corpos que capturam olhares pelo volume muscular, são constantemente chamadas a investir em atributos que indiquem a garantia daquilo que os seus audaciosos corpos teimam em desestabilizar, ou seja, uma feminilidade normalizada inscrita numa representação singular de gênero.Na contramão dessa perspectiva, buscamos, neste texto, visibilizar o corpo muscularmente potencializado como expressão de uma feminilidade não normalizada, ou seja, partimos do pressuposto de que essa arquitetura corporal coloca em tensão as representações binárias e biologizadas de gênero. Para tanto, analisamos as relações produzidas entre a potencialização muscular e as representações de feminilidades que emergem em discursos e imagens presentes no campo esportivo, mais especificamente, no entorno do fisiculturismo.Para perseguir os fios condutores que permitiram tencionar essa temática, buscamos sustentação teórica e metodológica nos estudos culturais 4 e em vertentes do feminismo pós-estruturalista, especialmente naquelas ...
Resumo: Analisamos as interfaces entre o bullying e as relações de gênero no contexto escolar, identificando essa manifestação entre 95 meninos e meninas de 4ª a 8ª séries de uma escola pública. A triangulação dos dados foi constituída por um questionário respondido pelos/as estudantes, observações do contexto escolar e conversas informais com a equipe diretiva e alunos/as. Os resultados apontam que o bullying se destaca através da agressão verbal e seus protagonistas são, em sua maioria, do sexo masculino. As representações de gênero que permeiam o cotidiano dos estudantes evidenciam que meninos e meninas são educados de modos diferentes. Abstract:The aim of this study was to analyze the interfaces between bullying and gender relations in the school context. We found it in 95 boys and girls from 4 th to 8 th grade in a public school. Data triangulation consisted of a questionnaire answered by students, school context observations and informal conversations with management staff and students. Results showed that bullying happens through verbal aggression and its protagonists are mostly male. Gender representations that pervade the daily lives of students show that boys and girls are educated in different ways.Resumen: Analizamos las interfaces entre el bullying y las relaciones de género en el contexto escolar, identificando esa manifestación entre 95 chicos y chicas de 4º a 8º años de una escuela pública. La triangulación de los datos fue constituida por un cuestionario contestado por los/las estudiantes, observaciones del contexto de la escuela y charlas informales con el equipo directivo y alumnos/as. Los resultados señalan que el bullying se destaca a través de la agresión verbal y que sus protagonistas son, en su mayoría, del sexo masculino. Las representaciones de género que permean el cotidiano de los estudiantes evidenció que chicos y chicas son educados de modos diferentes.
Resumo: Esta pesquisa analisa as relações de gênero e a construção da docência masculina na Educação Infantil (EI), compreendendo como se dá a escolha e a inserção desses professores homens nessa etapa da educação escolar. A ancoragem teórica apoia-se nos Estudos de Gênero, e a abordagem de pesquisa é qualitativa. Foram entrevistados três professores homens, oriundos de diferentes municípios do Estado do Rio Grande do Sul e que estavam atuando em escolas de EI. A partir das análises, constatamos que os homens enfrentam dificuldades ao optarem por essa profissão normalizada como feminina. Apesar disso, alguns homens resistem, negociam e se mantêm nessa atividade, demonstrando que as masculinidades são múltiplas e plurais, construídas em meio aos desafios e possibilidades que a docência em Educação Infantil produz.
RESUMOEsta pesquisa tem como objetivo analisar como estudantes e supervisoras participantes do subgrupo Educação Física do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência da Universidade Federal de Santa Maria compreendem temas afetos às relações de gênero e de sexualidade. O estudo inscreve-se na abordagem qualitativa e contou com a colaboração de vinte estudantes e quatro docentes supervisoras das escolas envolvidas no Programa. Como instrumento de captação de informação utilizamos um questionário contendo dez perguntas abertas, as quais indagavam sobre conhecimentos, percepções, ações e importância atribuídos às questões de gênero e sexualidade no contexto da escola em que atuavam. As respostas obtidas foram sistematizadas a partir dos escritos mais expressivos e seus resultados apontam que existe uma associação entre os conceitos de gênero e sexualidade cujas explicitações mantêm forte relação com aspectos biológicos do corpo e estão assentadas quase que exclusivamente em normas heteronormativas.Palavras-chave: Educação Física.
Esta resenha se propõe a apresentar aspectos destacados do livro “Gênero e Mulheres no Esporte: História das Mulheres nos Jogos Olímpicos Modernos” do Fabiano Pries Devide. Dialogando com diferentes perspectivas teóricas, o autor apresenta a trajetória das mulheres no esporte de rendimento, enfatizando lutas e conflitos num meio marcado pela hegemonia masculina. Perpassa todo o seu texto um convite aos profissionais que se interessam pela temática para que se debrucem sobre ela, investigando-a. Nessa direção, destaco que os estudos de gênero ancorados numa perspectiva pósestruturalista buscam desnaturalizar concepções e borrar fronteiras entre o feminino e o masculino no singular, enfatizando a constituição de mulheres e homens, feminilidades e masculinidades plurais, provisórias e cambiantes, inclusive no campo esportivo.
Objetivamos conhecer a percepção de estudantes de Educação Física acerca de comportamentos e comentários homofóbicos e heterossexistas presentes na formação profissional, identificando sugestões para torná-la mais receptiva à diversidade de sujeitos. Esta pesquisa mista contou, primeiramente, com 260 estudantes que responderam um questionário que foi analisado a partir da frequência de respostas. Na segunda etapa participaram 19, divididos em 3 grupos focais, cujo conteúdo foi transcrito e submetido a análise de conteúdo com auxílio do software QSRNVivo. Os resultados apontam que é forte a incidência de comportamentos e comentários homofóbicos e heterossexistas entre estudantes, ocorrendo sobretudo entre os homens. Afirmam que os(as) docentes reforçam ou silenciam diante dessas condutas e pouco colaboram para criar um ambiente seguro e livre de preconceitos. Para alterar esse cenário, é necessário cultivar o respeito, problematizar o currículo heteronormativo e oportunizar diferentes ações que envolvam a comunidade acadêmica.
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